Todo mundo já se sentiu “falando com a parede” em algum momento da vida, mas, no trabalho, essa frieza certamente não passa despercebida – e nem poderia. Quando as lideranças agem com apatia em relação à equipe, entregando mensagens desinteressadas, o que se perde não é apenas o bom clima, mas o engajamento das pessoas. E é aqui que a comunicação interna pode virar a chave: com empatia e muita estratégia, ela é capaz de transformar impessoalidade em diálogos que inspiram e conectam lideranças e colaboradores, criando um ambiente onde todos se sintam ouvidos e valorizados. Se vale o trocadilho, ninguém se inspira com um iceberg, mas um bom papo pode, sim, mover montanhas.
Esse desafio não é novo, mas, em um mercado cada vez mais competitivo, onde o engajamento é a base para a cultura de inovação, não basta apenas “informar”. Independentemente da idade, os colaboradores querem trocar ideias e experiências, sem cair no “porque sim”. Diante disso, cabe à comunicação interna a missão, por vezes complexa, de mediar esse diálogo com o objetivo de aproximar as lideranças do público interno. E isso exige treinamento, empatia e ajustes na comunicação – no tom e na mensagem – para garantir que o silêncio nunca se torne a única resposta possível.
Comunicação interna é a ponte entre lideranças e liderados?
Não é exagero comparar a falta de diálogo com um barco à deriva: se o capitão e a tripulação não falam a mesma língua, a probabilidade de a embarcação afundar aumenta. No mundo corporativo, isso não é muito diferente, tampouco incomum. Em qualquer empresa, quanto mais os colaboradores interagirem entre si e com seus gestores, maior será a motivação para contribuírem com ideias inovadoras. Mas se esse alinhamento não existir, a comunicação interna precisará construir pontes que alcancem as lideranças, do gestor até o C-level.
Segundo Pollyanna Cavalcanti, diretora de Pessoas, Desempenho e Cultura na Avantia, empresa especializada em tecnologia e segurança, a estratégia consiste em garantir que as mensagens trocadas sejam claras e humanas. “Trabalhamos ativamente para capacitar nossos líderes, ajudando-os a traduzir objetivos estratégicos em mensagens que ressoem de forma humana e engajadora”, reforça. Para ela, comunicar não é responsabilidade exclusiva de uma área, mas um dever coletivo, que ultrapassa hierarquias e setores. Não por acaso, uma das competências centrais desse trabalho é “comunicar para cuidar”, um valor que consolida o compromisso da empresa com a cultura de feedback e o diálogo aberto.
Equilibrando as demandas
Além desse desafio, também pesam na balança fatores como clima, desenvolvimento humano e estratégias de negócio. E, no meio disso tudo, está a comunicação interna, empenhada em humanizar as relações com as lideranças, enquanto lida com as demandas da empresa. Seja por mensagens ou ações concretas, nunca será simples traduzir com clareza esse emaranhado de informações, mas, se bem-feito, os colaboradores certamente ficarão mais confiantes. É o que aponta Felipe Seabra, gerente de Marketing e Comunicação da Imagem Geosistemas. “Humanizar as mensagens é essencial para traduzir objetivos corporativos em narrativas mais acessíveis e conectadas com os valores e as realidades do público”, explica.
Mas, antes de criticar o chefe, vale uma reflexão: nem todos têm facilidade para se comunicar ou são naturalmente abertos ao diálogo – ainda que essas sejam qualidades esperadas de um líder. Por isso, empresas como a Imagem Geosistemas têm investido em capacitação para transformar gestores, supervisores e coordenadores em comunicadores mais autênticos e empáticos. “Criar confiança e reforçar o engajamento são prioridades. Por isso, adotamos práticas como as reuniões ‘Direto da Diretoria’, que colocam a alta liderança em contato direto com os colaboradores. Também realizamos reuniões de resultados abertas, onde compartilhamos os números do negócio de forma clara”, explica. A fórmula pode até parecer simples, mas é a transparência que realmente fortalece as relações.
Padrões de comunicação
Algumas mensagens compartilhadas pelas lideranças, seja durante uma reunião presencial ou por um simples e-mail, chegam a ser tão frias que nem parecem escritas por pessoas. E olha que as máquinas, graças à inteligência artificial, têm evoluído diariamente com base nas nossas interações. Nas empresas, uma comunicação sisuda pode comprometer até as melhores estratégias e calar os colaboradores. Por isso, identificar e corrigir padrões de comunicação fria são passos cruciais para evitar que o ambiente de trabalho se torne gélido e improdutivo. E, novamente, a melhor estratégia para quebrar o gelo envolve práticas contínuas de feedback e o uso estratégico de pesquisas para detectar problemas e promover ajustes.
Na Avantia, a abordagem passa por ciclos de OKR (Objectives and Key Results), um modelo de gestão ágil que define objetivos claros e os principais resultados esperados para alcançá-los. Após cada ciclo, a empresa realiza momentos de reflexão e aprendizado com os participantes, aproveitando ao máximo todas as interações ao longo dessa jornada para identificar oportunidades de melhoria “Esses feedbacks nos ajudam a realimentar o processo de gestão. Também rodamos pesquisas de satisfação após ciclos de desempenho para avaliar a experiência dos colaboradores”, conta Pollyanna Cavalcanti.
Ajustes de conduta
Felipe Seabra, da Imagem Geosistemas, reforça que essas correções exigem uma combinação certeira de ferramentas e práticas voltadas para a escuta ativa, análise de comportamento e cultura de feedback. Por lá, a solução encontrada inclui desde a aplicação da Pesquisa de Clima em parceria com o GPTW (Great Place To Work), que gerou certificações consecutivas desde 2020, até ações mais específicas. “As pesquisas nos permitem fazer uma leitura organizacional completa e promover, ano a ano, ações com impactos positivos para colaboradores e frentes de negócio”, ressalta.
