Revista Manchete volta ao mercado com edição impressa bimestral e multiplataforma digital

Publicação icônica ressurge 25 anos depois de ter sido descontinuada e se concentrará na cobertura do Rio de Janeiro

Primeira edição, capa com a então bailarina do Theatro Municipal Inês Litowski

Uma das revistas de maior tiragem e audiência do Brasil, a Manchete retorna as bancas com um novo projeto editorial impresso e digital, comandada pelo jornalista e empresário Marcos Salles. O objetivo, nesse renascimento, é focar o noticiário no Rio de Janeiro.

Mas como explicar o fim de uma publicação com tamanho prestígio e tiragens surpreendentes no ano  2000? O que isso ensina para a nova geração de revisteiros? E agora, estamos vivendo um renascimento do meio revista? A Manchete – criada em 1952 pelo empresário Adolpho Bloch (1908-1995), que também fundou a TV Manchete em 1997, também extinta teve dois enterros: o primeiro, com visíveis sinais de decadência, principalmente pela má-gestão, foi em 2000, já sem a presença de seu fundador e com a desculpa do avanço dos meios digitais, concorrendo com os impressos.  A editora Bloch faliu, levando com ela seu principal título. Um novo investidor assumiu a revista, sem um plano de negócios sustentável, e teve edições especiais, para não dizer esporádicas, até 2007, data de seu novo fim.

Marco Salles, nova virada da mesa da publicação

Agora Marcos Salles, um ex-funcionário da Manchete que também dirigiu os jornais cariocas O Dia – o qual tirou da falência – e Correio da Manhã, ressurge com uma edição colocando em destaque na capa o empresário Alexandre Aciolly, do setor de entretenimento, academias de ginástica e restaurantes.

“Não abro mão da boa revista, mas também não quero abrir mão das novas facilidades do streaming e demais tecnologias. Sendo assim, o retorno da Manchete vem atender a demanda daqueles conteúdos lindamente ilustrados, porém com a modernidade tecnológica dos tempos atuais”, anunciou Salles, chamando o seu novo modelo de Plataforma 360º. e equipe de 60 pessoas, entre jornalistas, colunistas e pessoal administrativo. Boa parte do time de redação é terceirizado, incluindo a gráfica. A identidade visual clássica, incluindo a logomarca, foram mantidas. Cada edição será vendida por $ 59, 140 páginas coloridas, e presença digital no Instagram, TikTok, Facebook, LinkedIn, e YouTube. O projeto inclui ainda uma parceria com o portal R7 e um programa semanal na TV Max, voltado para o público fluminense. A revista continua a numeração tradicional: esse relançamento em março é a edição 2.540. O comando editorial estará com a experiente jornalista Mariana Leão.

Tradição

Redação da Manchete, em seu período de ouro, sempre com a presença de Adolpho Bloch

Ícone de gerações e referência para o fotojornalismo brasileiro a Revista Manchete já teve em sua redação nomes como Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Manuel Bandeira, Fernando Sabino e Nelson Rodrigues. O título se transformou em uma referência de mercado por 50 anos. Foi lançada em 26 de abril de 1952, por Adolpho Bloch, um ucraniano que fez fortuna no Brasil, dono da Bloch Editores. O slogan – “Aconteceu, virou Manchete’’ também fez história.

A edição número 2.519, de 26 de julho de 2000, com o ator Reynaldo Gianecchini na capa, foi a última edição antes da falência do Grupo Bloch Editores, em julho de 2000.  O recorde de vendas foi a edição da visita do Papa João Paulo II ao Brasil em 1980, com impressionantes 2,5 milhões de exemplares. Grandes tiragens aconteciam também na cobertura e pós-cobertura do Carnaval, que se esgotavam em poucas horas.

Edição especial da visita do então Papa João Paulo II ao Brasil em 1980: 2,5 milhões de exemplares

Contava com colunistas de peso, além de manter repórteres e fotógrafos em várias cidades do país. Dentre as edições especiais e históricas, a Manchete lançou em 21 de abril de 1960, mais de 700 mil exemplares sobre a construção e inauguração da capital. Vendeu tudo em apenas 48 horas.

A Bloch Editores possuía um parque gráfico de 60 mil metros quadrados no bairro de Parada de Lucas, às margens da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. De lá saiam mais de uma dúzia de títulos que marcaram o jornalismo nacional, como Geográfica Universal, Pais & Filhos, Ele & Ela, Sétimo Céu, Amiga, Desfile, Mulher de Hoje, Fatos e Fotos, além de coleções, quadrinhos, livros didáticos e cartilhas para o Mobral, programa de alfabetização lançado durante a ditadura militar.

As redações ficavam espalhadas pelos belíssimos 13 andares do prédio na rua do Russel, que ainda contava com espaçosos restaurantes, salão de festas, suítes, estacionamento, imponente saguão e uma escadaria em tapete vermelho que levava a uma galeria de arte com belíssimas obras do acervo do acionista. No décimo segundo andar, ficava a sala ocupada pelo grande amigo do empresário, o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Em 2002, por meio de um leilão público de marcas, realizado pela massa falida da Bloch Editores, o empresário Marcos Dvoskin, ex-presidente da Editora Globo, arrematou os títulos e criou a Manchete Editora, porém se utilizando do lançamento mensal apenas da revista Pais & Filhos, deixando a marca da Revista Manchete quase adormecida desde então, lançando apenas algumas edições especiais.

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