Inspiração e criatividade motivam os novos negócios digitais de origem caseira

Painéis do 12º Fórum sobre Marketing de Influência, ocorrido neste sábado (25) discorrem sobre a relação dos influenciadores com o empreendedorismo, a atração das marcas, e o engajamento com os diferentes públicos

Empreender num negócio digital parece fácil. Basta um celular na mão e uma ideia da cabeça para começar, e uma pitada de sorte para as coisas prosperarem e atrair rios de dinheiro. Uma atividade que costuma iniciar de forma caseira, solitária ou envolvendo familiares e amigos, que pouco a pouco, se der certo, vai caminhando para a profissionalização. A prática, no entanto, contesta esse lugar-comum. Os painéis do 12º Fórum sobre Marketing de Influência (FMI) mostraram que o mundo dos creators, como qualquer outra atividade profissional, exige 1% de inspiração, que é fundamental, mas também os tradicionais 99% de transpiração exigidos em qualquer negócio que inicia. Os depoimentos dos premiados no 5º Prêmio Microinfluenciadores Digitais (PMID)que aconteceu paralelamente aos Fóruns, e destacou empreendedores em 26 categorias, confirma  essa tese.

A cobertura do Prêmio poderá ser conferida aqui no Portal Negocios da Comunicação, em outra matéria. Também divulgaremos um resumo mais completo dos painéis, aguardem.

Os eventos, online e gratuitos, e disponíveis no Youtube, foram uma iniciativa do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação, e Plataforma Negócios da Comunicação.

A 12º edição do Fórum sobre Marketing Influência com o tema “Quais são suas (segundas) intenções?”, discutiu temas relevantes, como como ganhar dinheiro com tais empreendimentos via monetização de conteúdos ou com a parceria com marcas, como está o mercado atual, as plataformas mais eficientes e  outros “pulos do gato” revelados por microinfluencers e especialistas.

A era das pessoas verdadeiras

O primeiro painel do Fórum, com o tema “Caindo na real,”  trouxe reflexões sobre o papel dos criadores em mostrar sua realidade, vivências e pensamentos para criar conexões com o público.

Especialistas do mercado e criadores de conteúdo debateram o valor da transparência e da identificação, o fim da comunicação autocentrada, o entendimento das marcas na construção de discursos sinceros e não tão publicitários e, principalmente, como mostrar a realidade nas redes.

Participaram do painel: Samuel Gomes, escritor e consultor de Diversidade; Denise Coutinho, diretora de Marketing Brasil da Natura e Iasmim Marques, sócia-diretora da Agência We MKT 360. 

“Antes, tínhamos um molde de se fazer conteúdo que não contempla a mim, a minha família, por sermos pretos, periféricos e com vivências diferentes. A liberdade da internet foi construída para que pessoas como eu fossem ouvidas”, destaca Samuel. Para ele, a audiência busca conteúdo de verdade e que se identifique com a realidade.

Iasmin complementa que os influenciadores precisam estar proximo da sua audiência porque se não houver identificação, provavelmente a audiência não irá ficar, afinal cada vez mais o público busca realidade na Internet “As redes sociais mudaram a configuração. Deixaram de existir aquelas pessoas inalcançáveis para surgir as pessoas normais”, pontua

Já Denise, aponta que é necessário cada vez mais realidade por parte dos influenciadores e principalmente as marcas legitimando causas reais e amplificando vozes. 

Influenciadores e empresário

A dúvida de muitos microinfluenciadores, no início da carreira, é quase  unânime: é possível viver exclusivamente da criação de conteúdo? Essa questão foi respondida  no painel “Meu CNPJ na prática”.

Comandado pela criadora de conteúdo, Carol Costa e pela especialista Patricia Montagna Anauate, o painel discutiu as formas de ganhar dinheiro como um criador de conteúdo, como trabalhar seu perfil de maneira profissional nas redes e quais estruturas do mercado ainda precisam evoluir para uma remuneração mais justa.

