Comunicação interna é o fio que conecta as subculturas

Unir diversidade e preservar a identidade organizacional é o desafio que a comunicação interna enfrenta ao lidar com subculturas, criando laços entre grupos muito diferentes

Por mais que a cultura organizacional de uma empresa seja sólida, com valores e princípios irretocáveis, não dá para imaginar que todos os colaboradores sigam a mesma cartilha com a precisão de um relógio. São centenas de pessoas, cada uma exercendo atividades distintas em setores ainda mais diversos, com realidades muito peculiares. É dessa pluralidade que as subculturas emergem, refletindo as diferentes formas de ver e viver a rotina organizacional. Afinal, como já dizia Aristóteles, “o homem é, por natureza, um animal social”. E é exatamente por isso que a comunicação interna se torna a cola que dá liga a tudo, conectando essas subculturas e garantindo que, apesar das diferenças, todos caminhem na mesma direção.

Subculturas, por si só, não são um problema. Mas, se mal gerenciadas, podem acabar como aquelas famosas panelinhas da escola — formadas por afinidades, mas cheias de ruídos e divisões. Nas empresas, elas surgem do convívio e das experiências compartilhadas entre grupos que enfrentam realidades parecidas. A área de TI, por exemplo, pode ter sua própria subcultura, assim como a alta gestão, que tende a enxergar a organização por uma perspectiva diferente. Até grupos com características demográficas semelhantes acabam formando suas próprias dinâmicas, influenciando a maneira como vivem a cultura da empresa.

Sotaques

Agora, imagine o desafio que o Grupo CCR enfrenta ao lidar com isso tudo, operando em três plataformas de negócios distintas — rodovias, mobilidade urbana e aeroportos — e reunindo empresas adquiridas em diferentes regiões do Brasil. E essa diversidade não é só de sotaques, mas também de práticas e realidades específicas de cada área. Algo que, naturalmente, acaba afetando a dinâmica entre equipes e setores, trazendo diferentes formas de trabalhar, além de perspectivas e estilos de liderança variados.

Comunicação interna e subculturas
Vanessa Chaves, da CCR

Para Vanessa Vieira, diretora de Marca e Comunicação do Grupo CCR, a integração é um dos desafios mais marcantes nesse cenário. “É garantir que essas diferenças não comprometam a sinergia, razão pela qual o tema constitui um dos três pilares fundamentais da Cultura CCR, também conhecida como “Cultura 3 Is”, de integridade, integração e impacto.” Na visão da especialista, a colaboração é o que faz essa diversidade ser uma força para a inovação, sem abrir mão da eficiência e da coesão.

Mas, para isso, a comunicação interna precisa fazer a sua parte, contribuindo para a criação de um ambiente em que todos se sintam seguros para propor novas ideias e dialogar, independentemente da existência de subculturas. “Devemos promover a mensagem de que isso é permitido e desejável, e que todos podem contribuir para que a CCR se mantenha como líder no setor de infraestrutura de mobilidade. Com mais de 17 mil colaboradores, espalhados por 13 estados e mais de 200 municípios brasileiros, essa abertura ao diálogo é fundamental para que a diversidade de ideias e de pessoas possa gerar impactos mais significativos.

Coesão e diversidade

Não é novidade que as organizações são complexas, mas entender essa complexidade sem reconhecer a existência delas é perder de vista uma parte fundamental. Quem faz o apontamento é Camila Lustosa, sócia-diretora na Santo de Casa Endomarketing. Para ela, longe de serem um desastre, as subculturas podem fortalecer a organização ao criar um ambiente flexível, ágil e adaptável, especialmente em tempos de mudança e inovação constantes. No entanto, ela alerta que o verdadeiro desafio surge quando esses grupos se isolam e começam a agir como silos. “Nas pesquisas realizadas pela Santo de Casa nos últimos cinco anos, 95% das empresas apresentaram formação de silos, o que compromete a visão sistêmica da organização voltada para objetivos comuns e consecução da estratégia”, pontua a especialista.

É justamente nesse ponto que a comunicação interna assume um papel decisivo, não apenas unindo as subculturas, mas garantindo que diferentes visões e práticas possam coexistir sem comprometer o todo. “A comunicação interna tem um papel importante no sentido de manter uma unidade com relação à cultura desejada sistemicamente”, destaca Camila, reforçando sua importância em manter o alinhamento em dia. E uma das principais estratégias para garantir essa conexão é o diálogo constante. Dentro do plano de comunicação, vale apostar em grupos de discussão com representantes das subculturas e fóruns específicos. “A ideia é criar sentido e dar valor redobrado a cada mensagem, de acordo com a ótica de cada grupo”, complementa.

Comunicação interna e subculturas
Camila Lustosa, da Santo de Casa

Conector cultural

Se tem algo que a comunicação interna faz bem é conectar pessoas, uma qualidade que no universo das subculturas tem muito valor. Com a estratégia certa, colaboradores de diferentes grupos conseguem falar a mesma língua, sem perder suas particularidades. No Grupo CCR, essa conexão é essencial para alinhar a diversidade dos times aos valores e propósitos da empresa, garantindo que a identidade institucional não só se mantenha viva, mas brilhe. O respeito à “brasilidade”, que representa a riqueza cultural do país, é um componente importante da cultura organizacional – e nem poderia ser diferente.

