A confiança na imprensa profissional manteve um índice estável em 66% em 2021 segundo o Datafolha. O resultado da pesquisa sugere resistência da credibilidade do jornalismo profissional e fortalecimento de ações contra a desinformação, como a apuração, mesmo em meio as ondas de Fake News no ambiente virtual.
Dentre as ações desempenhadas pelos jornalistas para conquistar a confiança do público destaca-se a excelência na apuração, que checa e garante a veracidade daquilo que está sendo veiculado.
“O processo de apuração é sempre o primeiro passo. A combinação da disposição com a curiosidade, que normalmente é nata do jornalista, faz com que o profissional seja questionador e queira saber além daquilo que está na superfície, então ele pergunta e observa”, afirma Amanda Artioli, jornalista que atuou por 5 anos na televisão como repórter na TVB, antiga filiada do SBT.
Para Luciana Sobral, diretora de Comunicação & Public Affairs da Janssen Brasil, a pandemia da Covid-19 não só mostrou a necessidade urgente de restauração da confiança, mas também voltou a posicionar o trabalho jornalístico entre as funções essenciais para a sociedade.
“Sabemos que uma sociedade bem-informada é muito mais poderosa e, para isso, é preciso confiança na ciência e na imprensa. Temos muito orgulho de contribuirmos ao longo da nossa história com esse trabalho e termos intesificando essa contribuição e compromisso ao longo desta pandemia, com informação de qualidade e sustentada por dados científicos para os veículos de comunicação”, relata.
APURAÇÃO EM TEMPOS DE INTERNET
Atualmente, as tecnologias funcionam como uma ferramenta facilitadora na hora de apurar, mas também trazem desafios. “A rede social e as trocas de mensagem nos dão agilidade, mas essas ferramentas também podem nos colocar em armadilhas. O virtual facilita, mas não substitui o olho no olho, tendo em vista que reconhecer aquilo que é verdadeiro muitas vezes depende de um olhar e ouvido atento. Quanto mais você escuta o que as pessoas estão falando, é possível reconhecer nas entrelinhas, no tom de voz e no ritmo da respiração se tudo aquilo que está sendo dito é verdade ou não”, explica a jornalista.
Outro ponto chave para garantir a excelência na apuração rápida e precisa é a confiança na fonte. “Com o passar do tempo nós vamos estabelecendo confiança com as fontes, e essa relação também ajuda no processo de descobrir se a informação é verídica ou não”, completa.
A internet apresenta facilidades tanto para o jornalista quanto para o público consumidor, e em ambos os casos é importante analisar e consumir apenas aquilo que possui qualidade e veracidade. O jornalismo profissional tem esse compromisso, mas em meio a imensidão de conteúdos online, é importante saber filtrar.
“Como nunca antes, temos acesso a uma variedade e volume de informações e navegar nesta profusão de fontes online e offline apresenta desafios reais, especialmente em meio a um temor cada vez maior com desinformação. E aí é que entra a apuração jornalística isenta e transparente. Nessa quantidade de informações, muitas pessoas adotam uma postura de ceticismo. Se por um lado há o risco de se receber uma notícia falsa via rede social, por exemplo, de outro, também existe o risco de ser impactado por uma reportagem com má apuração”, aponta Luciana Sobral.
APURAÇÃO NA PRÁTICA
Na televisão, que foi a área em que Amanda atuou, o processo de apuração acontece duas vezes. “Na TV a apuração se inicia no pauteiro ou com a equipe de produção dentro da redação. Em seguida, a apuração acontece novamente quando o repórter vai fazer a gravação, pois a pré-entrevista também é uma checagem”, ressalta.
Esse processo de apuração também rende histórias que marcam a memória e a carreira do jornalista. “A história que me marcou foi uma denúncia chegou até a redação de que um conhecido de um amigo sabia do caso de um caminhoneiro que estava preso na cidade de Santa Bárbara d’Oeste injustamente. O processo para apurar essa informação demorou dias”, conta. “Por fim, depois de muita checagem, o homem realmente era inocente. Ele ficou preso durante 46 dias e a insistência da imprensa na apuração desse caso auxiliou na sua soltura. Ou seja, o trabalho árduo de apurar trouxe consequências com a divulgação”, completa.
Entender um pouco sobre os processos de uma redação e como a checagem dos fatos é um trabalho árduo e que leva tempo ajuda a promover um relacionamento transparente entre a imprensa e o público. Luciana Sobral também fala sobre as práticas essenciais para que as empresas possuam um bom relacionamento com a imprensa.
“Conhecer e entender a rotina do trabalho da imprensa é essencial para que haja um relacionamento de qualidade. Além disso, destaco a ética e a responsabilidade com o interesse público como os direcionadores dessa relação. Por meio de um relacionamento sólido e transparente com a imprensa é que conseguimos dar visibilidade e comunicar nosso trabalho e ações para a sociedade”, explica.
“Aqui na Janssen, sempre entendemos a inovação como um componente sistêmico, que extrapola o pioneirismo científico do nosso portfólio e permeia as diferentes áreas da companhia, como a comunicação com os diversos públicos que se relacionam conosco”, completa.