TV Corporativa dá imagem e voz à comunicação interna

Com linguagem leve, visual e colaborativa, canal aproxima equipes, traduz a cultura e dá protagonismo a quem faz a empresa acontecer

Na era dos streamings, até a comunicação interna entrou na trend. Em vez dos murais esquecidos no canto do corredor, as empresas têm apostado cada vez mais na TV corporativa – a “Netflix” da cultura organizacional – para impactar o público de uma forma mais visual, sobretudo aquele sem acesso a aplicativos e e-mails. Mas se engana quem pensa que seu atrativo se resume a isso. Com produções próprias, roteiros dinâmicos e protagonistas da vida real, o que se transmite, agora, é puro pertencimento, bem distante dos comunicados estáticos das antigas telinhas. O segredo está na linguagem: direta, humana e visual, com direito a spoilers do que realmente faz diferença na vida das pessoas. Será que alguém ainda duvida que a comunicação interna pode ser tão envolvente quanto qualquer série de sucesso?

Na matéria anterior, vimos como a Mídia Out of Home (OOH) vem ocupando um espaço cada vez maior no ambiente corporativo, expandindo sua lógica mercadológica em direção ao universo da comunicação interna. Agora, é hora de entender o que essas telas representam, de fato, para as organizações e seus colaboradores. Apoiada na ideia de que uma imagem é capaz de dizer o que mil palavras não alcançam, a TV Corporativa consegue inspirar sua audiência a cada cena, transformando informação em vínculo diário. É aqui que mora a magia.

Cultura em tela

Semelhante à lógica do OOH, que busca capturar a atenção por meio de pontos de contato estrategicamente posicionados e campanhas visualmente impactantes, a TV corporativa se propõe a levar o conteúdo certo às pessoas certas, no momento em que estão mais receptivas. Por viver os dois lados da tela, a Multiplan entende bem essa dinâmica. Acostumada a lidar com o público externo em seus shoppings – dentro da lógica do OOH –, a companhia sabe, na prática, o que faz uma tela funcionar. Como explica Marcela Villas Bôas, gerente de Comunicação da empresa, por lá, “as telas têm foco no cliente e na experiência de consumo. Já a TV Multiplan foi pensada para o colaborador, com o mesmo dinamismo, recorrência e impacto visual”. O que muda é o propósito.

Entretanto, para gerar conexão com os colaboradores, não basta apenas ocupar espaço – é preciso ser relevante. Na prática, as mensagens devem refletir a realidade que eles vivem, de forma leve, mas significativa. Se não for assim, a tela pode até estar no refeitório, mas quem, de fato, vai interromper a refeição para prestar atenção? Por outro lado, quando o colaborador se vê refletido nela, tudo muda. Vira algo muito pessoal. É nesse instante que a comunicação interna se torna um verdadeiro espelho da cultura organizacional, mostrando o que a empresa acredita, valoriza e celebra.

TV Corporativa
Marcela Villas
Bôas, da Multiplan

Comunicação unificada

Ciente dessa complexidade, a Multiplan desenhou sua TV Corporativa para ser mais que um canal tradicional de comunicação. O conteúdo busca traduzir o ritmo da companhia, tornando cada atualização algo próximo, vivo e compreensível para todos. “A proposta é tornar a informação mais acessível e atraente, garantindo que todos estejam atualizados sobre projetos, conquistas e ações da companhia, além de fortalecer o sentimento de pertencimento e a cultura de evolução constante que faz parte da Multiplan”, reforça Marcela.

Embora a TV Multiplan tenha nascido como um projeto piloto nos escritórios, a ambição é chegar mais longe: levar o canal, também, para os shoppings e unificar, em uma só linguagem, a comunicação interna/externa da empresa. A proposta é dar coesão à narrativa e alinhá-la aos objetivos estratégicos da empresa, conectando as pessoas independentemente de onde elas estejam. “Queremos que ela seja um elo que integra as pessoas, diminui distâncias e reforça o senso de pertencimento”, afirma Marcela. Esse movimento é decisivo porque, ao mesmo tempo em que fortalece o diálogo com o colaborador, também impulsiona a marca empregadora e consolida a cultura que sustenta a Multiplan.

Transmitindo pertencimento

A Michelin é outro exemplo bem-sucedido no campo da TV Corporativa. Há mais de 20 anos, o grupo mantém seu canal no ar, transmitindo mensagens estratégicas para colaboradores de diferentes países e unidades. E, convenhamos, em duas décadas, o canal poderia ter se tornado uma vitrine corporativa qualquer, mas a marca seguiu o caminho oposto ao transformar a tela em espaço de conexão real com as pessoas. “Temos essa plataforma em locais estratégicos, é um canal que reconhece as principais iniciativas, mostrando o que está acontecendo nas diferentes áreas e regiões da Michelin no mundo”, salienta Renata Marques, gerente de Comunicação Interna da Michelin América do Sul.