“A comunicação interna desempenha um papel essencial na valorização das subculturas, estabelecendo uma narrativa que respeita as particularidades regionais e culturais, enquanto mantém um discurso alinhado aos princípios da organização”, explica Vanessa Vieira. Para a porta-voz da CCR, essa mistura de vivências e visões distintas é o que impulsiona a inovação e gera soluções mais eficazes dentro da empresa.

Mas, mesmo assim, integrar as subculturas pode não ser uma tarefa tão simples, ainda mais considerando as dificuldades que a comunicação interna já enfrenta ao tentar alinhar pessoas e grupos distintos. Não adianta apenas ter canais institucionais eficientes, já que muitos dos obstáculos estão ligados à falta de diálogo “face a face”, no dia a dia. Segundo Camila Lustosa, os maiores problemas surgem nas interações entre áreas, gestores e equipes, inclusive entre colegas. “Cem em cada cem empresas têm dificuldades nessa frente”, afirma a sócia-diretora da agência.

Comunicação interna e subculturas
Foto: imagem gerada por IA – DALL·E

Subculturas são estratégicas

Não à toa, apostar nas subculturas como forma de impulsionar o engajamento não é apenas uma opção, mas uma estratégia certeira na comunicação interna. Quando as mensagens conseguem alcançar cada grupo respeitando suas particularidades, os colaboradores se sentem conectados a algo maior, que vai além de suas tarefas diárias. O engajamento vem justamente dessa sensação de pertencimento, da autonomia para realizar suas atividades e, claro, do reconhecimento que todos esperam quando entregam o melhor de si.

Quando o assunto é inovação, Camila Lustosa é clara: integrar as subculturas às iniciativas faz parte do processo. “Ouvir as diferentes subculturas e aproveitar suas diferenças no processo de construção é fundamental”, ressalta, mostrando que essas perspectivas diversas são a chave para decisões mais inteligentes e soluções mais eficazes.

Construção coletiva

E se tem um exemplo inspirador de como a diversidade pode alavancar uma transformação cultural é o Grupo CCR. Vanessa Vieira conta que a nova cultura organizacional foi cocriada há pouco mais de um ano, com os colaboradores atuando como verdadeiros coautores dessa mudança. “Mais de 17 mil pessoas participaram das pesquisas e votações, trazendo suas realidades locais e experiências de vida para o processo”, explica.

Comunicação interna e subculturas
Foto: imagem gerada por IA – DALL·E

O resultado dessa mobilização foi um movimento “profundo, rico e transformador”, que conectou empresa e colaboradores, gerando um engajamento forte, porque cada um deles se via refletido no resultado desse colab. Para Vanessa, o aprendizado foi claro: “a construção coletiva favorece a identificação com os princípios e faz com que as pessoas se sintam genuinamente parte dessa evolução e se reconheçam no processo”.

Integração

Mas como garantir que grupos distintos trabalhem de forma integrada? A resposta envolve uma comunicação interna eficaz e ações que valorizem justamente as particularidades dessas subculturas. Segundo Camila Lustosa, da Santo de Casa, projetos que criam experiências ao longo da jornada do colaborador, refletindo a cultura desejada e respeitando as diferenças entre os grupos, mostram como é possível unir essa diversidade de forma estratégica. Ela também observa que, quando a comunicação interna acerta nesse ponto, a empresa se torna mais dinâmica e preparada para enfrentar os desafios do mercado.

Além disso, o papel da alta liderança não pode ser subestimado nesse processo. E não poderia ser diferente — afinal, são os líderes que inspiram o time e lideram pelo exemplo. Para Camila Lustosa, essa responsabilidade vai além de apenas lidar com as subculturas; trata-se de assegurar que a cultura da empresa seja vivida e praticada em todos os seus níveis. “A alta gestão, que tem abaixo de si gestores e assim por diante, precisa lidar com essa diversidade de forma a respeitar as diferenças, incentivando a leitura e prática dos valores que são inegociáveis à organização, criando um movimento descendente nesse sentido.”

Como equilibrar?

Vanessa Vieira, diretora de Marca e Comunicação do Grupo CCR, completa essa visão, destacando como a empresa equilibra a preservação das subculturas com a criação de uma cultura organizacional coesa — e aqui, a comunicação interna tem um papel fundamental. “Criamos uma identidade visual e um tom de voz consistentes que reforçam nossos pilares culturais, ao mesmo tempo em que respeitamos e valorizamos as diferenças regionais”, ressalta a especialista.

Esse equilíbrio, segundo Vanessa, é o que permite a coexistência das subculturas sem diluir a identidade da empresa, promovendo a integração de forma estratégica. “A comunicação interna precisa garantir que, apesar dessas diferenças, todos os colaboradores estejam alinhados com os pilares da cultura CCR, assegurando uma mensagem clara e coesa que reflita nossos princípios de segurança, transparência, colaboração e respeito incondicional”, conclui. E é justamente essa sinergia que mantém a CC


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