Quem será que se importa mais com o futuro da imprensa: o jornalista ou o publisher? Uma ótica romantizada poderia dizer que enquanto um luta pela profissão – e o compromisso com os fatos – o outro busca o lucro. Mas na prática, uma linha tênue tem surgido entre os lados. Enquanto a Inteligência Artificial e os hábitos de consumo das redes sociais seguem forçando uma mudança de estratégia, veículos buscam por iniciativas públicas para o fomento ao jornalismo e a valorização da sua função social. Por outro, o declínio das grandes mídias tem estimulado o empreendedorismo e o surgimento de iniciativas independentes focadas na conexão com a comunidade.
Mas fazer esse link não será missão fácil. Segundo o relatório anual sobre tendências para o jornalismo, feito pelo Instituto Reuters uma reviravolta na distribuição de conteúdo irá marcar o próximo capítulo com a integração de IA aos mecanismos de buscas, a Search Generative Experience (SGE), somada ao declínio acentuado do fluxo nas redes sociais – em 2023, o tráfego para sites de notícias do Facebook caiu 48% e 27% no X, antigo Twitter, de acordo com dados do Chartbeat.
O caminho será construir relações (e canais) ainda mais próximos com o cliente-leitor. Em tempos de conteúdo sintético e desinformação, a confiança será uma ferramenta importante. Neste ponto, jornalistas especializados entram em cena para poder aprofundar pautas regionais, criando ligação com a audiência e demonstrando na prática a importância da imprensa.
Com o propósito de promover reflexões relevantes sobre o futuro do mercado de comunicação, o Cecom em parceria com a Negócios da Comunicação promove o Fórum de Jornalismo Especializado, Regional e Comunitário – A alvorada da produção descentralizada. Jornalistas, publishers e grandes nomes do setor debatem sobre a força do jornalismo nas principais eixos regionais do país, a crescente do jornalismo ambiental e de serviços, a IA como rotina nas redações, o impacto do jornalismo inclusivo e da educação midiática, as políticas de fomento ao jornalismo e o combate às fake news e como fazer reportagens e conteúdos inspiradores em tempos de tecnologia.
PROGRAMAÇÃO – DIA 20 DE MAIO
14h12 – 14h52 | PAINEL 1 (FJE) | Opinião é informação?
O papel do jornalismo opinativo no combate a fake news
O painel aborda o desafio enfrentado pelo jornalismo quando perfis em redes sociais ganham influência de veículos, muitas vezes desfocando a linha entre informação e opinião. Jornalistas e especialistas discutem a responsabilidade ética nesse contexto e exploram maneiras de promover um jornalismo opinativo responsável. Isso inclui a análise da influência dos veículos e jornalistas especializados na opinião pública, o impacto das opiniões enviesadas na percepção da veracidade e na propagação de fake news, bem como estratégias para utilizar o jornalismo opinativo no combate à desinformação e aos discursos de ódio. Também são examinadas oportunidades para fortalecer a confiança nos veículos jornalísticos e canais oficiais de imprensa.
- Diogo Sponchiato, Editor-chefe da Veja Saúde
- Gilberto Scofield Júnior, Executivo de contas e Mentor de projetos jornalísticos digitais
- Vicente Nunes, Correspondente Internacional no Correio Braziliense
14h55 – 15h35 | PAINEL 2 (FJRC) | Inscreva-se para fugir das redes
As estratégias para construir canais (e relações) mais próximas com o leitor
O painel destaca a queda no tráfego de notícias oriundas das redes sociais, como Facebook e Twitter, em 2023. Isso levanta a questão de como os veículos podem assegurar que suas notícias alcancem o público-alvo. Com o fortalecimento dos canais diretos, como WhatsApp, newsletters e podcasts, os veículos têm a oportunidade de levar as notícias diretamente aos leitores, permitindo-lhes controlar os dados da audiência e filtrar o que funciona. No entanto, isso também exige o cultivo da confiança do público e o estímulo do interesse contínuo. O debate se concentra em estratégias para manter os canais diretos relevantes, diminuindo a dependência das redes sociais, e inclui discussões sobre investimentos necessários e métricas essenciais para orientar as ações.
- Bernardo Moura, Diretor Editorial e de Operações do Aos Fatos
- Demetrios dos Santos, Head de Produtos OKN Tecnologia | ANER
- Jean Mannrich, Gerente Executivo Digital na NSC Comunicação e Rádio CBN
15h38 – 16h18 | PAINEL 3 (FJE) | A arte de sujar… o teclado?
