Navegando para Além dos Programas: A Jornada Contínua da Felicidade de Quem trabalha

O tema Felicidade deve ser considerado para além de programas pontuais com início, meio e fim; ao contrário deve ser tratado como um caminho, singular, contínuo e evolutivo

Por Paola Klee                                                                                                Oferecido por YC – Your Career Future

O tema da felicidade corporativa tem ganhado visibilidade nos últimos anos, impactando significativamente as organizações. Empresas de todo o mundo estão implementando programas de bem-estar, saúde mental e integração para promover a felicidade dos colaboradores. No entanto, esses programas, muitas vezes pontuais, podem não gerar o impacto desejado na saúde, bem-estar e engajamento a longo prazo. Nesse artigo convidamos você a ir além dos programas e embarcar em uma jornada contínua da felicidade de quem trabalha.

Felicidade e ESG: Uma Abordagem Sustentável

Para trabalhar o tema felicidade de forma efetiva, é essencial entender que felicidade, bem-estar e saúde mental são dimensões distintas da sustentabilidade humana. E estes elementos fazem parte da sustentabilidade social, um dos pilares do ESG (Environmental, Social, and Governance). Assim, Programas de curto prazo, trazem condições pontuais com efeitos passageiros e podem não trazer impacto real no aumento da felicidade das pessoas nas empresas. Ou seja, acabam por não gerar de fato o aumento da saúde, bem-estar, retenção e engajamento. Isso pode explicar parte dos recentes movimentos de profissionais no mercado, os quais surgem como ondas com tais como a “great resignation” (grande renúncia), “quiet quitting” (demissão silenciosa) e “grumpy staying” (permanência descontente), que afetam diretamente a produtividade e a moral das equipes.

Em 2022, tais ondas refletiram na demissão voluntária de mais de 6 milhões de brasileiros, conforme revelam dados do Ministério do Trabalho. Frente a esta apuração, ganha ainda mais relevância o tema da Felicidade no Trabalho no panorama nacional, mas para alcançá-la é preciso olhar menos para fora e olhar mais para dentro. Ao invés de buscar referências externas, procurar refletir e alinhar com as pessoas quais ações fazem sentido, a partir da realidade das pessoas.

Compreendendo a Complexidade

Para que isso ocorra, o primeiro passo é compreender qual significado de Felicidade faz sentido para a cultura e para a maturidade da sua empresa e sob a ótica dos colaboradores que a integram. A partir daí buscar simetria entre as inúmeras escalas de medição da Felicidade e a dimensão que se quer medir, considerando esse processo como evolutivo, adaptativo, plural e contínuo.

Dessa forma, precisamos olhar também para as externalidades negativas e eliminá-las. De nada adianta termos ações de promoção da felicidade se nesse mesmo ambiente existem fatores de sofrimento diários sendo negligenciados, em especial aqueles relacionados aos aspectos culturais, ao estilo de liderança da organização e à sua capacidade de construir segurança psicológica.

Indicadores Importantes para a Felicidade 

Uma forma de trabalharmos na mitigação desses fatores é conhecer e analisar alguns indicadores importantes, dentre eles: dados sobre a saúde das pessoas da organização, se estão adoecendo quais são os motivos para isso; a causa raiz de um turnover voluntário; os resultados da pesquisa de clima, com o estabelecimento de planos de ação claros, bem comunicados e elaborados com a participação das pessoas, considerando suas particularidades e singularidades. É necessário também olhar para um aspecto muito importante que é o da baixa eficiência operacional gerando aumento da carga de trabalho, ou ainda a inadequação das habilidades dos times em relação à demanda existente, gerando estresse e conflitos.

Da Felicidade no Trabalho à Felicidade de Quem Trabalha

É importante também compreender que as empresas não fazem ninguém feliz, mas sim criam e zelam pelas condições de felicidade, além de mitigar fatores estressores capazes de gerar sofrimento. A partir daí é necessário que o indivíduo possa deliberar e se comprometer com a sua própria felicidade, pois essa é uma decisão individual, ou seja, acima de tudo é preciso entender que a felicidade é um conceito singular e não coletivo.

Além do aspecto da singularidade é fundamental que possamos trazer uma nova lente para o tema. Falamos muito ainda da Felicidade No Trabalho, mas o local do trabalho, hoje, já está diluído, quando consideramos os modelos híbrido e remoto e o conceito de “work anywhere” — trabalho em qualquer lugar — reforçando a necessidade de não compartimentalizarmos mais a Felicidade. Há urgência em começarmos a falar da Felicidade de Quem Trabalha, porque somos únicos e estamos buscando a felicidade não apenas durante o momento em que trabalhamos, mas em todos os aspectos da nossa vida. Assim, precisamos ir além dos muros organizacionais e dentro de um olhar integral e sistêmico, considerar todas as dimensões do indivíduo se quisermos de fato termos pessoas felizes trabalhando. Considerar a integralidade dos indivíduos que estão atuando em nossa empresa e considerar por exemplo como está o uso do seu tempo, a qualidade da sua vida, são aspectos que compõem esse olhar.

Rumo a uma Cultura de Sustentabilidade Interna

Dessa forma, entendemos que o tema Felicidade deve ser considerado para além de programas pontuais com início, meio e fim; ao contrário deve ser tratado como um caminho, singular, contínuo e evolutivo, no qual, a empresa ao tomar a decisão de iniciar em conjunto com as Pessoas, deve ter a responsabilidade de não o interromper, para que não haja ônus para o indivíduo e consequentemente para a organização.

 

Paola Klee é CEO da YC -Your Carrer Future;  diretora executiva de Pessoas do GT7 – Grupo Todos Empreendimentos

 

 

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