Painéis do 2º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelas plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, no início de junho, abordaram aspectos teóricos e científicos da felicidade, tais quais têm sido aplicados em ações institucionais que visem o bem-estar dos envolvidos.
Em um bate-papo conduzido por Edimilson Cardial, Jornalista e Publisher da Plataforma Educação, Gabriel Perissé, professor da Casa Educação, Mestre em Literatura Brasileira, Mestre em Teologia e Doutor em Filosofia da Educação, falou sobre sete tipos de felicidade, abordando construção teórica em torno do tema. Já Gustavo Arns de Oliveira, sócio da consultoria Happiness, abordou, em outro painel, a Ciência da Felicidade, que reúne estudos multidisciplinares sobre como ser feliz individualmente, no trabalho, em instituições diversas.
Dimensões para conhecer
Cardial indaga o professor da Casa Educação sobre felicidade pessoal, tão em voga no momento, ao que Perissé responde: ela sempre foi um tema universal e revisitado constantemente. “A diferença é que em outros tempos, talvez estivéssemos mais felizes ou mais resignados em nossas infelicidades”, brinca, sobre procura frequente sobre o tema no momento.
“Confundimos a felicidade total, plena, com pequenas e parciais felicidades da vida, momentos felizes que todos temos” entende Perissé. Por isso estaríamos insatisfeitos, pois olhamos para esses aspectos pontuais da vida. Essas insatisfações, segundo o educador, são positivas pois nos mobilizam rumo aos nossos objetivos e nos auxiliam no aprendizado de ser feliz.
Esses pequenos aspectos poderiam ser divididos, segundo o educador, em: felicidade fisiológica (bem-estar com a saúde), financeira, relacional (relacionamentos, com amigos, família, etc.), profissional ou produtiva (feliz com a atividade profissional ou produção para a comunidade, intelectual (atividade intelectual prazerosa, como aprender e ensinar, por exemplo), felicidade estética (acesso à arte, valorização da arte), felicidade espiritual (não necessariamente religiosa, mas transcedental). Precisamos aprender a ser felizes em todos esses aspectos, segundo Perissé, destacando, contudo, a importância do aspecto relacional.
“Nós nascemos para nos encontrar com as pessoas”, ressalta. “A premissa de que não podemos ser felizes sozinhos é orgânica, relacional e humana.” Ser egoísta é o grande autoengano da vida.”
Base relacional pode ser o mais importante para o trabalho, admite Perissé. “Se nós não alimentarmos isso e se não tiver respeito mútuo, fica muito difícil montar uma equipe” exemplifica. “Vida do trabalho, por mais pragmática que seja, tem sempre um espaço para colocar o coração.”
Ciência da Felicidade
Em seu momento durante o 2º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, Gustavo Arns de Oliveira explicou que a Ciência da Felicidade tem início quando o psicólogo Martin Seligman assume a presidência da Associação Americana de Psicologia, nos Estados Unidos, em fins dos anos 1990. Ele cria a Psicologia Positiva como um chamado aos psicólogos para abordar o desenvolvimento humano como um todo, incluindo aspectos positivos da vida, e não apenas a cura de doenças.
A grande revolução dentro dos estudos da felicidade, dentro desse movimento, segundo Oliveira, vem do cientista Richard Davidson, que afirmou que a felicidade é uma habilidade e, portanto, pode ser aprendida, aprimorada. “Uma construção consciente, que pode ser feita no dia a dia (…) a partir da nossa autorresponsabilidade”, afirma Oliveira, que entende que um ponto de mudança foi a comunidade científica compreender que a felicidade não é algo externo ao indivíduo, mas algo que depende dele, e pode ser treinado e evoluir ao longo do tempo.
O palestrante também cita Tal Ben-Shahar, professor de Harvard, outro expoente da Psicologia Positiva e da Ciência da Felicidade. Ben-Shahar também enumera, por sua vez, alguns elementos que compõem a felicidade, sendo cinco, no total: físico, emocional, relacional, intelectual e espiritual. “Por aí já temos uma pista do que é possível fazer pelo colaborador”, sinaliza Oliveira.
É preciso cuidar das relações na empresa, ver como é possível realizar a descompressão necessária em relação ao volume e ritmo acelerado de trabalho, que se estabeleceram durante a pandemia. “Esses lugares onde se constroem relações humanas não estão acontecendo”, lembra Oliveira. “Como se constrói isso no home office?”, indaga, como ponto de reflexão para os participantes. O significado para o trabalho também é fator importante, acredita o palestrante.
“Num hospital, o médico só pode salvar uma vida se a fila estiver organizada, o ambiente estiver limpo”, compreende Oliveira sobre a diferença entre dar significado ao que se faz ou encarar atividades simplesmente como algo maçante e repetitivo: todos ali, do profissional de saúde, ao secretário, ao faxineiro, estão contribuindo para salvar vidas. “Muitas vezes isso precisa ser elaborado pela equipe. Precisa ser visto com mais clareza.”
Oliveira finaliza sua apresentação citando estudos e iniciativas no âmbito da coletividade, mostrando que a preocupação com a felicidade é algo global, definitivo, presente em Ocidente e Oriente, inclusive com atenção às suas implicações financeiras e aos drives principais que orientam o investimento em bem-estar nas empresas: produtividade e satisfação do cliente, suscitando transformações culturais. “Hoje em dia se sabe que para cada dólar investido em bem-estar há quatro dólares de retorno”, contabiliza. E cita o Conselho Global de felicidade, que reúne membros internacionais ligados aos setores público e privado e produz o Global Well-being and Hapiness Policy Report, periodicamente, como caminho para inspirar políticas públicas e privadas de felicidade e bem-estar.
(Texto e reportagem: Jussara Goyano/ Fonte: Portal Melhor RH)
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