Quando o investimento em employer branding atrai também felicidade…

...o resultado é, além de uma empresa mais atrativa para o colaborador, uma maior produtividade. Medir o ROI dos investimentos em bem-estar, contudo, é um capítulo à parte

Atrair talentos é uma tarefa muito mais complexa do que apenas recrutar candidatos. É um processo contínuo que envolve, acima de tudo, o compromisso com a satisfação de seus colaboradores, refletindo, ao mesmo tempo, a proposta de employer branding da organização. Nesse processo, muito mais do que o salário econômico, benefícios e o “salário emocional” – ou o que a empresa oferece em termos de bem-estar para o candidato – têm pesado muito na decisão de aceitar uma vaga. Painel do 2° Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, realizado pelas plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, no início de junho, tratou do tema, com a presença de Soneli Angelini, Diretora Executiva da Assegurou Saúde, e Eliudem Galvão, Diretor da EG Consultoria.

Eliudem Galvão, Diretor da EG Consultoria e Soneli Angelini, Diretora Executiva da Assegurou Saúde

Soneli aponta que o “salário emocional”, que se relaciona aos índices de felicidade na organização e constitui, para o colaborador, uma “recompensa além das cifras”, está atrelado ao tripé: cultura, preparação de lideranças e ferramentas de suporte. Esses três itens devem “andar” juntos, acredita a executiva. “E quanto mais consigo manter uma equipe engajada, em um ambiente positivo, mais produtiva ela será”, ressalta, sobre o novo entendimento do mercado sobre o tema. Percepção diretamente relacionada ao aumento da demanda por produtos e serviços que ajudem a promover o bem-estar do colaborador: aplicativos, estabelecimentos e consultorias que ofereçam alimentação adequada, psicólogos, atendimento médico e odontológico, educação física e educação financeira, entre outros.

Investir em benefícios e salário emocional, portanto, é investir não só em atração e retenção de talentos, no reforço a uma marca empregadora, mas também em evolução contínua, refletida em resultados de produção e, consequentemente, financeiros. A Felicidade não é um bônus, um fim, revela Soneli. Ela é um objetivo da empresa, mas também caminho para alcançar resultado. “No final do dia a gente espera a produtividade. Como fazemos para produzir faz toda a diferença”, enfatizando que aí se insere o cuidado com o desenvolvimento do colaborador e com o seu bem-estar.

Galvão concorda: “Produtividade virou um jargão, mas muitas empresas se esquecem do que deve ser feito para promovê-la”, referindo-se às organizações que ainda não acompanham essa nova perspectiva do mercado.

Qual é o seu impacto na empresa?

Ao abordar um dos pontos do tripé mencionado por Soneli – a liderança – Galvão destacou o impacto do líder nesse processo, quando este faz “saques” nessa “conta emocional” do colaborador, “pegando pesado” com o time, esquecendo-se, depois, de equilibrar o saldo, enaltecendo as conquistas e pontos fortes da equipe. Ao que Soneli acrescenta: não dá para ser sempre legal.

É preciso fazer o que deve ser feito, na crise, mas é necessário, contudo, que os gestores reconheçam a contribuição de cada indíviduo à organização, e não apenas cobre o exercício do papel presumido de cada um, valorizando e esclarecendo o real impacto do trabalho e da função de cada colaborador na companhia. “Quando você sabe o que faz, como faz e qual o impacto na empresa, muda a sua relação com ela”, ressalta a executiva da Assegurou Saúde, sobre outro olhar que pode auxiliar no oferecimento de um maior “salário emocional” nas companhias.

Como medir o ROI da felicidade corporativa

Que investir em salário emocional retém talentos, melhora a marca empregadora e aumenta a produtividade ficou claro. O retorno sobre os investimentos em uma cultura de felicidade, por sua vez, ainda é um indicador complexo, o que foi tema de outro painel do 2° Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa. Desta vez na presença não só de Soneli Angelini, da Assegurou Saúde, mas de Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços Ltda, e mediação de Renato Acciarto, Especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital.

Soneli Angelini, da Assegurou Saúde; Renato Acciarto, Especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital; e Jorgete Lemos, CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços

Jorgete Lemos lembrou, primeiro, índices que medem felicidade nas organizações, como o FIB (Felicidade Interna Bruta, validado pela ONU, adaptado do Butão, país que mede a felicidade do seu povo desde a década de 1970) e o IFT (Índice de Felicidade no Trabalho, que envolve validação da FIA – USP). São indicadores que auxiliam a mensurar resultados práticos das ações em felicidade, materializando-as, como podem ser materializados os investimentos, gerando possibilidades de comparações. “Temos o tradicional e, hoje, o auxílio da inteligência Artificial”, completa a consultora, lembrando que o bem-estar do colaborador e na empresa também pode ser medido também em tempo real, com o auxílio de soluções específicas em tecnologia.

Acciarto, por sua vez, provoca a reflexão das participantes para que respondam se a pandemia, evidenciando temas de bem-estar e saúde, favoreceu o trabalho com indicadores sobre o tema nas organizações, popularizando o seu uso.

Soneli responde que, muito pelo contrário. O cenário ainda está sofrendo velozes transformações e os investimentos não se consolidaram, nem as ações – estão em curso e incompletos. “Transferir isso para resultados financeiro não é algo fácil”, crê Soneli, visto que não existem metodologias específicas. Mas ações não podem parar e apoiá-las financeiramente se faz, contudo, necessário.

Jorgete concorda, ao passo que menciona uma fórmula possível, que muitas empresas não consideram: medir, na verdade, o custo antes das implantações. Pode-se medir, segundo a consultora, o quanto de absenteísmo, presenteísmo, quedas na produtividade e na velocidade de produção havia em um período anterior, e o quanto isso impactava na receita. “Essa é uma visão que precisa ser incutida no dia a dia das lideranças, o líder precisa ficar atento e acionar os recursos humanos quando ele perceber situações que impactam nesse sentido”, destaca.

 

(Texto e reportagem: Jussara Goyano/ Fonte: Portal Melhor RH)


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