Boa gestão financeira afeta positivamente a saúde

Educação financeira como forma de promover saúde e felicidade foi destaque de evento promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação

As contas não fecham no final do mês. Dívidas são acumuladas. Gastos supérfluos e outros necessários, além dos emergenciais, colocam famílias numa perigosa bola de neve que pode chegar à insolvência econômica e causar transtornos, inclusive de ordem física e mental. O quadro descrito não tem nada a ver com o desemprego. Essas pessoas são funcionários(as) de empresas de todos os portes, ocupam diferentes cargos, do chão de fábrica até níveis executivos, e manifestam problemas com a gestão do dinheiro. A pandemia, que ocasionou diversas pressões econômicas, fechamento de postos de trabalho, demissões e negócios falindo, colaborou para agravar o quadro de insegurança. Esse tema foi discutido no painel “Saúde financeira, um assunto inevitável”, do 2º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelas Plataformas Melhor RHNegócios da Comunicação, com a participação de Marcelo D’Alfonso, Founder e Investidor Anjo da MD Consulting/Fiter; Gustavo Raposo Vieira, Founder e CEO da Leve, e Simone Beier, Diretora de Recursos Humanos da Cargill.

Gustavo Raposo Vieira, Founder e CEO da Leve; Simone Beier, Diretora de Recursos Humanos da Cargill; e Marcelo D’Alfonso, Founder e Investidor Anjo da MD Consulting/Fiter

“Nos últimos anos, toda a instabilidade pós-pandemia causou angústia e desânimo nas pessoas”, lamenta Simone Beier, da Cargill. A empresa assumiu um papel proativo de ajudar essas pessoas, sem paternalismo, até numa forma de amenizar o impacto no desempenho delas nas suas funções, com tamanha preocupação na cabeça. São 10 mil funcionários. E 1.300 já passaram pela clínica financeira, um projeto que busca ouvir os problemas, de maneira sigilosa, e propor alternativas de soluções. “Desse total de atendidos, 60% relataram impactos na saúde emocional e 20% manifestaram problemas no campo físico”, anotou a gestora. É uma situação preocupante e o papel social adotado pela empresa fez com que o RH criasse ferramentas específicas. O programa de saúde e bem-estar “Essencial para Você” é recente, mas já antes da pandemia englobava iniciativas de educação financeira. É, hoje, um guarda-chuva de parcerias, envolvendo consultores, cooperativa de crédito, previdência privada e outros setores que se envolvem com palestras e outras atividades educacionais.

A clínica da Cargill é o lugar de acolhimento, para ouvir os problemas e propor rumos, para que o funcionário tome consciência do seu papel e assuma uma atitude positiva para enfrentar o problema. “O tema é um tabu e muita gente não gosta de falar que está endividado, mas estimulamos esse diálogo e às vezes uma conversa ajuda a traçar um plano de ação e em outras, buscamos o apoio da cooperativa para prover um crédito mais barato para amortizar uma dívida, por exemplo”

Gustavo Vieira elogiou a atitude da Cargill que seria uma empresa “fora da curva” nesse tipo de iniciativa, pois, admite, existem resistências em tratar esse tema. “Não adianta ter plano de saúde se o funcionário está com um problema no nível básico de sua vida, não consegue pagar as contas do final do mês”, justifica. Ele informa, baseado em pesquisas de sua empresa, que “40% dos colaboradores que atendemos não conseguem pagar pelo menos uma conta com a chegada do final do mês. O problema está sendo notado agora no ambiente corporativo”.

A Fiter é uma empresa de tecnologia, que envolve neurociências para monitorar e promover felicidade, segundo Marcelo D’Alfonso, seu fundador. Foi fundada no primeiro ano da pandemia e hoje possui 30 clientes. “Existe demanda por esse assunto”, atesta. Ele cita, por exemplo, uma universidade particular, cuja inadimplência compromete o futuro do aluno devedor e por isso a instituição deve ter um olhar mais cuidadoso para esse problema. E não se trata apenas de pessoas do topo da pirâmide social. Gustavo lembrou que as dificuldades financeiras acometem pessoas de todos os cargos.

Simone concordou: “Vemos isso aqui na Cargill, existem casos de pessoas na operação e executivos. O desafio é igual para todos: educação financeira, pois tem pessoas com ótimos salários, mas com comportamentos compulsivos para compras”. Muitas dificuldades surgem por questões próprias da linha do tempo de vida da pessoa.

Simone cita o exemplo de uma gravidez, que impacta a vida econômica do casal. Mas seria bom que desde a escola as crianças tivessem contato com esse tema e aprendessem a administrar melhor suas finanças ao longo da vida, aprender a poupar e se planejar para sonhos e contratempos, projeto que já é adotado hoje em algumas instituições de ensino.

Ainda segundo Simone, saúde financeira está baseada em comportamentos. “Não adianta oferecer empréstimos se a pessoa continua a se endividar”. Em algumas situações, é isso que a pessoa precisa, outras vezes, necessita aprender a gerenciar melhor o orçamento pessoal e o doméstico. Tem que buscar ferramentas de planejamento e de autoconhecimento”, recomenda.


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