Lideranças que escutam com presença e comunicam com coerência são o elo essencial entre cultura organizacional e engajamento genuíno

Lideranças que escutam com presença e comunicam com coerência são o elo essencial entre cultura organizacional e engajamento genuíno

A comunicação interna deixou de ser apenas uma ferramenta de suporte para tornar-se um pilar estratégico das transformações culturais contemporâneas. Segundo o relatório State of the Global Workplace 2023, da Gallup, empresas com comunicação interna consistente e transparente apresentam até 50% menos rotatividade de colaboradores e 21% mais rentabilidade do que aquelas com falhas nesse processo. A PwC complementa: 79% dos funcionários em uma pesquisa global afirmaram que a comunicação clara e aberta é essencial para confiar na liderança e se manter engajado.

Trajano Jr., da Eldorado Brasil: estratégias de vários canais

Esses dados refletem uma mudança de paradigma: comunicar já não significa apenas informar. É criar diálogo, promover sentido e alinhar expectativas em tempos de transformações rápidas e, muitas vezes, disruptivas.

Elcio Trajano JuniorDiretor de RH, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose S/A, enfatiza: “A comunicação interna deixou de ser suporte. Hoje, ela é protagonista da transformação cultural.” Para ele, o RH e a comunicação devem caminhar lado a lado. “Não adianta tentar transformar processos ou implantar novas tecnologias se a narrativa da mudança não for bem construída e vivida no dia a dia. A comunicação não é um acessório — é parte da liderança”, afirma

Ele complementa que, em um ambiente industrial como o da Eldorado Brasil, os desafios são ainda maiores, pois é preciso atingir públicos diversos. “Temos que nos comunicar com profissionais de chão de fábrica, administrativos e lideranças. As estratégias precisam considerar múltiplos canais, mas principalmente coerência. Cada colaborador precisa entender o seu papel no todo”, explica.

Igor Vazzoler, da Progic: olho na reputação

Igor Gavazzi VazzolerCEO da Progic, reforça: “Sem uma comunicação intencional e transparente, não há engajamento possível.” Ele afirma que, muitas vezes, as empresas investem em tecnologia e inovação, mas negligenciam a clareza na comunicação interna. “A falta de clareza não é apenas um problema operacional — é um risco estratégico. Equipes desinformadas ou mal informadas são menos produtivas, menos inovadoras e muito mais propensas à rotatividade”, avalia.

Segundo Igor, a comunicação precisa ser planejada com o mesmo rigor que as campanhas de marketing externo. “Os colaboradores são os primeiros influenciadores de uma marca empregadora. O que e como eles percebem a empresa afeta diretamente a experiência do cliente e a reputação corporativa”, destaca.

Comunicação interna na era digital
Mariá Menezes, da Sankhya: diálogo fundamental

Mariá MenezesDiretora de Pessoas e Cultura da Sankhya, acrescenta que ouvir é tão ou mais importante do que informar. “O que transforma a cultura é a escuta genuína e a capacidade de responder com coerência.” Ela explica que, em processos de transformação, os colaboradores não querem apenas receber comunicados — eles querem ser ouvidos e perceber que suas contribuições são levadas em conta. “A comunicação interna deve ser dialógica. Quando escutamos verdadeiramente e respondemos com ações coerentes, criamos engajamento real e não uma adesão superficial”, ressalta.

Mariá também aponta que as lideranças precisam desenvolver habilidades comunicativas. “Não adianta termos uma estratégia de comunicação corporativa bem definida se as lideranças não forem capacitadas para dialogar com suas equipes. Cada líder é um agente de comunicação dentro da organização”, afirma.

Os três executivos convergem em um ponto central: a comunicação interna não é mais responsabilidade exclusiva de uma área ou departamento. Ela é uma competência organizacional que precisa ser integrada à gestão estratégica.

“As organizações que reconhecem isso colhem frutos: mais inovação, maior retenção de talentos e culturas organizacionais fortes e adaptáveis”, conclui Elcio.

Papel da liderança

Elizabeth, da Vedacit
Elizabeth Rodrigues, da Lesaffre: antecipar desafios

Num cenário onde as mudanças tecnológicas e sociais avançam em ritmo acelerado, a forma como as lideranças comunicam suas visões e estratégias tornou-se determinante para a sustentabilidade e inovação nas organizações. Segundo o estudo Leadership for the 21st Century: Global Trends da Deloitte (2023), 82% das empresas afirmam que os líderes precisam desenvolver habilidades de comunicação autêntica para manter o engajamento e o alinhamento estratégico em tempos de incerteza. Além disso, pesquisa da PwC (Global Workforce Hopes and Fears Survey 2023) destaca que 74% dos colaboradores globais consideram a transparência na comunicação como fator decisivo para confiar na liderança.

Elizabeth Rodrigues, Diretora de RH & CSR da Lesaffre do Brasil, afirma: “Liderar é conversar com clareza e escutar com presença. Comunicação não é apenas transmitir, é criar significado junto com as equipes.” Ela acrescenta que, na Lesaffre, a prática da escuta ativa tem se mostrado essencial para antecipar desafios e reconhecer oportunidades no cotidiano da gestão de pessoas

 

Fabiano Rangel: do discurso à ação

Fabiano Rangel, Executivo de Desenvolvimento Organizacional e Institucional, complementa: “O discurso precisa sair do PPT e ganhar vida na rotina. As equipes percebem quando a liderança só repete slogans sem transformar isso em ação.” Ele ressalta que uma liderança inovadora não se limita a motivar pelo discurso, mas cria contextos onde as pessoas se sentem encorajadas a propor ideias e testar novas abordagens.

Fernanda Dabori, CEO da Advice Comunicação Corporativa, reforça: “A liderança inovadora se expressa não só nas palavras, mas nas escolhas e nos silêncios. Muitas vezes, o que não dizemos também comunica e impacta diretamente a cultura da empresa.” Ela compartilha que a Advice vem investindo em formações para que líderes entendam o poder da comunicação não verbal e da coerência entre discurso e prática.

Fernanda Dabori, da Fundamento: formações para líderes

Elizabeth, Fabiano e Fernanda ilustram como a comunicação autêntica se consolida como uma competência essencial nas lideranças contemporâneas, permitindo não apenas engajar colaboradores, mas também sustentar processos inovadores com transparência e propósito.

As falas e reflexões apresentadas ao longo desta reportagem integram os painéis “Nova conversa – CI como estratégia para transformar a cultura” e “Papo firme — O discurso da liderança inovadora”, durante o Fórum Melhor RH Innovation, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM — Centro de Estudos da Comunicação nos dias 14 e 15 de abril.


Assista ao primeiro dia completo aqui. E, aqui, ao segundo dia.


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