Especialistas comemoram retomada do setor automotivo

Turbulências econômicas afetaram as principais indústrias do país e o setor automotivo foi um dos mais sentiu esse impacto

As turbulências econômicas afetaram as principais indústrias do país e o setor automotivo foi um dos mais sentiu esse impacto. Segundo dados da Agência Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, apesar do crescimento acima do esperado deste ano (crescimento de 9% em comparação a 2016), o caminho a ser percorrer é longo, com ociosidade de produção na casa de 45%. Os percalços são compartilhados também por quem acompanha de perto o desenvolvimento do setor e anseia por dados positivos.

“Apesar desse cenário, várias empresas anunciaram novos investimentos, pois, como o setor é muito competitivo, o grupo que deixar de investir em novos produtos, em inovações de parque produtivo e da linha de produção pode perder competitividade e ficar para trás”, explica Cleide Silva, repórter do jornal O Estado de S. Paulo e uma das premiadas na categoria Automotivo do Prêmio Especialistas 2017.

Pedro Kutney, também vencedor nessa categoria do prêmio e editor do Automotive Business, acredita que o mercado automotivo brasileiro mergulhou junto à crise e explica um pouco mais esse cenário da indústria nacional.

De 3,8 milhões de veículos vendidos em 2013, as vendas caíram para aproximadamente 2 milhões em 2016 e devem fechar este ano em cerca de 2,2 mi, em expansão de 7% sobre 2016, experimentando a volta do crescimento após três anos seguidos de retração

Pedro Kutney

Cleide Silva recebe troféus de premiada e destaque. Anderson Suzuki, da Toyota, foi quem entregou a premiação

Cleide Silva recebe troféus de premiada e destaque. Anderson Suzuki, da Toyota, foi quem entregou a premiação

Do lado das montadoras, Anderson Suzuki, gerente-geral de comunicação da Toyota do Brasil, explica que em períodos de crise, como a que o Brasil viveu nos últimos anos, muitos brasileiros optam por adiar investimentos, principalmente quando falamos de bens duráveis, como automóveis, por exemplo. “Trata-se de uma aquisição de longo prazo. A falta de confiança do consumidor para uma iniciativa assim é um dos primeiros sintomas que a indústria monitora para poder ajustar volumes de forma a compatibilizar com a demanda”, diz Suzuki.

Para o executivo, a retração no mercado impacta, invariavelmente, toda a cadeia. “Assim, os diversos segmentos da indústria, desde transformação até bens não duráveis, são afetados, o que compromete a produção de todo o parque industrial no País. Há, portanto, uma reação em cadeia que liga o sinal de alerta nas linhas de produção. É preciso sempre, em tempos austeros, apertar os cintos para não comprometer o orçamento. Muitas empresas decidem frear investimentos. Este não é o caso da Toyota”, conta.

Assim como a Toyota, outras empresas do segmento também optaram por não diminuir o investimento. Kutney, por exemplo, explica que muitos investimentos em fábricas e produtos foram feitos nos últimos anos, em torno de R$ 80 bilhões nesta década, segundo divulga a Anfavea, a Associação dos Fabricantes. “Com isso, melhorou de maneira sensível a qualidade e a eficiência energética dos veículos produzidos no país, principalmente porque houve exigência para isso no Inovar-Auto, programa de desenvolvimento do setor lançado em 2012 e que acaba este ano. As exportações também voltaram a crescer expressivamente, algo como 60%, graças ao câmbio mais favorável”, conta. Ainda de acordo com o jornalista, o que a indústria automotiva brasileira precisa agora é acompanhar mais de perto as tendências globais para ter produtos competitivos internacionalmente e oferecer o melhor ao consumidor brasileiro.

Além disso, o jornalista também compartilha algumas informações referentes ao futuro do setor. Para ele, o segmento está passando por um momento altamente disruptivo, que deve fazer a indústria evoluir mais rápido nos próximos 10 anos do que evoluiu nos últimos 100. “Estamos falando de tecnologias de direção autônoma (carros capazes de guiar sem a interferência do motorista) e de assistência (como frenagem automática de emergência ou assistente de faixa de rodagem) que elevam a segurança a patamares nunca antes imaginados”, explica. Kutney reitera que os carros e os caminhões também passam a integrar o universo da internet das coisas, pois já fazem parte da rede mundial de computadores e podem se comunicar com seus proprietários, com outros veículos, com a infraestrutura viária, com seus fabricantes e até mecânicos.

“Outra tendência é a eletrificação e o uso de combustíveis alternativos, com grande quantidade nos próximos anos de veículos elétricos e híbridos, diante da premente necessidade de redução de emissão de poluentes e gases de efeito estufa na atmosfera. Além dessas três tendências combinadas (direção autônoma, conectividade e eletrificação), os veículos cada vez mais estão se transformando em um serviço de mobilidade que nem sempre envolve a propriedade. Já é possível hoje (especialmente na Europa e Estados Unidos e em grau ainda incipiente no Brasil) pagar pelo tempo de uso de um carro por meio de aplicativos para smartphones. Ou seja, no futuro próximo pode ser que a maioria das pessoas não tenha um veículo próprio, mas poderá usar um sempre que precisar, como um serviço. Tudo isso revoluciona a indústria e exige centenas de bilhões de dólares (ou euros) em investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que nem todos os fabricantes de veículos e autopeças têm condições de fazer sozinhos, por isso buscam parcerias e associações entre si e com novos entrantes nesse mercado, como empresas de tecnologia”, conclui o jornalista.

