ESG é viável e a Comunicação pode ajudar

Primeiro dia do 4º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação mostrou alternativas viáveis de implantação do ESG e o papel da comunicação

Nesta segunda-feira (6), aconteceu o primeiro dia do “4º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação — Cooperar pelo futuro“, uma iniciativa do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação.  Foram discutidas alternativas viáveis de implantação do ESG; o papel das áreas de Comunicação e RH; mecanismos de controle e mensuração; o papel das pessoas e das lideranças; segurança de dados; saúde mental; legislação; e iniciativas de cooperação com a sociedade. O Fórum continua nesta terça feira (7). Assista ao vivo.

Na abertura, Márcio Cardial, diretor do Cecom e publisher das plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, lembrou que a cooperação é uma de nossas maiores missões, quando falamos de ESG, porque sozinho não conseguiremos fazer nada. Por isso o subtema do Fórum. “Vivemos em um tempo de fragmentação, pressões econômicas, desconfiança e fadiga coletivas”, continuou. “Ao mesmo tempo, nunca se falou tanto sobre propósito, sustentabilidade, inclusão e responsabilidade. A excelente notícia é que temos uma ferramenta poderosa: a cooperação”.

O caráter multidisciplinar do ESG ficou evidente com as diferentes formações acadêmicas dos profissionais envolvidos com o tema, e não só de humanas, como se costuma pensar. Como, por exemplo, o de engenheiro Almiro dos Reis Neto, diretor da Franquality Consulting, que também foi presidente e atual conselheiro da ABRH. Ele esteve no primeiro painel “Cooperar pelo futuro – a construção de uma cultura sustentável unindo propósitos e pessoas“. “Percebi logo cedo que, além dos processos, não se fazia nada sem as pessoas”, declarou Almiro. E essa questão do ESG, que ficou forte há cerca de 15 anos e continua, segundo ele. “Só tem ampliado, trazendo reflexões para as pessoas e tem sido um caminho cada vez mais relevante nas empresas”.

Atuando em uma empresa familiar, Charmoniks Maria da Graça Heuer, gerente geral de Recursos Humanos na Rede Condor e gestora do Instituto Joanir Zonta, diz que a questão cultural é muito importante. “Não é fácil mudar uma cultura e trazer a questão do ESG, com todas suas letras” [Environmental, Social, Governance – sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança]. O treinamento é uma das estratégias utilizadas por Charmoniks.

Na Votorantim, a realidade é diferente, pois segue uma política internacional de ESG, segundo Andrea Oliveira de Souza, gerente de T&D Global na Votorantim Cimentos. “Temos uma série de compromissos e indicadores”, lembrou.  “Fomos conectando a questão do ESG, que deixou de ser vista como uma área, apesar de existir uma diretoria, mas os valores do ESG permeiam todos os nossos processos”.

A seguir, o painel “Discurso posto em prática – como o RH pode promover qualidade de vida e propósito compartilhado discutiu questões ligadas à saúde. Adriana Cohen, líder de Total Rewards América Latina na Alstom, citou estudo da Oxford, que apurou que as empresas com alto nível de bem-estar tendem a superar índices do mercado. “Em contrapartida, só 22% dos trabalhadores se sentem bem com sua rotina de trabalho. Outro estudo, da Word Happiness Foundation, aponta que os trabalhadores felizes são 14% mais produtivos e têm menos chance de pedir desligamento. E até a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a ansiedade e depressão causam perdas acima de 12 bilhões de dias de trabalho por ano e o impacto de 1 trilhão de dólares”.

Daniel Forastieri, VP de RH da Novelis, criticou o fato de a saúde estar na pauta de muitas organizações, mas, na prática, há uma distância enorme entre o que a empresa diz e a percepção que os funcionários têm. “Esse é um gap muito grande e aí entra o nosso papel como profissionais de RH: incentivar os embaixadores da cultura da empresa e ter cultura coerente”. Danila Cardoso, diretora de Pessoas na Motiva, lembrou que sua empresa não é só feita de asfalto, e sim de pessoas, e são elas que planejam e executam projetos e obras. E assim, temos que colocar em prática o propósito da empresa, para que não fique apenas nas paredes dos escritórios”.

