Hipervulneráveis. Tendências globais de risco para 2018

Um precipício do qual nunca tínhamos nos aproximado tanto desde os anos mais críticos da Guerra Fria

Um precipício do qual nunca tínhamos nos aproximado tanto desde os anos mais críticos da Guerra Fria. No entanto, agora estamos imersos em um contexto muito diferente. Provavelmente, os atores que estão por trás das ameaças são parecidos, mas o ambiente mudou. É um quadro em que a mudança climática, a internet e o ciberespaço vieram comandar boa parte das ameaças. Coincidindo com o Word Economic Forum, em Davos, foi publicado recentemente o Global Risks Landscape 2018 (Panorama Global de Riscos 2018).

Um planeta à beira do precipício ecológico

O estudo não traz elementos realmente surpreendentes, mas uma consolidação das ameaças globais. Todos os riscos relacionados a eventos climáticos extremos, aumento da temperatura, da poluição, entre outros, estão localizados na zona de maior probabilidade e impacto.

As tempestades e outros perigos relacionados com o clima, como furacões no Atlântico, foram as principais causas de migração em 2016, com 76% dos 31,1 milhões de pessoas que se deslocaram durante o ano. Casos de temperaturas extremasafetaram a produção agrícola, causando fome e outras dificuldades, além da perda da biodiversidade.

Em 2017, a poluição do ar em ambientes internos e externos foi responsável por mais de um décimo de todas as mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Comissão estima que o custo anual total com a poluição para a economia mundial é de 4,6 bilhões de dólares.

A ciberdefesa. Um esforço em crescimento

Do meio ambiente, seguimos para os riscos cibernéticos que se intensificaram em 2017. Os ataques estão aumentando, tanto em prevalência como em potencial disruptivo. Só em 2016, foram lançados 357 milhões de novas variantes de malware. Os custos financeiros dos ciberataques estão aumentando. Espera-se que o custo do cibercrime para as empresas nos próximos cinco anos seja de 8 trilhões de dólares.

Somamos a tudo isso o aumento da ciberdependência devido a interconexão digital de pessoas, coisas e organizações. Ou seja, mais hiperconectados, mas também mais hipervulneráveis. Razões que convertem o ciberespaço num novo cenário onde se resolvem as grandes crises globais.

Cada vez mais desiguais

Uma das conclusões mais chamativas do estudo é a importância reduzida dos riscos econômicos. Os últimos resultados mostram uma melhora na economia mundial, ainda que relativamente modesto. O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera um crescimento global do PIB de 3,6% para 2017, frente aos 3,2% em 2016. A recuperação está em andamento em todas as principais economias, o que leva a uma forte melhora no sentimento.

Mas isso é otimismo ou complacência? Certamente, há razões para sermos cautelosos. A importância da desigualdade ficou bem evidenciada no relatório. As “consequências adversas dos avanços tecnológicos” e “alto desemprego ou subemprego estrutural” foram os fatores mais citados no estudo. A tecnologia e a 5ª Revolução Industrial nos impulsiona para novos cenários de risco.

Riscos de conflitos sociais
 
Os enfrentamentos relacionados com a identidade e a comunidade continuam provocando tensões e deslocamentos políticos em muitos países. No último relatório, a polarização da sociedade caiu levemente nos rankings sobre os principais fatores subjacentes dos riscos globais, mas continua sendo uma força politicamente desestabilizadora, observada pelos temores sobre a ascensão da extrema direita na Europa e resultados contra o establishment em 2016 no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Em termos mais gerais, as questões de cultura e identidade estão causando tensão política entre um número crescente de países. A polarização entre grupos com diferentes heranças culturais ou valores parece que continuará sendo uma fonte derisco político nos países ocidentais em 2018 e nos próximos anos.

Rumo a um poder cada vez mais personalizado

A tendência em direção a um poder cada vez mais personalizado se dá em meio a uma volatilidade geopolítica crescente. Quando é citado no relatório sobre as trajetórias de risco em 2018, o nível de preocupação é claro: 93% dos entrevistados espera uma piora de “confrontos / atritos políticos ou econômicos entre as principais potências” neste ano.

Os riscos geopolíticos são agravados pela contínua diminuição do compromisso com o multilateralismo baseado em normas. Em 2017, o presidente Trump retirou os Estados Unidos tanto do Acordo de Paris sobre Mudança Climática como do Acordo Comercial da Associação Transpacífica. Ainda que não tenha se retirado do acordo para deter o programa de armas nucleares do Irã, Trump apontou sua insatisfação ao negar que o Irã esteja cumprindo com o combinado.

Conteúdo RelacionadoArtigos

Próximo Artigo

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email