Além do “streaming” global, a marca conta, desde 2021, com sua TV local, o Canal Michelin, uma versão mais próxima da rotina das equipes. O canal funciona na sede e nas unidades de fabricação, com o objetivo de divulgar campanhas, reconhecimentos e notícias que reforçam o senso de pertencimento e o engajamento dos colaboradores. A proposta é simples e eficaz: mostrar o que está acontecendo de mais importante dentro da empresa, sem que a informação soe distante ou impessoal.

A ocasião faz o conteúdo

Segundo ela, o canal foi pensado para estar presente onde as pessoas realmente estão – e não o contrário. “O objetivo é entregar uma informação rápida, veiculada em áreas comuns com grande circulação de pessoas.” Assim, refeitórios, corredores e portarias se tornaram pontos de contato muito naturais e estratégicos, onde a comunicação acontece junto com o trabalho, sem a necessidade de login ou hora marcada.

Não à toa, o formato também faz diferença: pautas curtas, vídeos diretos e linguagem acessível, muitas vezes retratando ações locais. É o tipo de conteúdo que prende o olhar não por obrigação, mas por identificação. “As informações têm que ser relevantes para garantir que o funcionário seja impactado por aquela informação ao circular pelo ambiente de trabalho. Queremos despertar o interesse na programação da TV”, afirma Renata.

Canal que conecta e inspira

Imagine um funcionário atravessando o corredor com pressa, quando a TV exibe um trecho do programa Carreiras em Movimento, uma iniciativa do time Michelin. De imediato, ele reconhece o colega na tela, dá um meio sorriso e comenta: “Olha aí, o fulano virou estrela”. E, em segundos, a notícia corre, sem pop-up ou algoritmos. A relevância está justamente aí – no reconhecimento que desperta a vontade de pertencer.

Exibida na unidade industrial de Campo Grande (RJ), a campanha foi criada para incentivar o Banco de Talentos da área de manutenção, mas acabou indo além. A equipe de comunicação interna incluiu depoimentos reais de colaboradores que cresceram na empresa e a história ganhou vida própria, estimulando a participação no programa. “Os funcionários gostam, se engajam, comentam uns com os outros e isso reforça o impacto da comunicação”, conta. Esse mesmo efeito se repetiu quando a Michelin exibiu, na matriz, um vídeo contando a história da unidade, com as pessoas no centro da narrativa. A reação foi imediata. “Colaboradores paravam nos corredores, sorriam e demonstravam orgulho de pertencer. Isso demonstrou como a TV corporativa pode conectar e inspirar”, resume.

Protagonistas em cena

O que sustenta todo o engajamento em torno da TV corporativa é, justamente, a interatividade. Se antes o colaborador era mero espectador, hoje ele é parte do roteiro e, muitas vezes, o protagonista da história. Com isso, a comunicação interna ganha voz, rosto e sotaque próprios, em vez de recorrer a discursos desconectados da realidade. Na Michelin, por exemplo, essa lógica orienta todo o ecossistema de comunicação, como bem explica Renata Marques. “Em muitas de nossas campanhas internas, os protagonistas são os próprios funcionários da empresa. Isso é muito positivo, pois valorizamos as conquistas e engajamos as equipes”.  A estratégia, segundo ela, consiste em integrar a comunicação a outras áreas, especialmente ao RH, para ampliar a escuta e transformar ideias, depoimentos e iniciativas em narrativas inspiradoras que alimentem a TV Corporativa, fortalecendo o senso coletivo.

Na mesma direção segue a Multiplan, mas com um tempero próprio: o da coautoria. O canal aposta em editorias que estimulam a participação direta dos colaboradores, como a #VCnaTV, em que eles compartilham fotos e vídeos do dia a dia, e a #Indica_aí, voltada a dicas culturais e de lazer. “O caráter colaborativo é, sem dúvida, um dos maiores diferenciais da TV Multiplan”, afirma Marcela Villas Boas.

Nesses espaços, a tela deixa de ser um meio unidirecional para se transformar em um ambiente de troca. Cada publicação é construída a muitas mãos, um reflexo da própria cultura da empresa, que entende que pertencer é participar. “Mais do que receptores, nossos colaboradores são também produtores de conteúdo e protagonistas da comunicação. Esse protagonismo fortalece o engajamento, amplia o senso de pertencimento e consolida uma comunidade mais integrada”, analisa.

TV Corporativa
Renata Marques,
da Michelin

Linguagem que conecta

Mas é evidente que essa conexão só acontece quando o conteúdo tem relevância e a comunicação acontece no tom certo. A diferença entre informar e engajar está no tom, no ritmo e no tempo de tela. Não há espaço para discursos longos ou institucionalizados demais; o que funciona é o que cabe em um “piscar de olhos”. Por isso, tanto na Michelin quanto na Multiplan, a palavra-chave é clareza. A mensagem precisa ser rápida, visual e próxima do cotidiano, capaz de despertar interesse sem saturar o público. Como explica Renata Marques, “a programação é pensada de forma leve, com mensagens rápidas e objetivas”.