Como fazer reportagens inspiradoras em tempos de tecnologia
O painel discute o distanciamento da versão romântica do jornalismo de rua, onde o jornalista investiga diretamente as histórias nas comunidades. Hoje, a realidade das redações é mais voltada para a produção em massa e o foco na audiência, resultando na diminuição das investigações locais e aprofundadas. Os participantes debatem os desafios da originalidade e criatividade na produção de reportagens, considerando o impacto da tecnologia no jornalismo tradicional. Também exploram estratégias para manter viva a arte de contar histórias, incluindo o uso estratégico de ferramentas digitais, o papel das redes sociais na busca por fontes e como o jornalismo pode continuar inspirando o público com narrativas de relevância social.
- Inácio França, Editor e Diretor de Conteúdo na Marco Zero
- Nathalia Tavolieri, Repórter da TV Globo – PROFISSÃO REPÓRTER
- Mariama Correia, Editora e Repórter na Agência Pública
16h21 – 17h01 | PAINEL 4 (FJRC) | Informação sem fins lucrativos
A crescente de políticas de fomento ao jornalismo
O painel aborda a crescente necessidade de apoio às iniciativas independentes no jornalismo, especialmente os veículos regionais e comunitários, que são vitais para suas comunidades, mas enfrentam desafios financeiros. Os participantes discutem a tendência de apoio ao jornalismo, incluindo iniciativas legislativas como o PL nº 2630/2020, que visa regular plataformas digitais e criar mecanismos de financiamento para o jornalismo digital. Também examinam a transição de pequenos e médios veículos para organizações sem fins lucrativos, em busca de apoio financeiro de empresas ou do governo. O debate inclui a viabilidade e os impactos dessas iniciativas, bem como maneiras de implementar projetos de incentivo e como as mídias brasileiras podem se beneficiar dessa transição de modelo de negócio, especialmente no contexto do jornalismo regional e comunitário.
- Marina Parreira Barros Bitar, Assessora de Imprensa do Sistema Fecomércio Sesc-Senac-Tocantins
- Tatiana Dias, Editora Geral da Intercept Brasil
- Vitória Régia da Silva, Presidente e Diretora de Conteúdo na Gênero e Número
17h04 – 17h44 | PAINEL 5 (FJE) | ESG em pauta
O investimento crescente no jornalismo socioambiental
O painel discute o crescente destaque da sigla ESG (Environmental, Social and Governance) nos últimos anos, tanto na sociedade como no jornalismo. Aborda o desafio de conscientizar e educar a população sobre práticas alinhadas às demandas da emergência climática e social, ao mesmo tempo em que promove essa mentalidade dentro dos veículos de comunicação. Os participantes exploram a influência da imprensa na sociedade, a importância de parcerias estratégicas e profissionais especializados no jornalismo socioambiental, e o papel da imprensa na investigação e denúncia de greenwashing. Também discutem oportunidades para empresas e patrocinadores se envolverem com o tema, além de como instituir o ESG dentro das redações, promovendo igualdade de gênero e bem-estar dos profissionais.
- Ilza Girardi, Professora Convidada no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRGS
- Lylian Rodrigues, Docente e Coordenadora do curso de Jornalismo da UniFAP
- Maristela Cispim, Editora-chefe na EcoNordeste e Professora do Curso de Jornalismo da Unifor
17h47 – 18h27 | PAINEL 6 (FJRC) | Conteúdo profissional e autêntico
A união diferenciada entre jornalistas e criadores de conteúdo
O painel discute a crescente fusão de papéis entre jornalistas e criadores de conteúdo, uma tendência para o jornalismo em 2024. Destaca como veículos estão escolhendo jornalistas com uma forte marca pessoal, enquanto influenciadores se tornam fontes de informação para veículos de nicho, regional e comunitário. Os participantes exploram as nuances entre as duas profissões, incluindo a responsabilidade na disseminação de desinformação, os aprendizados que o jornalismo tradicional pode obter com os criadores de conteúdo, a pressão por viralizar e engajar, e como esses modelos de atuação podem coexistir em harmonia.
- Élida Mattos Vaz, Professora e coordenadora de Pós-Graduação na área da Economia Criativa na Universidade Estácio de Sá
- Regina Bucco, Diretora Executiva da ANER
- Samira de Castro Cunha, Presidenta da FENAJ
18h30 – 19h10 | PAINEL 7 (FJE) | A notícia nua e crua
True Crime e a popularização do jornalismo policial e investigativo
O painel aborda o crescente interesse do público brasileiro por conteúdos de true crime, relacionando-o com reações fisiológicas similares às do amor. Discute o investimento de veículos em séries, podcasts e reportagens sobre crimes reais, e questiona se esse sucesso é passageiro. Os participantes debatem como os veículos podem se beneficiar desse interesse e oferecer um serviço à sociedade, além de discutir o envolvimento de patrocinadores. Também exploram questões sobre as vidas que importam para a audiência, como combater o racismo na cobertura policial e o papel dos veículos comunitários nesse contexto.
