Jornalismo em favor da sociedade

Ao assistir Spotlight – Segredos Revelados, vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2016, notamos a importância do jornalismo e o quanto a profissão pode informar e transformar positivamente a sociedade

Ao assistir Spotlight – Segredos Revelados, vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2016, notamos a importância do jornalismo e o quanto a profissão pode informar e transformar positivamente a sociedade. Assim, inspirado no modelo consagrado pela equipe Spotlight, do jornal americano Boston Globe, o Grupo RBS reúne jornalistas premiados para apurar em profundidade fatos que influenciam a vida dos gaúchos.
Em um setor abalado pela crise, o Grupo RBS veio na contramão ao investir pesado nessa novidade incomum e inédita nas redações brasileiras. “Mais do que nunca, o investimento em jornalismo de qualidade é o que pode fazer a diferença para empresas de comunicação”, diz Marta Gleich, diretora de redação dos jornais do Grupo. Para a Marta, em um cenário de notícias falsas espalhadas pelas redes sociais e de informação rasa e inconfiável, as marcas de jornalismo com credibilidade têm uma ótima oportunidade de crescimento.
Investir em uma equipe exclusiva, enquanto outros veículos demitem profissionais, é um risco que, para o Grupo RBS, vale a pena. “É um desafio e uma responsabilidade muito grandes que temos com nossos públicos. Com as reduções de verbas publicitárias e a crise econômica que o país enfrenta, ajustar custos é uma necessidade. Também ajustamos custos. Mas o investimento em jornalismo tem que ser preservado, ou estaremos cortando nossa missão, nossa essência e nossa razão de existir”, explica.
De acordo com a diretora, neste primeiro mês do GDI, a repercussão junto ao público, de uma maneira geral, e entre os assinantes de Zero Hora, em particular, tem sido excelente. “O GDI, hoje, é um poderoso argumento utilizado pelo nosso call center para busca de novos assinantes de ZH e para a manutenção dos atuais”, ressalta.
O lançamento do GDI foi marcado pela publicação da série de reportagens “Perigo no Prato”, que revelou o uso abusivo de agrotóxicos em hortifrutigranjeiros vendidos na Ceasa. “Ainda em janeiro, devemos publicar outras duas grandes reportagens sobre temas complexos”, completa Marta.
Confira a seguir a entrevista da Marta Gleich, diretora de redação dos jornais do Grupo RBS.

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Marta Gleich, diretora de redação dos jornais do Grupo RBS.

 

Com tantas empresas demitindo e algumas praticamente cortando o time de jornalismo, como a ideia do Grupo de Investigação foi colocada em prática? Qual foi a estratégia pensada para que isso desse certo?

Mais do que nunca, o investimento em jornalismo de qualidade é o que pode fazer a diferença para empresas de comunicação. O posicionamento do Grupo RBS é “Informar para transformar”, e o de Zero Hora, “Perto para entender, junto para transformar”. A partir desses posicionamentos, ter jornalismo que ajude a transformar aquilo que está errado na sociedade é uma obrigação de nossas redações. E vou dizer mais: o público do Rio Grande do Sul espera isso do Grupo RBS. Muitas vezes recebemos apelos do público dizendo: “já procurei todos os órgãos responsáveis, só vocês podem resolver isso!”. É um desafio e uma responsabilidade muito grandes que temos com nossos públicos.

Hoje em dia, não existe mais jornalismo investigativo de verdade, ou pelo menos não tanto. Jornalistas e empresas querem dar a notícia rapidamente, a qualquer custo. Como trabalhar essa questão do imediatismo em um tipo de jornalismo que exige tempo?

Jornalismo investigativo exige mesmo tempo. Algumas reportagens levam meses, até um ano para serem concluídas. Outras vezes, gasta-se tempo em uma investigação que não dá em nada. O investimento de tempo e gente é monumental. Não há como fazer investigação de qualidade sem dedicar recursos para isso. Nossa estratégia é ter um time de repórteres que sai da pauta do dia a dia para se dedicar à investigação. Isso não significa que eles não voltarão para o dia a dia: estar em contato com o que acontece, com a pauta diária, pode ser fonte de ideias e de contatos para uma boa pauta investigativa. Vamos gerenciando esse tempo e esses recursos, com um planejamento de pautas de curto, médio e longo prazos.

Como foi feita a seleção do time de jornalistas?

A grande diferença no nosso GDI (Grupo de Investigação) é que ele é multimídia: formado por repórteres muito experientes e premiados da RBS TV, da Rádio Gaúcha e dos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho. Então temos uma investigação que beneficia todos os veículos e, quando publicamos a reportagem, a repercussão é muito maior, por ser veiculada na televisão, no rádio e em dois jornais. Selecionamos o time criteriosamente. O currículo completo do time pode ser visto no link http://zh.clirbs.com.br/rs/noticias/gdi/.
Carlos Etchichury – editor
Humberto Trezzi – repórter especial de ZH
Carlos Rollsing – repórter especial de ZH
José Luís Costa – repórter especial de ZH
Adriana Irion – repórter especial de ZH
Jeniffer Gularte – repórter do Diário Gaúcho
Cid Martins – repórter especial da Rádio Gaúcha
Fábio Almeida – repórter especial da RBS TV
Jonas Campos – repórter especial da RBS TV
Giovani Grizotti – repórter especial da RBS TV

Qual a análise que vocês fazem desse primeiro mês? E qual a resposta do público?

O lançamento do GDI foi marcado pela publicação da série de reportagens “Perigo no Prato”, que revelou o uso abusivo de agrotóxicos em hortifrutigranjeiros vendidos na Ceasa. Um estudo independente, contratado pela RBS junto ao Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas (Larp), do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria, constatou que nove dos 20 produtos testados (morangos, pepinos, cenouras, alfaces e pimentões) estavam contaminados por agente químico em nível acima do que a lei permite, continham pesticidas não autorizados para o tipo de alimento, apresentavam agente químico proibido no Brasil e até veneno sequer registrado no país.
Após a reportagem, que mostrou também como é fácil obter no Paraguai e no Uruguai venenos banidos no país, o MP e a Polícia Civil instauraram inquérito criminal e a Ceasa anunciou a punição de 18 permissionários.
Publicamos, ainda, com exclusividade, os bastidores da operação PHD da Polícia Federal, que investiga irregularidades na concessão de bolsas para pós-graduação na UFRGS. A investigação da PF surgiu após uma investigação de Zero Hora em parceria com os jornais Gazeta do Povo, Estado de São Paulo, Diário Catarinense e O Globo denunciar o problema.
Ainda em janeiro, o GDI deve publicar outras duas grandes reportagens sobre temas complexos.
A repercussão da criação do GDI junto ao público, de uma maneira geral, e entre os assinantes de Zero Hora, em particular, tem sido excelente. O GDI, hoje, é um poderoso argumento utilizado pelo nosso call center para busca de novos assinantes de ZH e para a manutenção dos atuais. As matérias do GDI podem ser acessadas na página http://zh.clirbs.com.br/rs/noticias/gdi/.

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