Dia da Felicidade: idosos e pobres são os mais satisfeitos e notícias negativas não ajudam

Estudo paulista desmistifica a busca pela felicidade e comprova a tese de que só dinheiro não é a solução. Consumir notícias ruins também afeta os humores

Por João Marcos Rainho

O dinheiro traz felicidade? O antigo jargão encontra agora respaldo em pesquisas científicas. E a resposta é não, segundo uma pesquisa feita no Estado de São Paulo e intitulada Mapa da Felicidade, do Instituto Cidades, o maior levantamento do gênero no País. Sua primeira versão aconteceu em 2004 e reeditada agora no Dia Internacional da Felicidade, 20 de março (veja abaixo outras pesquisas internacionais). Por incrível que pareça, idosos e pobres se mostraram mais imunes à infelicidade que outros grupos etários e sociais, inclusive pessoas ricas. Muitos fatores interferem para a sensação de felicidade para as pessoas, como o período de  pandemia da Covid-19, que, além do perigo iminente da contaminação pelo vírus, causou um ambiente de desalento. E ainda tem a questão das notícias negativas, de crimes, desastres e corrupção, por exemplo, que estragam o dia de muitas gente e afeta — segundo apurou outra pesquisa, feita inicialmente em 2019 e reatualizada, pela Universidade da Califórnia, nos EUA — a nossa saúde mental e autoestima.

As empresas tem procurado oferecer maior bem-estar para sua equipe, com ambiente mais saudável e livre de lideranças tóxicas, mirando a produtividade, o combate ao absenteísmo e o desligamento de talentos, e muitas dessas iniciativas foram divulgadas durante os fóruns de Felicidade Corporativa, promovidos pela Cecom – Centros de Estudos da Comunicação, e Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH. O 3º Fórum de Felicidade Corporativa acontece dias 31/7 e 1/8, em evento online e gratuito. Muitas empresas criaram até o cargo de  CHO (sigla em inglês para Chief Happiness Officer, ou Diretor de Felicidade).

No caso da pesquisa do Instituto Cidades, dos entrevistados atuais, 72% disseram ser “Felizes” ou “Muito Felizes”, ante 84% na primeira apuração de 2004. Caiu um pouco. Mas, fazendo um recorte mais apurado, 39% se definiram agora como “Muito Felizes” e foram apenas 25% há uma década. Entre os fatores para melhorar o humor, o otimismo e a fé em coisas melhores, foi citado a “Espiritualidade“. E no oposto, o que for relativo a “Governo”, segundo apontamento dos entrevistados, causa mais tristeza.

Algumas novidades chamaram a atenção: mulheres se declaram mais felizes que os homens, e o índice de felicidade subiu entre os mais pobres, de 6,21 para 6,54 e caiu de 7,79 para 6,53 entre os mais ricos. O que faz supor que a felicidade tem algo de subjetivo. Na edição de 2023, foram realizadas 5.777 entrevistas em 71 municípios.

Quais as causas? São múltiplos fatores. Fatores externos contribuem, como algum tipo de coisa ruim que nos atinge pessoalmente ou no âmbito coletivo. Mas, como cada um reage a essas intempéries é um fator determinante, segundo especialistas. Um dos vilões são as notícias ruins, negativas, conforme comprovaram os pesquisadores norte-americanos, principalmente quando assistimos, ouvimos ou lemos esse tipo de informação no período da manhã, ao tomarmos nosso café. Os meios de comunicação, de jornalismo profissional, evidentemente, não são os culpados, são apenas a ponte, como diz o outro, pois entrou no estudo inclusive as mídias sociais e o inferno das teorias conspiratórias. Tem a ver inclusive com a fascinação das pessoas pelas desgraças. Vejam que os programas de mundo cão, os quais atingem os maiores índices de audiência, em qualquer mídia.

Pesquisas internacionais divergentes

O Brasil está em queda livre no ranking da felicidade WHR (World Happiness Report), iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas) que publica anualmente relatório com a pontuação de cerca de 140 países. O País caiu 11 posições no ranking 2023, referente  ao triênio 2020 a 2022, divulgado nesta segunda (20). Estamos agora na 49ª posição. A  liderança é da Islândia. Em 2015 o Brasil atingiu a posição mais alta nesse ranking: 16º mais feliz no mundo.

Paralelamente ao estudo da ONU, uma outra pesquisa, chamada Global Happiness Study ou Estudo Global da Felicidade, foi divulgada pelo instituto Ipsos. Feita de modo online, com dados de 22 mil pessoas em 32 países, a pesquisa mostra  dados radicalmente diferentes daquela divulgada pela ONU — que pesquisou 137 países.
Segundo o Ipsos, o Brasil é a quinta nação mais feliz do mundo, com 83% dos 1.000 entrevistados se considerando como felizes ou muito felizes. Um ano antes, os brasileiros felizes ou muito felizes haviam
sido apenas 63%. À frente do Brasil  aparecem China (91%), Arábia Saudita (86%), Holanda (85%) e Índia (84%).

Fale a verdade, você é feliz? Já pensou nisso? E o que causa para você felicidade e infelicidade? Seu ambiente de trabalho contribuiu para isso? O que é  possível fazer? No final de julho teremos algumas respostas. Esperamos vocês.

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