A questão de quem é o responsável pela segurança e veracidade dos dados de relatórios de ESG esteve presente no painel “Quem é o dono”. E assim as organizações têm o “desafio de atender o regulatório”, destacou Sérgio Amad, CEO da Fiter. O Grupo HDI tem a matriz na Alemanha e adota padrões avançados de sustentabilidade e ESG europeus. A legislação europeia exige vários indicadores; 293 deles devem ser apresentados pela unidade brasileira para a matriz. “Por aqui não tínhamos nenhum indicador e, por isso, tivemos que começar do zero”, lembrou Ana Matta, gerente de Sustentabilidade no Grupo HDI. Ela afirma que o RH é a área de governança do ESG na HDI. “Indicadores estão em todas as áreas da companhia, então todas as áreas e todos os funcionários são responsáveis por eles”.

Dani Plesnik, educadora, palestrante e executiva de RH, revelou que o que mais observa no mercado é o contrário do que foi falado aqui, que é a ausência de responsabilidade a respeito do ESG. “Como o RH agrega todos os dados, parece que é a área dona do ESG. O termo para isso é accountability, que é a autorresponsabilidade, e falta um pouco esse senso de coletivo”.

Portanto, a questão é cultural e envolve todos. Por isso a pertinência do próximo painel, que continuou essa discussão, que foi “O desafio de mudar – transformar a realidade começa com a nossa postura, mudança social também é pessoal. “Muitos líderes falam de ESG hoje, mas o exemplo pessoal é o elo mais frágil”, disse Simone Beier, executiva de RH. Para alinhar isso, Antonio Linhares, diretor de Gente no Grupo Energisa, respondeu que “existem alguns gates importantes, um deles é o modelo de liderança, e deve-se fazer um trabalho com esse grupo para traduzir comportamentos observáveis”. E metas atreladas a questões que envolvem o ESG”. Complementando, Rodrigo Dib, superintendente institucional e de inovação no CIEE, avaliou que é preciso fazer “o colaborador sentir na prática tudo isso, cada empresa tem que procurar no dia a dia coisas que cada membro da equipe veja aquilo como uma frente de valor e que seja defendida”. Se for só obrigação de responder a um relatório externo, não se consolida.

O assunto saúde retornou no painel “Saúde mental em risco – como adaptar as novas obrigações da NR-1 e os impactos das políticas de bem-estar na cultura organizacional. Emilio Poffo Neto, gerente de Recursos Humanos na Eldorado Brasil Celulose, declarou que sua empresa já vinha trabalhando com esses riscos antes da legislação. “Temos um programa específico para a saúde mental que trouxe resultados relevantes para a empresa, entre eles, redução de 60% nos dias de afastamento do trabalho por transtornos mentais”. Carolina Pires, especialista de RH em Industrial Relations na Alstom, citou um programa antigo da empresa, com várias iniciativas de cuidados com a saúde mental. “O funcionário tem um atendimento por telefone, serviço disponível 24h por dia, 7 dias por semana, em que pode buscar ajuda para problemas psicológicos e financeiros e ajudou muito a minimizar a questão do absenteísmo, apesar de não ser um programa de saúde mental específico, mas foi base para estruturar um programa desse tipo.” E hoje o gestor já tem esse olhar para identificar problemas na equipe.

“A saúde mental da liderança também deve estar na agenda”, complementou Beatriz Imenes, CEO da Planin. “O líder que não está equilibrado não consegue observar atentamente a equipe”.

O último painel foi “Cooperação da porta pra fora – iniciativas que têm transformado comunidades. Rafael Jaworski, diretor de Gente e Gestão no Grupo Romitex, lamenta o fato de existirem empresas que geram uma comunicação externa muito bonita, positiva de ações e práticas, e pessoas que trabalham lá não sentem esse impacto. “Tudo o que precisamos fazer para a comunidade deve ser feito antes para os colaboradores”. Complementando, Cristina Iglecio, sócia-diretora da Kubix Comunicação e Estratégia, lembrou que “quem está dentro é quem vai contar a histórias”, referindo-se a ações beneméritas das empresas, em que o voluntário pode falar com mais precisão sobre essas ações. Além disso, “o cuidado com as pessoas ganhou muita força nos últimos anos; uma das questões é a comunicação com os colaboradores”.

Falando da importância das ações para a comunidade, que engaja o público interno, Jéssica Trevisam, gerente de Responsabilidade da Motiva, empresa com 16 mil colaboradores, que tem desafio grande para mobilizá-los, diz que “isso significa assumir responsabilidades; construir relações de confiança, tanto interna como externa; conquistar a licença social para operar”. E revelou que tem uma verba de 1 bilhão de reais para transformar esses territórios onde atua, até 2035″.


Assista ao primeiro dia do Fórum. Clique aqui.


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