O mundo foi surpreendido pela Covid-19 em 2020 e, desde então, o assunto dominou a pauta do noticiário ao longo de todo o ano. Porém, passado o susto inicial, setores como o do agronegócio logo começaram a se reinventar e superar desafios logísticos para entregar comida ao Brasil e ao mundo.
Esta é a percepção de Roberto Samora, editor da agência Reuters especializado em agronegócio, e de Tobias Ferraz, jornalista do Canal Rural, que participaram de um bate-papo no painel Ainda tem notícia boa? Panorama das redações além da cobertura da covid-19, no 3º Fórum de Jornalismo Especializado, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação, nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2020.
“Para o agronegócio a pandemia assustou muito no início, porque ele depende muito de outros setores, como transporte e logística. Mas isso no começo”, comenta Roberto. “Logo, o agro mostrou muita competência, até mesmo por questão da maior demanda de alimento, no caso do Brasil com o auxílio emergencial, por conta da pandemia. E também no front externo também houve uma grande demanda de produtos brasileiros no exterior.”
Dois lados
Por um lado, com o câmbio mais alto, a notícia foi ótima para os produtores que exportam suas commodities. Por outro, uma vez que o Brasil importado fertilizantes e defensivos, por exemplo, os custos também subiram para o produtor.
“Essa safra de soja que estamos terminando de plantar agora já está 50% comercializada”, pontua Roberto. “Alguns analistas já projetam que a safra de 2021 será a ‘safra de ouro’, por conta dos preços travados lá no alto. Já os produtores de hortaliça, que não tem muita margem e não conseguem travar preços, sofrem com o câmbio.”
Porém, para Tobias Ferraz, além da demonstração da dualidade dos aspectos do agronegócio, a resposta do agronegócio mostra uma capacidade de reinvenção e adaptabilidade. “Temos uma capacidade de adaptação muito rápida”, diz. “E a pandemia expõe esse lado.”
Meio ambiente e China
Outros fatores expõem os desafios que ainda vêm para o agronegócio. “Na semana passada, vários empresários assinaram um manifesto e enviaram ao presidente da república demandando a preservação ambiental”, exemplifica Tobias. “E outra boa notícia vem da CNA, Confederação Nacional da Agricultura, ressaltando o papel importantíssimo que a China tem para nossa economia, e que o mercado é oportunidade, e não ideologia.”
Roberto Samora acredita que essas arestas vão sendo aparadas, sobretudo pelo poder de negociação de atores como a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, e também pelo entendimento da importância que meio ambiente terá. “A questão ambiental é muito importante para o agronegócio brasileiro”, pontua. “O ministro da agricultura da França já disse que vai apoiar mais os produtores franceses de oleaginosas para ficar menos dependente da importação de países como o Brasil, sobretudo pela questão do impacto ambiental por aqui.” E isso deve ser uma tendência para os próximos para o agronegócio brasileiro.
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