Além disso, a dinâmica televisiva exige uma curadoria constante de temas. É preciso equilibrar frequência e foco, para não transformar o canal em um mural digital de recados. Segundo Renata, as editorias são cuidadosamente alinhadas às principais pautas de comunicação e aos temas estratégicos do momento, com limite de pautas simultâneas para preservar o impacto de cada mensagem. Afinal, quando tudo é “manchete”, nada realmente se destaca.

Conversa leve, clara e instigante

Do lado da Multiplan, Marcela Villas Bôas complementa a reflexão, salientando que o conteúdo corporativo precisa ser bem traduzido para a linguagem das pessoas, “Sabemos que, para ser relevante, o canal precisa falar a mesma língua dos colaboradores”, ressalta. Essa tradução se reflete, sobretudo, no formato: vídeos curtos, legendas claras e imagens que comunicam antes mesmo das palavras. A ideia é que a informação passe na tela quase como uma conversa – leve e direta –, mas com aquele “toque de curiosidade” capaz de atrair até o olhar mais distraído. “A ideia é traduzir informações estratégicas em formatos leves, atrativos e acessíveis, de modo que a TV seja percebida não apenas como um canal institucional, mas como um espaço vivo, próximo e útil”, afirma Marcela.

Na prática, isso se traduz em um canal que equilibra recorrência e relevância, presente nos espaços mais movimentados e, ao mesmo tempo, sintonizado com o que realmente importa. “A TV Multiplan foi pensada para ser um canal complementar dentro do nosso ecossistema de comunicação interna, trazendo justamente a recorrência necessária para reforçar mensagens, gerar lembrança e estimular o call to action”, explica Marcela.

Hoje, cerca de 30 telas estão distribuídas estrategicamente nas áreas de convivência e circulação dos escritórios, exibindo conteúdos curtos, diretos e constantemente atualizados, o suficiente para capturar a atenção sem sobrecarregar. “A frequência é ajustada conforme a relevância do tema. Na Semana do Compliance, por exemplo, tivemos atualizações diárias; já no lançamento do Portal do Saber, nossa plataforma de treinamentos on-line, a TV foi utilizada com alta intensidade para incentivar o acesso e o engajamento.” Esse cuidado com a cadência das mensagens é o que mantém o canal sempre vivo.

TV Corporativa
A relevância está no reconhecimento que desperta a vontade de pertencer

A estratégia que sustenta a tela

Por trás de uma TV corporativa que funciona bem, há sempre uma boa engenharia de comunicação. Não basta ter telas, roteiros e boa vontade não se houver uma estrutura de comunicação interna bem definida e alinhada à estratégia de negócio. É isso que dá sentido à mensagem e evita que o canal se torne apenas um quadro eletrônico de avisos. Na Michelin, por exemplo, a base está na matriz de Canais e Mensagens de Comunicação Interna, que organiza o fluxo de conteúdos e define a vocação de cada mídia. “Dentro da nossa programação de temas a divulgar, nós preparamos as pautas e utilizamos uma matriz de Canais e Mensagens de Comunicação Interna para definição dos canais”, explica gerente de Comunicação Interna da Michelin América do Sul, Renata Marques.

Essa lógica garante uniformidade visual e clareza de propósito. “Na TV, divulgamos mensagens de médio a forte impacto, dentro de editorias diversas, como Treinamento & Desenvolvimento (Talent Campus), Benefícios (Saiba+), Diversidade, Equidade e Inclusão (Michelin Diversa), Foco Cliente e Saúde e Segurança”, detalha. Assim, cada notícia encontra o espaço certo: teasers de campanhas aparecem na tela, enquanto desdobramentos e informações adicionais seguem para canais como a Intranet ou o Viva Engage, plataforma digital corporativa da companhia. O equilíbrio entre os formatos evita redundâncias e garante que a informação chegue ao público certo, no canal certo e no tempo certo.

Comunicação integrada

Multiplan segue uma linha parecida, com a gestão da TV feita pela área de Comunicação em parceria com diferentes departamentos internos. O canal foi estruturado com 12 editorias fixas, que recebem atualizações semanais e até em tempo real, combinando temas institucionais e conteúdos ligados à rotina dos colaboradores. “Temos desde projetos da Companhia e campanhas de RH até quadros mais leves, como boas-vindas a novos integrantes, aniversariantes da semana, dicas culturais e até ‘rádio corredor’”, conta Marcela Villas Boas. O resultado é uma comunicação integrada. “Essa organização garante diversidade de temas, relevância e aderência à rotina dos nossos colaboradores, que passam a ver o canal como parte da sua vivência na empresa e não apenas como um repositório de informações.”

No fim, o segredo não está na tecnologia, mas em como a organização se conecta com o colaborador.  A TV corporativa é só o meio. O que sustenta mesmo o engajamento é o trabalho contínuo de curadoria e escuta que dá sentido ao trabalho. No fim, nenhuma tela se conecta com o colaborador se a cultura por trás dela não estiver bem projetada.


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