Patricia aponta que o caminho para viver das redes sociais e como qualquer outra profissão: a capacitação ” O cerne da questão é como profissionalizar e capacitar os criadores os influenciadores para que possam alavancar suas receitas, principalmente aqueles que trabalham sozinho”.

A especialista ressalta que ser MEI (Microempreendedor Individual) é um dos caminhos para que influenciadores possam ter CNPJ e emitir notas fiscais.

Carol, que é criadora de conteúdo há mais de 10 anos, afirma que tem mais chance de crescer quem está mais preparado: “É necessário abrir uma MEI para profissionalizar o trabalho e dar estrutura suficiente para conseguir falar com marcas e empresas de uma forma mais conectada”, explica.

É preciso reproduzir sua realidade nas redes

A pandemia trouxe uma revisão de propósitos da sociedade no geral e isso tem tido impacto direto nas redes sociais: tanto no que se produz e, principalmente, no que se consome. Agora, o público não quer perder tempo, precisa ser cativado e se identificar com o que está vendo nas redes sociais. O tema foi discutido no painel: “Quais são suas (segundas) intenções?”.

Para discutir as novas tendências e formas de produzir conteúdo e a reformulação das métricas nas redes sociais participaram: Duda Lopes, sócia da Planin Comunicação; Ingrid Pereira, coordenadora de Branding do Will Bank e Will Britto, CEO da Agência Carioca Digital. 

Ingrid ressalta que é preciso conhecer o público para conversar com eles. “Nem todo conteúdo que está na Internet foi feito para todos os públicos. Precisa conhecer sobre o que se quer falar e como seu público se conectar com você para, a partir disso, tirar proveito para a produção de conteúdo”.

Will diz que o criador de conteúdo precisa sair do óbvio, em todo momento, para não reproduzir os mesmos conteúdos e trends que estão em outros perfis. “Tem uns perfis de conteúdos que é meio cópia e cola e é preciso mostrar o diferencial”, observa.

Para Duda é preciso saber o que o público quer para que a confiança do público e a verdade do influenciador andem juntas. 

O mainstream já está sendo superado

Houve um tempo em que o público duvidava que canais de TV seriam o único meio de receber informação, assistir filmes e jogos. Nos últimos anos tudo tem mudado, não assistimos séries pela TV e na último Copa do Mundo, muita gente, preferiu ver os jogos das seleções pelo YouTube. Mas, quais os impactos o novo formato de consumo de informações tratará para os creators e para o público? Qual é o papel dos influenciadores no combate à desinformação? O monopólio da comunicação chegou ao fim?

Para responder estas questões Carolina Gutierrez Prado, Head de Comunicação para Latinoamérica da Intel; Bruno Shigemura, gerente de Marketing de Intel Brasil e especialista em Novas Tecnologias da Intel e Mariana Mirrha, sócia da Planin Comunicação participaram do painel: “O mainstream tá diferente”.

Mariana acredita que o monopólio das mídias tradicionais chegaram ao fim, mas não é o fim desses meios, pelo grande espaço que ocupam no cotidiano da população e pela credibilidade que adquiriam durante anos. “É um movimento super importante termos mais canais de comunicação para o público. Esse movimento de tornar mais plural os espaços de comunicação é positivo porque trazemos mais pessoas para o centro do debate”, acredita a empresária.

Caroline lembra que até mesmo para a publicidade era difícil, porque só as grandes empresas conseguiam divulgar sua marca nos meios tradicionais pelo alto custo dos anúncios. Com a Internet é possível que pequenas e médias empresas conseguiam chegar ao público. 

Bruno ressalta que os influenciadores tem que ter responsabilidade com os conteúdos: “Transmitir uma opinião é diferente de um discurso de ódio. Tem que ter responsabilidade com o conteúdo. É importante o influenciador saber quais os valores dele e o que ele está transmitido para o público dele”.