- Dannilo Duarte, Professor Titular do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESB
- Juvercy Jr, Editor executivo do Jornal O TEMPO
- Paula Passos, Repórter Freelancer
19h13 – 19h53 | PAINEL 8 (FJRC) | Manual de redação dos novos tempos
Como manter o ritmo com micro conteúdo, acessibilidade e gamificação
O painel discute o impacto da inteligência artificial (IA) nas redações jornalísticas, que inicialmente gerou preocupações sobre a substituição dos jornalistas, mas agora requer a criação de novos manuais para orientar seu uso eficaz. Com base em um levantamento do Nieman Lab, da Universidade de Harvard, que identificou pelo menos 21 redações no mundo com guias sobre IA, o debate se concentra nos limites éticos e na aplicação prática da tecnologia para melhorar a produção jornalística. Os participantes compartilham insights sobre os desafios e oportunidades da integração da IA nas rotinas de produção e distribuição de conteúdo, incluindo análise de dados, automatização de processos, novos formatos interativos e gamificação.
- Ana Lucia Selvatici, Consultora de Inovação e Negócios Digitais da Diagonal Minds
- Paulo Leal, CEO do Portal iG
- Paulo Lima, Fundador e Presidente da Trip
PROGRAMAÇÃO – DIA 21 DE MAIO
14h12 – 14h52 | PAINEL 1 (FJE) | Identidade e engajamento
A força do jornalismo de serviços
O painel discute a mudança de paradigma no jornalismo, onde os veículos agora direcionam suas pautas para atender aos interesses da audiência, em vez de ditarem o que está em discussão. Destaca-se o fortalecimento do jornalismo de serviços, onde os leitores desejam conteúdo personalizado que atenda às necessidades de sua comunidade. Os participantes exploram a importância do fortalecimento dos laços com a comunidade, a produção colaborativa, novos formatos e ferramentas para oferecer conteúdo útil e prático, o papel social do jornalismo no desenvolvimento local e o impacto da reputação do jornalista de serviços junto ao público.
- Ana Maria Brambilla, Assessora de Imprensa
- Carlos Peres de Figueiredo, Professor Colaborador do Mestrado Profissional em Economia da Universidade Federal de Sergipe
- Rodrigo Hornhardt, Gerente de integração e planejamento de jornalismo do SBT
14h55 – 15h35 | PAINEL 2 (FJRC) | Equipe no singular
O declínio dos grandes veículos é reversível?
O painel analisa a mudança de hábito na forma como as pessoas consomem notícias, com os jovens preferindo redes sociais e mecanismos de busca em detrimento dos veículos tradicionais. Essa tendência tem contribuído para o declínio desses veículos, enquanto a desconfiança do público também aumenta, especialmente diante do problema das fake news. Os participantes discutem estratégias para revitalizar os grandes veículos, conectar-se com as novas gerações e manter a saúde financeira sem comprometer a qualidade do conteúdo jornalístico.
- Eugênio Bucci, Professor Titular da USP
- Eurico Matos, Professor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV
- Jorge Tarquini, Sócio-diretor da Scribas Produção de Conteúdo
15h38 – 16h18 | PAINEL 3 (FJRC) | Reescrevendo a história
A transformação da imprensa pela mídia nativa digital e independente
O painel aborda o impacto das novas gerações no consumo e na produção de jornalismo, destacando a influência dos nativos digitais na comunicação mais dinâmica e direta. Discute-se o surgimento de veículos independentes com propostas inovadoras, que se diferenciam dos formatos tradicionais em termos de produção de conteúdo, escolha de pautas e rotina de trabalho. Os participantes analisam os modelos de negócio e monetização desses veículos, a construção de comunidades, novos formatos de produção de conteúdo, a interação com anunciantes e as ferramentas de distribuição. Também é explorado como a dinâmica de produção, conhecida como slow journalism, impacta a qualidade e o engajamento do público.
- Emílio Sant’Anna, Repórter e editor freelancer
- Katia Brembatti, Presidente da Abraji
- Maia Gonçalves Fortes, Diretora Executiva da AJOR
16h21 – 17h01 | PAINEL 4 (FJRC) | A alvorada da produção descentralizada
Como veículos independentes tem trazido fôlego e renovação para a imprensa nacional
O painel destaca o papel promissor dos veículos independentes, comunitários e regionais no cenário jornalístico, representando uma luz em meio à crise enfrentada pelo setor. Esses veículos têm a tendência de criar um senso de orgulho e pertencimento nas comunidades, noticiando conquistas locais e divulgando a cultura regional. Espera-se que atraiam financiamento governamental e se tornem centros de debate e criação, fortalecendo a confiança dos leitores. Os participantes discutem os desafios e oportunidades das novas mídias locais, incluindo impactos na economia local, estratégias de monetização, dinâmica com anunciantes e relevância na pauta das grandes mídias com temas regionais. Enfatiza-se a importância da construção de vínculos e identificação com o leitor.