Além das pesquisas, a empresa utiliza canais diretos com a liderança, como caixas de e-mail, espaços privados na intranet e grupos de WhatsApp, para orientar o que e como comunicar. Segundo Felipe, a combinação de feedback qualitativo com canais desse tipo permite ajustar as estratégias em tempo real, garantindo um melhor alinhamento entre todos. Para ele, manter um processo contínuo de capacitação é a chave para garantir uma comunicação interna eficaz entre colaboradores, lideranças e a própria organização. Com essas práticas, os dados se transformam em insights valiosos que alimentam programas internos e tornam as estratégias mais assertivas. O resultado? Lideranças mais próximas e conectadas às pessoas, atuando como o principal canal da comunicação interna na organização.
Objetividade e conexão emocional
À medida que as lideranças se aproximam dos colaboradores, as trocas ganham mais riqueza e autenticidade. Nesse processo, reforçar os vínculos no dia a dia é tão essencial quanto transmitir as mensagens da organização com clareza. E quem disse que esse diálogo não pode ser humanamente objetivo? Quando o discurso inspira e informa ao mesmo tempo, as conexões se tornam mais profundas.
Mas, como bem aponta Pollyanna Cavalcanti, não existe receita de bolo. É aqui que a comunicação interna entra como uma parceira estratégica para ajudar as lideranças a encontrar o tom certo. “Ela ajuda a construir mensagens que equilibrem informações objetivas e um tom mais próximo”, destaca. Segundo a diretora de Pessoas, Desempenho e Cultura da Avantia, esse suporte é crucial para estruturar discursos que reconheçam os esforços das equipes e inspirem confiança, sem deixar de lado a clareza sobre metas e expectativas.
Clareza com propósito
Considerando que as pessoas se comprometem mais quando entendem o propósito por trás de cada ação, Felipe Seabra, representante da Imagem Geosistemas, destaca que o primeiro passo para engajar as lideranças é contextualizá-las sobre as mensagens e o público-alvo. Em outras palavras, tanto o gestor quanto o CEO precisam entender que não são apenas mensageiros, mas os verdadeiros porta-vozes da organização. E isso, se tratando de comunicação interna, vai muito além de definir o que será dito. “A equipe entende quais são os canais mais adequados para divulgação e desenvolve mensagens que sejam claras e estratégicas, mas que também contemplem elementos de conexão emocional, como storytelling, depoimentos, exemplos práticos e um tom de voz adequado”, explica Felipe.
Entretanto, esse trabalho não para na criação das mensagens. Manter um canal aberto entre a comunicação interna e as lideranças é um diferencial que potencializa a construção de roteiros mais personalizados e estruturados. “Uma ferramenta poderosa é o feedback contínuo até o resultado final, onde conseguimos retornos prévios sobre o impacto esperado das mensagens e fazemos ajustes, se necessário”, pontua.
Lideranças comunicadoras
Pois bem, sabemos que a comunicação interna tem muito a contribuir na construção de lideranças mais empáticas e comunicadoras. Porém, muito desse trabalho passa por envolvê-las nessa missão, o que nem sempre é simples. O gestor pode até participar de treinamentos, mas, se não entender o propósito por trás disso, tudo se resumirá a horas trabalhadas. Pollyanna Cavalcanti lembra que as iniciativas precisam ser construídas em conjunto com as pessoas, e não impostas. “Não adianta ter vários programas de treinamento, se os líderes não compreenderem a relevância da comunicação na sua atuação e engajamento das equipes.”
No fim do dia, lideranças que compreendem o impacto de uma comunicação interna humanizada se tornam agentes reais de mudança dentro das organizações. Por isso, antes de lançar qualquer iniciativa, é essencial ouvir, perguntar e ajustar para que ela, de fato, tenha a ver com a cultura da empresa e as necessidades desse líder. Além disso, também vale implementar rituais de interação mensais com os colaboradores e utilizar de dados concretos para demonstrar o impacto desses esforços no engajamento das equipes. E como se costuma dizer: “os números nunca mentem”.
Comunicação é estratégia
Ao longo desse processo – que, convenhamos, é um aprendizado constante –, as lideranças assumem, finalmente, o protagonismo que lhes cabe dentro da cultura organizacional, como destaca Felipe Seabra. Na Imagem Geosistemas, por exemplo, estratégias como o Mapa do Gestor “posicionam a liderança como exemplo e sustento da Cultura, do Clima Organizacional e do desenvolvimento do negócio.” Outra iniciativa poderosa é a realização de encontros regulares entre executivos, onde as lideranças podem trocar experiências, desafios e boas práticas. “Essas interações fortalecem a percepção de que a comunicação é um elemento estratégico para o sucesso coletivo”, reforça Felipe.
Com práticas como essas, as lideranças deixam de ser apenas uma figura hierárquica para se tornarem verdadeiros motores de engajamento, fortalecendo a comunicação interna à medida que se conectam mais com as pessoas. Segundo o porta-voz da empresa, a humanização é um valor estratégico incontestável. “Alinhando cultura e estrutura, as organizações podem não apenas superar barreiras, mas também criar um ambiente em que a comunicação humanizada seja um diferencial competitivo”, finaliza.
🚀Faça parte do universo de comunicação interna
Quer ficar por dentro das últimas tendências e dicas do ecossistema de comunicação interna? 🚀Cadastre-se agora mesmo para receber a nossa newsletter exclusiva do Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com colaboradores!