No caso da Toyota, a empresa promoveu novos investimentos e fortaleceu sua base operacional, visando preparar-se para futuras oportunidades com a retomada do mercado brasileiro. Alicerçada nos princípios que regem sua atuação no mercado global, a Toyota investiu fortemente em suas planta locais, de olho no impulso da competitividade no mercado regional. “Assim, os investimentos mais recentes da fabricante foram puxados pela necessidade em preparar sua força de produção para atender a demanda do consumidor latino-americano por veículos que aliem a qualidade, durabilidade e confiabilidade que eles encontram no poder da marca Toyota”, conta Anderson Suzuki.

Últimos investimentos da Toyota no Brasil:
> Janeiro 2015: R$ 100 milhões para aumento da capacidade de produção da planta de Sorocaba (SP), de 74.000 unidades/ano para 108.000 unidades/ano;
> Novembro 2015: R$ 15 milhões para alocação de Centro de Distribuição em Suape (PE);
> Agosto 2016: Consolidação do investimento de R$ 65 milhões na Planta de São Bernardo do Campo;
> Novembro 2016: Investimentos adicionais na ordem de R$ 600 milhões na planta de motores em Porto Feliz (SP);
> Setembro 2017: R$ 5 milhões para construção do primeiro Centro de Visitantes da Toyota no Brasil, localizado na planta de São Bernardo do Campo (SP);
> Setembro 2017: R$ 1 bilhão para montagem da linha de produção do modelo Yaris, a ser comercializado no Brasil a partir do 2º semestre 2018.

A Nissan, apesar das quedas consecutivas nas vendas de automóveis nos últimos quatro anos, acredita no potencial do mercado interno e continua investindo para construir a marca no longo prazo. No entanto, com o mercado local pouco aquecido, o desafio para a empresa foi aproveitar as oportunidades oferecidas por outros países, especialmente na região da América Latina. “A Nissan iniciou, em 2016, um programa de exportação que é um sucesso. Em pouco mais de um ano e meio, já ultrapassamos 20 mil unidades exportadas para Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Paraguai, Panamá, Peru e Uruguai”, conta Rogério Louro, diretor de Comunicação da Nissan do Brasil.

Mesmo com o cenário econômico adverso, todos os investimentos anunciados pela Nissan, em 2011 – de R$ 2,6 bilhões – foram mantidos. “E, este ano, abrimos um segundo turno com a contratação de cerca de 600 pessoas para a fabricação do crossover Nissan Kicks no Complexo Industrial de Resende (RJ) com investimentos de R$ 750 milhões”, completa o executivo.

Pedro Kutney recebe troféu de Anderson Suzuki, da Toyota

Pedro Kutney recebe troféu de Anderson Suzuki, da Toyota

Os desafios na cobertura jornalística do setor
Para Cleide Silva, o desafio é buscar detalhes curiosos de uma história e ir além dos dados que são divulgados para todos os meios. “Nem sempre isso é possível ou às vezes não há espaço (no caso do impresso) para explorar muito o tema a ser abordado e acaba ficando apenas na notícia principal mesmo”, explica. Por isso, a jornalista acredita na importância de uma narrativa bem contada para se destacar, em meio a um mercado com tantas opções para os leitores. “Há muitas histórias a serem exploradas em relação ao processo produtivo, histórias das pessoas envolvidas nos projetos e nas fábricas, histórias sobre a cadeia automotiva em geral”, completa.

Cobrir toda a cadeia industrial automotiva também é um dos grandes desafios dos jornalistas do segmento. “No meu caso, aqui em Automotive Business fazemos a cobertura de lançamentos de produtos, fábricas, distribuição, tecnologia automotiva, mercado automotivo e seus números, legislação e programas de desenvolvimento voltados ao setor, investimentos, noticiário econômico relacionado. Por isso, é a enorme a quantidade de eventos, entrevistas, coletivas, apurações de toda espécie. O maior desafio é tentar cobrir tudo isso e dar aos nossos leitores a mais completa visão do setor automotivo” diz Pedro Kutney.

Outro diferencial que Kutney destaca é que para conquistar a audiência é necessária a busca por pautas mais atraentes. “O que os leitores mais gostam de acompanhar são lançamentos de produtos, notícias de mercado, números e estatísticas do setor, tecnologia e investimentos. A forma de conseguir as melhores pautas segue a velha fórmula do jornalismo de negócios: estar presente em eventos, cobrir o noticiário do setor de forma ampla e analítica, construir bons relacionamentos com as fontes”, afirma.

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