- Denys Grellmann, Sócio e Publisher da 100fronteiras
- Flávia Saad, Head de Conteúdo do Grupo Juicyhub
- Larissa Siqueira Pontes, Diretora Executiva da Inova.aê
17h04 – 17h44 | PAINEL 5 (FJE) | Jornalismo para quem?
Conscientização e práticas para respeitar e incluir a todos
O painel discute a importância da inclusão como uma prática contínua na imprensa, visando conscientização, combate ao preconceito, denúncia e visibilidade. Destaca-se a necessidade de diversidade dentro das redações para refletir o que é debatido na sociedade. Os participantes exploram a responsabilidade social do jornalismo inclusivo, incluindo a abordagem ética e sensível de temas, ferramentas e técnicas para produzir conteúdo acessível visual, auditiva e cognitivamente. Também são discutidos os desafios para uma cobertura jornalística equitativa, o protagonismo e representatividade de grupos sociais e minorias, e como a inclusão é praticada dentro dos veículos de imprensa.
- Bianca Pedrina, Diretora Executiva Operacional no Nós, mulheres da periferia
- Lenne Ferreira, Editora da Afoitas
- Marcelle Chagas, Coordenadora da Rede de Jornalistas Pretos Pela Diversidade na Comunicação
17h47 – 18h27 | PAINEL 6 (FJRC) | O inimigo agora é outro
IA é aliada para processamento de dados e tendências
O painel destaca que os receios iniciais em relação à inteligência artificial na imprensa foram superados, e que ela veio para agregar e não substituir os jornalistas. Agora, o foco está em aprender as melhores estratégias para utilizar a IA a favor das redações e compreender seu impacto na rotina de trabalho. Os participantes compartilham insights e experiências sobre os desafios e oportunidades do uso da IA pela imprensa, incluindo automação de tarefas repetitivas, análise de dados para combater a desinformação, geração automatizada de conteúdo, identificação de tendências e previsão de eventos futuros, além das perspectivas e impactos no desenvolvimento de Redes Neurais Artificiais, Aprendizado Profundo e Processamento de Linguagem Natural.
- Eduardo Tessler, Sócio-Diretor da Mídia Mundo
- Lucas Maia, Diretor de Tecnologia da Agência Tatu
- Rafael Queiroz Silveira, Head de Novos Negócios Jornal O Povo e Diretor de Operações Casa Azul Ventures
18h30 – 19h10 | PAINEL 7 (FJE) | Para ir além do básico
O jornalismo como ferramenta da educação midiática
O painel aborda a falta de conexão das novas gerações com os veículos tradicionais de comunicação, influenciada por pesquisas em redes sociais, conteúdos curtos e exposição às fake news. Destaca-se o desafio da imprensa em apoiar a educação midiática para formar leitores críticos no futuro, compreendendo a função democrática e social da imprensa. Os participantes discutem os caminhos para a integração curricular entre jornalismo e educação midiática, incluindo o uso dos meios de comunicação para promover aprendizado, a criação de pautas e conteúdos direcionados para jovens, o desenvolvimento de habilidades críticas e estratégias para fortalecer a imprensa como fonte confiável de informação.
- Alexandre Le Voci Sayad, Diretor Executivo da ZeitGeist
- Anderson Santana, Co-fundador da Iniciativa Nordeste Rural Conectado
- Daniela Machado, Coordenadora do EducaMídia | Instituto Palavra Aberta
19h13 – 19h53 | PAINEL 8 (FJE) | Candidatos à desinformação
O desafio das eleições municipais frente aos desertos de notícias
O painel aborda o desafio crescente da desinformação nas eleições municipais de 2024, destacando o uso cada vez mais difundido da inteligência artificial na produção de conteúdo falso. Enquanto grandes redações lidam com pressões intensas e esgotamento na verificação de fatos, jornais locais enfrentam vulnerabilidades devido à falta de recursos. Os participantes discutem estratégias para combater a desinformação, incluindo investimentos em treinamento de equipes especializadas, técnicas básicas para checagem de fatos, educação do público sobre a importância da verificação de informações, parcerias locais focadas em dados e ações práticas para fortalecer a confiança do leitor nos veículos de comunicação.
- Daniel Bramatti, Editor do Estadão Verifica
- Franscisco Belda, Diretor de Operações do Projor
- Roseli Fígaro, Professora Titular na Escola de Comunicações e Artes da USP
- Mateus Netzel, Diretor Executivo do Poder360