Social Searcher uma tendência

Outro painel do dia trouxe reflexões sobre o surgimento de um novo nicho para creators: o do conteúdo com funcionalidade. No painel: “Social Search: o conteúdo que resolve”, Rogério Enachev, criador de Conteúdo do Canal Louco Por Viagens e Izadora Barros, CEO da SOMOS COMMU, debateram o diferencial estratégico para marcas e criadores que apostam no social searcher (pesquisa de conteúdo gerado pelos usuários) e o impacto desse tipo de formato no engajamento e nas vendas das marcas.

Rogério lembra que passou por várias fases como criador de conteúdo e observa que agora a regra é direcionar o conteúdo para o nicho e entende-lo: “É preciso fazer um conteúdo que agregue e que esteja preocupado com os anseios do seu público porque o caminho para o sucesso passa por aí”.

Isadora afirma que há espaço para todos que querem seguir na carreira de influenciador, porém precisa de autenticidade na criação dos conteúdos: “É a autenticidade que conecta. Quando falamos em nutrir a nossa comunidade é por identificação e que vai atrair o seu público”, sugere a CEO.

Tiktoker quem?

Que o TikTok é o app do momento todo mundo sabe. Mas, o que pouca gente sabe é que por lá é difícil criar identificação e conexão com o conteúdo. Muitos usuários reclamam que parecem estar em um looping eterno e tudo parece o mais do mesmo. 

Este foi o tema do painel:  “Tiktoker quem?”, que contou com a participação de Maria Marques, gerente de Marketing da HypeAuditor; Gabriella Medeiros, criadora de Conteúdo do TikTok e Raquel Masseaux, analista de Comunicação e Marketing de Influência da Embelleze. 

As especialistas do mercado e criadores de conteúdo debatem os caminhos e tendências do TikTok: quais as melhores estratégias para encontrar conexão, a relevância para as marcas estarem cada vez mais presentes nessa rede e a importância de esquecer um pouco do algoritmo na hora de criar conteúdo.

“Durante algum tempo o TikTok praticamente só tinha a mesma coisa”, lembra a tiktoker Gabriella Medeiros, que começou na plataforma durante a pandemia. No entanto, a plataforma tem mudado e está incentivando os influenciadores a criarem novos conteúdos que engajem o público e prendam a atenção de quem acessa o app.

Maria Marques aponta que o segredo do sucesso nas redes é conhecer o seu público alvo. ” O influencer precisa saber quem é o seu público para chamar atenção. Para ser relevante énecessário análise, dados e entendimento e conhecido de quem te acompanha”. 

“É muito difícil se tornar relevante em uma plataforma que é tudo muito rápido, que geralmente não lembra nem quem é o @ da última pessoa”, enfatiza Raquel. Para ela, é preciso entender e nichar o público para se tornar relevante na plataforma.

Mostrando a sua realidade para engajar

Nos últimos anos, o celular se transformou em uma arma poderosa para se expressar e ter voz que até pouco tempo e espaço, que dificilmente teríamos. No painel: “Criando conteúdo e a própria realidade”, as speakers

Priscila Barbosa, idealizadora e diretora-executiva da Autoestima Diva; Joyce dos Santos Tavares, influencer e publicitária da @boraderiocrd e Thamirys Marques, gerente de Conteúdo de Influenciadores da Digital Favela, discutiram o impacto social das plataformas, a importância da valorização de conteúdos que apostam na diversidade e o desafio de chamar a atenção das marcas para as criações que fogem do padrão.

“O celular revolucionou muito as questões sociais dando voz à quem nem sempre teve voz”, acredita Joyce. A influenciadora afirma que através do aparelho conseguiu criarconteúdoss para o YouTube sobre o seu cotidiano, durante a pandemia da Covid-19.

Priscila concorda e destaca que através da tecnologia surgem outras oportunidades: “Eu olho a tecnologia para além do aparelho, vejo como forma de conhecimento e de mostrar minha realidade, coisa que minha mãe e minha vó não tiveram oportunidade”.

Para Thamirys existe uma ânsia de as pessoas contarem suas próprias histórias porque sempre teve outras pessoas para falarem sobre pessoas periféricas, negros “Quando olhamos, urge a necessidade de nos contarmos nossa história”. Salienta a gerente de conteúdo.

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