Claudio Abramo completaria 100 anos neste mês e recebeu lembranças e homenagens merecidas de vários órgãos de imprensa. Durante 40 anos atuou na elevação do jornalismo para um patamar de modernidade, atualizando a forma de produzir notícias no Estadão e e na Folha. E influenciou uma geração de profissionais. Morreu dia 14 de agosto de 1987, aos 64 anos, de infarte, e estava em plena atividade, escrevendo para a Folha.
Autodidata, começou sua carreira escrevendo textos favoráveis aos aliados na Segunda Guerra mundial, na Agência Interamericana. Depois trabalhou no jornal de São Paulo. Ainda bem jovem entrou no Estadão, em 1948, como redator, reporter e, aos 28 anos, foi promovido para a Secretaria de Redação do jornal, onde ficou até 1963. Introduziu reformas gráficas — criou uma diagramação padronizada, que agilizava os fechamentos —, acompanhou a mudança para a nova sede, e introduziu jovens universitários para compor o time de redação, conseguindo elevar a qualidade do conteúdo. De convicções marxistas, saiu do jornal pela aproximação da empresa da família Mesquita com militares que planejavam um golpe contra o governo de João Goulart.
Depois, atuou de forma breve como assessor de Carvalho Pinto, ministro da Fazenda de Goularte e a seguir foi contratado para reformular o tabloide A Nação.
Na Folha, onde fez carreira por mais tempo, atuou como secretário e diretor de Redação, e fez parte do Conselho Editorial, sendo responsáveis pelas primeiras reformas editoriais do jornal, que na época, ainda lutava por um espaço entre os principais meios de comunicação do país. Unificou as redações da Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite. Contratou profissionais de prestígio, como Paulo Francis e Alberto Dines, além de intelectuais de várias correntes ideológicas.
No final dos ano 70, pressionado por militares que pediam a sua cabeça, saiu da Folha para fundar o jornal A República, com Mino Carta, que durou cinco meses, e também dirigiu a Leia Livros. Com o fechamento de A República, retornou à Folha, atuando primeiro como correspondente em Londres e Paris (falava fluentemente italiano, inglês e francês) e a partir de 1984 começou a escrever uma coluna diária no jornal. Foi substituído por Boris Casoy como secretário de Redação.
Defendeu a ética jornalística e relativizava a pretensa objetividade do jornalismo, dizendo que os profissionais deveriam descobrir e seguir a objetividade da empresa em que trabalham.
Seu trabalho e ideias está bem documentado no livro “A Regra do Jogo” (1988, Companhia das Letras),uma coletânea de seus escritos e reportagens, selecionados por seu filho o Cláudio Weber Abramo. E, em 2916, recebeu homenagem póstuma com o Prêmio Vladimir Herzog.
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