“O ano passado passou tão apressado que foi um corre-corre danado” essa é mais ou menos a introdução de uma canção de Rita Lee que embalou minha trilha sonora na adolescência. Sempre achei graça desses poetas que brincam com rimas e métricas e no final, passam sua mensagem com melodia e bom humor.
No caso da letra acima, sabe se lá que ano que a roqueira brasileira se referia, mas ela pode se enquadrar muito bem ao ano de 2016. Mas e aí? Como pensar em estratégias pessoais com o tempo passando tão rápido? E, se ampliarmos um pouco, o questionamento fica ainda mais causticante, como pensar em estratégias perenes para empresas, não interessando o porte ou a atuação.
Para completar esse caldo, adiciono nessa reflexão, as empresas que foram elencadas nos escândalos instaurados no país. Empresas que estudam inclusive mudar de nome por que foram execradas nacionalmente pelo modus operandi praticado nas esferas nacionais e estaduais, em negociações pra lá de suspeitas.
Companhias que hoje elencam como preferidas pelos funcionários, mas que fora do esquadro interno corporativo deixaram o nome ser levado por um mar de lama, que iniciou no interior de Minas Gerais e foi parar nas águas salgadas capixabas. E, ainda agora, voltam a ser lembradas por conta da “epidemia” de febre amarela instalada na região e que especialistas estão relacionando como consequências ao flagelo sofrido pelo meio ambiente após o rompimento da barragem em Mariana.
Como uma empresa pensa em uma estratégia de comunicação 360º em um período que escândalos financeiros e ecológicos, propinodutos e delações premiadas são as grandes estrelas dos canais de comunicação do Brasil e, até reverbera pela imprensa dos principais países do mundo? Brasília, aliás, também vive sendo manchete com a briga pela legitimidade do poder.
Não existe uma resposta pronta. Comunicação Corporativa é o tema central e por onde devem passar todas as estratégias de comunicação 360º. Não basta buscar um espaço relevante e gratuito na imprensa. Precisa ter um discurso engajador e transformar o cliente num porta-voz da empresa.
O cliente precisa ser fã para se transformar num embaixador da marca. Mas não se iluda, o cliente é importante não interessa o nível de contato que a empresa tenha com ele, mas tão importante quanto o cliente, são as ações de comunicação que a empresa desenvolve também da porta para dentro. Isso, a comunicação com os empregados, funcionários, colaboradores é imprescindível para o sucesso corporativo.
Há uma boa explicação para uma empresa querer ser listada como melhor lugar para trabalhar e divulgar isso depois de um período difícil na comunicação. O público interno precisa ter ciência, em primeira mão, dos fatos relevantes da empresa. Ele precisa estar informado das mudanças e das principais questões que envolvam a companhia, e isso precisa ser comunicado diretamente. Ele não pode ser informado pelo jornal das mudanças ocorridas na empresa onde trabalha.
Compliance, Governança Corporativa, Reputação são palavras que hoje estão no consciente coletivo da maioria das empresas e precisam ser trabalhadas com atenção, cuidado e transparência. Não podemos restringir a comunicação da empresa em um trabalho focado no relacionamento empresa – veículos de comunicação.
O discurso precisa ser de dentro para fora! A comunicação precisa integrar departamentos para ganhar coesão. Não adianta falar uma coisa para a comunicação e praticar outra coisa entre os parceiros/colaboradores. Além da coesão, o discurso precisa ter adeptos e agregar o público interno. Quando a comunicação começa com o público interno, ela se torna mais eficaz, pois ganha legitimação, conseguindo assim alcançar o público externo.
As empresas precisam agregar o publico interno na comunicação corporativa e só consegue fazer isso com ações criativas, inteligentes e bem preparadas. A comunicação interna das empresas deve ser elencada também como uma estratégia de negócios. A sinergia de todas as áreas da empresa faz da comunicação interna um agente atuante também na comunicação externa, inclusive com a imprensa e com o público em geral.
A maior exigência agora é que as empresas sejam transparentes em seu modo de comunicar e que habilitem seus colaboradores, funcionários e parceiros como embaixadores da marca no mercado.