Pesquisa da Edelman mostra confiança reforçada em ONGs e Empresas

Mídia, governo e economia enfrentam crise de confiança globalmente. Já no âmbito organizacional, é preciso desconstruir o que se sabe sobre confiança

Divulgado recentemente, o Barômetro de Confiança 2023, da consultoria Edelman, mostra índice de otimismo da população mundial acerca das instituições, após levantamento feito com 32 mil pessoas, em 28 países. Confiança em ONGs e empresas está em alta no Brasil, ao passo que, globalmente, as empresas são as mais confiáveis.

Segundo análise da consultoria, as companhias estão sendo pressionadas a ocupar o espaço de governos, como parte de um desequilíbrio institucional. Esse desequilíbrio, somado à insegurança econômica, à desigualdade social e à mídia fragmentada em bolhas de audiência, favorece a polarização da sociedade, que também se reflete no ambiente organizacional.

Brasil está entre os países polarizados, no limiar da polarização severa, com a sociedade dividida sobre temas-chave ligados ao seu desenvolvimento.

Nas empresas, de maneira geral, segundo o estudo, espera-se mais dos CEOs frente aos temas estratégicos das companhias e de forte impacto na sociedade como um todo. Lideranças são chamadas a se posicionar com mais transparência e clareza. No Brasil, contudo, CEOs a parecem em terceiro lugar entre os mais confiáveis, atrás de colegas de trabalho e cientistas.

Mídia, governo e economia enfrentam crise de confiança em âmbito global.

Confiança e microgestão

A informação de que colegas de trabalho e CEOs se transformaram em ícones de confiança, apesar de perderem para os cientistas na sociedade, suscita reflexão de gestores de empresas e pessoas. Como aproveitar esta onda e fortalecer as relações de confiança entre membros da equipe e entre os colaboradores e suas lideranças?

A questão se insere no contexto social global, no que diz respeito ao papel social desses indivíduos e ao que esperam uns dos outros, mas também pode ser respondida pelas dinâmicas particulares da organização.

Diversas teorias de épocas, correntes e contextos diferentes versam sobre o tema e são vistas em prática no ambiente de trabalho. Contudo, a que dispõe sobre a responsabilidade individual de quem necessita ser confiável já sacode as empresas. Somada à realidade do trabalho remoto, parece perpetrar as transformações necessárias a um novo esquema de produtividade e relações organizacionais.

 

Richard Fagerlin estará no Brasil em agosto

Quem defende a importância desse olhar no dia a dia atual da gestão é o especialista Richard Fagerlin, Coach executivo e consultor norte-americano, fundador da empresa de consultoria Peak Solutions e autor do livro Trustology: The Art and Science of Leading High-Trust Teams, disponível na Amazon, (Confiançologia: A Arte e a Ciência na Liderança de Equipes de Alta Confiança, em livre tradução). Isso ao passo que outras correntes designam papéis mais bem definidos entre os envolvidos na relação entre quem confia e quem deve ser confiável nas empresas.

A  Teoria do Capital Social, de Robert Putnam, por exemplo, sugere que a confiança é construída e fortalecida com base nas interações sociais e na qualidade dos relacionamentos no ambiente de trabalho. Quanto mais conexões positivas e relacionamentos de qualidade existirem na equipe ou na organização, maior será o capital social e a confiança.

A teoria da justiça de John Rawls aplicada à organização, por sua vez, sugere que a confiança nas relações de trabalho é influenciada pela percepção de justiça dos funcionários em relação às decisões e ações da organização. A confiança é construída quando os funcionários percebem que são tratados de forma justa e equitativa.

Já a Teoria do Contrato Psicológico, do cientista comportamental Chris Argyris, refere-se às expectativas mútuas entre funcionários e empregadores. Quando essas expectativas são cumpridas, a confiança é mantida e fortalecida. Talvez seja essa a que mais se aproxima da abordagem de Fagerlin, ao tratar de expectativas e das variáveis inseridas nessa relação.

Esta última, contudo, é considerada tão difícil de ser aplicada quanto libertadora: “Confiança não se conquista, se dá”, é a máxima do autor de Trustology. Para ele, esperar que o outro conquiste sua confiança e retê-la até então soa egoísta e ineficaz, ainda que esta relação seja estabelecida em parâmetros claros e sob gerenciamento de riscos.

Segundo o consultor, esse é um grande engano que se comete e é possível corrigir evitando o microgerenciamento realizado para impor limites aos relacionamentos e imputar controle. “A confiança é responsabilidade da pessoa que deseja a alta confiança”, brada o especialista em seus artigos, palestras e em sua obra sobre o tema.

Grosso modo, para tornar-se uma equipe de alta performance e confiança, seus integrantes deveriam ter a a compreensão de sua responsabilidade sobre o próprio desempenho, as lideranças deveriam ter paciência e habilidade ao perceber que o resultado não depende de seu controle e, sim, de uma gestão que inspira a mais alta qualidade de seus liderados, atenta ao potencial de cada um.

(Reportagem de Jussara Goyano / Melhor RH)

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Richard Fagerlin estará no Brasil, a convite do CONARH 2023, evento da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), entre 8 e 10 de agosto, e um dos principais encontros do setor.
Ele já figura entre os destaques, com a palestra Becoming a strategic Leader, thinker and value adder: The role HR must play in Organizational Strategy in a Plural World (Tornando-se um líder estratégico, pensador e agregador de valor: o papel que o RH deve desempenhar na estratégia organizacional em um mundo plural, em livre tradução).

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Confiança na mídia será tema de um painel no 5º Fórum de Jornalismo Especializado, Regional e Comunitário, dia 24 de julho, 17h04 – 17h44, no painel: Acredito em você? Como reconstruir a confiança do público na imprensa, com a presença de Angélica Consiglio, da Planin; Rafael Silveira, do Grupo O Povo; e Felipe Payão, da Tech Mundo.

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