A Associação Nacional dos Jornais escreve, a cada dia, um novo capítulo de uma história de luta pelo jornalismo com liberdade de expressão, liberdade de imprensa, ética e credibilidade. Em quatro décadas, a associação esteve ao lado dos jornalistas para garantir a democracia e, diante do clima político, econômico e social da atualidade, torna-se ainda mais necessária.
Por essa dedicação contínua, a entidade foi homenageada durante o segundo Fórum de Jornalismo Regional e Comunitário. A homenagem mostra que os ideais da associação são os mesmos do Cecom, que promoveu o evento. Em seu discurso de abertura, o publisher Márcio Cardial avaliou o momento paradoxal do jornalismo.
“Ao mesmo tempo que existe um sentimento de luto ao vermos redações cortarem suas equipes, editoras abrirem processo de falência, e o encolhimento contínuo das receitas publicitárias sentimos também que ele nunca esteve tão vivo. Tão necessário. Tão onipresente. Ser jornalista hoje, mais do que nunca, é um ato de resistência”, analisou.
Missão
Resistir é parte do cotidiano da ANJ, que foi representada no evento por seu diretor executivo, Ricardo Pedreira, que recebeu a placa especial e recordou os primeiros passos da associação, em 1979. “Começamos tendo como objetivo defender e promover a liberdade de imprensa. Defender os legítimos interesses dos jornais. Promover a troca de informações entre os jornais”.
Pedreira contou que, no início de tudo havia apenas 10 jornais formando a associação, que tinha sede no Rio de Janeiro. “Hoje, a gente está em Brasília. É importante estar lá fazendo essa defesa, são mais de 100 empresas jornalísticas e a gente estima que essas empresas, no impresso e digital, representem algo como 90% da audiência dos jornais brasileiros”.
Cardial reforçou o pensamento de Pedreira ao mencionar os rumos da profissão e sua função na sociedade. “O compromisso com a verdade, com a informação em meio ao mar de fake news e discursos vazios fortalece o anseio por fazer mais e cada vez melhor. O mundo civilizado se preocupa com o bom caminho do jornalismo sério, que significa, entre tantas coisas, a melhor arma para a defesa da democracia”, afirmou.
Antes da entrega da placa para Pedreira, o público ouviu Eugênio Bucci, cujo pensamento faz eco às palavras-chave do momento: liberdade de expressão. “[a cultura política no Brasil] não assimilou o significado do que é liberdade de imprensa, devido à sua radicalidade. Não assimilou que cabe à imprensa fiscalizar o poder. E é por isso que aparecem esses vícios e esses déficits nas críticas que o poder vem dirigindo à imprensa”, afirmou.
Liberdade
Criada em meio à ditadura militar no Brasil, a associação tem como tradição manter o direito dos jornalistas de trabalharem livremente na apuração e divulgação das notícias. Por isso, se manifestou quando vieram à tona as críticas aos jornalistas que estavam divulgando as conversas obtidas por um hacker e que revelavam uma ação antiética do grupo que compõe a Operação Lava-Jato. Em nota oficial, a ANJ condenou “toda e qualquer iniciativa que vise a intimidar o livre exercício do jornalismo ou pretenda afrontar o direito constitucional ao sigilo da fonte”.
Outra parte dos desafios diários da entidade foi mencionada por seu presidente, Marcelo Rech, em uma sessão especial no Senado Federal, dedicada à associação em seu aniversário. Na ocasião, Rech falou sobre os benefícios da era digital para a comunicação, tanto na criação de conteúdo quanto na facilidade acesso à informação – mas ressaltou os desafios que devem ser combatidos.
“Para romper o círculo vicioso da desinformação das bolhas de intolerância, a saída mais efetiva e democrática é o reconhecimento da comunicação profissional e não o contrário, como pretendem governantes autocráticos, mundo afora, em cercos à imprensa que, de alguma forma, se confundem com a saudável e necessária crítica do trabalho jornalístico”, observou Rech.
O discurso do presidente foi resumido por Pedreira, ao encerrar o agradecimento pela homenagem feita no FJRC: “Jornalismo livre, informação responsável, apurada, com ética, contextualizada, editada com critério é o melhor que a gente pode precisar para o nosso país nesse momento e em qualquer momento. Esse é o papel dos jornais, esse é o papel da ANJ quando completa 40 anos”.