Tecnologia não é vale-tudo

Uso de Inteligência Artificial traz avanços de produtividade e criatividade para os creators, mas esbarra em questões éticas e de direitos autorais, além de banalizar as interações, antes apenas humanas

A tecnologia está mudando tudo nas relações de consumo, economia, negócios, e também no trabalho dos criadores de conteúdo. A Inteligência Artificial (IA) tende a ser uma aliada. E está sendo cada vez mais utilizada na criação de conteúdo para marcas e até mesmo por influenciadores digitais. Mas até onde é válido depender dela? O assunto foi tema do primeiro painel no 13º Fórum sobe Marketing de Influência, ocorridos no sábado (11/5), com acesso gratuito e on-line: “ Inteligência Artificial – Qual o limite para a nova aliada dos criadores de conteúdo“, com Igor Barreto Pereira, criador de conteúdo e estagiário de Marketing da Intel Brasil; Alexsandra Silva, cientista de Dados na Airfluencers; e Thaís Barbosa, gerente de Marketing de Influência na agência AND, ALL.

“A IA ajuda o produtor de conteúdo a criar processos, pois a maior parte do tempo ele trabalha sozinho, com muitas demandas, muita coisa para fazer, como roteiro, produção, edição, contratos com empresas,  agenda, etc”, analisou Igor, iniciando a discussão. “Trabalhando dessa forma”, continuou, enfatizando que ele tem usado essas tecnologias no seu dia a dia: “Você precisa, de pessoas, que tem um grande custo, ou de ferramentas, como a IA, que ajudam a otimizar o processo, acelerando a produção do vídeo, colocando legendas mas rápido, e também na edição no roteiro, neste último caso, pode usar o ChatGPT”.

Uso na pré e na pós produção

“Aqui na agência vemos muito a presença da IA em pré-produção e, principalmente, na ajuda para insights”, destaca Thais, que tem 20 anos de experiência no mercado. Ela explica melhor:”Muitas vezes vem um briefing quadrado por parte das marcas, para os criadores de conteúdo, e este tem recorrido a IA para dar uma pitada, um molho nesse conteúdo, até por conta dele não estar tão inserido no perfil da marca e precisa dessa ajuda para potencializar sua criatividade Ou seja, nessa p arte de pré-produção a IA tem sido muito utilizada no Brasil. No caso da Ginga, tem muito conteúdo já pronto e publicado com IA, mas percebo que aqui no Brasil as pessoas ainda tem certo receio de usar isso no post final”.

Igor complementou firmando que, aqui no Brasil, os creatos deixam bem claro quando estão usando a IA nos seu conteúdos, mas ainda mais na pré-produção e menos no conteúdo final, publicado,

Com base nas pesquisas de sua empresa, Alexsandra avaliou que estão surgindo várias ferramentas baseadas no ChatGPT, portanto a IA surge, por um lado a ajudar na profissionalização dos influenciadores, pois “observamos ainda uma carga de trabalho muito grande por parte creator. Mas nem todas as ferramentas estão num momento amigável de uso”.

“Amigável é a palavra”, concordou Thais, descrevendo que, as que são mais intuitivas e gratuitas, com infinitas possibilidades de uso, tem as versões free e premium. E nem sempre a free oferecem todas as possibilidades. Por uma questão de custo, “Nem todos conseguem pagar essas ferramentas. E isso é um entrave, pois ainda tem muito criador de conteúdo que não ganha 1 mil reais e não vai investir nisso. Mas  a partir de terminado ponto ele precisará de dinheiro para investir no negócio. Hoje ainda não tem muita postagem utilizando IA, e as plataformas estão incentivando isso, principalmente na interação”.

Alexsandra ponderou que muitas dessas ferramentas, desse toolkit, podem ser usadas em muitos mercados, inclusive na área de influência, “mas existem prós e contras. que vai muito além do que o pessoal da OpenAi ou ChatGPT gostam de colocar, dizendo que é tudo uma maravilha e esses produtos irão economizar tempo para os usuários, pois existem problemas. A IA enriquece sim a produção de conteúdo, de forma inovadora, entretanto, ao mesmo tempo, existe uma solidão por parte dos criadores, pelo menos os pequenos, que continuam tendo que fazer quase tudo em suas atividades”.

Essa democratização do acesso, com programas gratuitos e pagos, foi colocado por Igor, lembrando o óbvio, que os programas pagos são os mais completos. “Um dos princípios que a Intel traz este ano é a IA everware, ou seja, a IA em todos os lugares. Até porque a Intel traz estruturas de sofwares e hardwares para IAs, não só nas nuvens, mas também para o cliente final, e propõe economia nos acessos àquelas plataformas. Programas e plataformas open source também estão sendo incentivadas e financiadas dentro desse ecossistema”.

Manipulação

Freepik

Alexsandra lembrou que grandes empresas, como a Meta, já estão testando IA no CRM por exemplo, para os influenciadores, pelo menos para os maiores,  o bot responsivo com IA. Isso deve mudar a interação nas plataformas, pois os robôs irão fazer boa parte do trabalho e induzirão números de interações reais. E os spreads, segundo as plataformas, vem da interação com o público. “Se esse conteúdo for gerado por IA como ficará essa análise?”, questiona, apontando ainda que existe um fator cultural, de cada país, que aceita ou não essa influência artificial nas interações. “O público no Brasil e na América Latina gosta das interações humanas”. E os micro e nanos influenciadores ainda não tem acesso a essas ferramentas e por isso “os orgânicos deles são muito mais valiosos porque é gente falando com gente o tempo todo em suas comunidades”.

Outro ponto importante: a discussão ética na produção de conteúdo estão na mesa com a chegada da IA. “Recentemente a Universal tirou o seu catálogo e dentro do Tiktok, depois fez um acordo e voltou atrás,… música e cinema estarão no centro dessa discussão, pela geração de imagens, de direitos autorais”. Como criador e influenciador, Igor opinou que encara a IA como uma ferramenta, mas sempre coloca na frente o seu lado humano. “É importante para uma interação mais verdadeira”.

As próximas eleições devem ter muito disso, do uso da IA manipulando voz e imagens e, na percepção de Thais, como não se tem uma regulamentação clara a respeito, “ficaremos sem saber se muita coisa divulgada será falsa ou verdadeira”. A bandeira da regulamentação ou auto-regulamentação do mercado fica como uma marca urgente de ser resolvida.


Assista aqui o vídeo completo dos eventos.


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