Comunicação interna em pequenas doses: menos ruído, mais clareza

Metodologia traz objetividade à comunicação interna, ajudando a engajar equipes e a reduzir a fadiga cognitiva em meio ao excesso de informação

Se o tempo é curto e a fila de mensagens não para de crescer, com infinitos e-mails, comunicados e notificações, a comunicação interna precisa ser cirúrgica para realmente alcançar o colaborador. É nesse cenário que o microlearningganha relevância, ao transformar conteúdos densos, que dificilmente caberiam em um simples scroll no celular, em pílulas rápidas de conhecimento, capazes de orientá-lo sem sobrecarregar a rotina. A lógica é clara: em vez de mensagens extensas, um conceito por vez, entregue em formatos curtos, como vídeos, quizzes e podcasts. Mais do que metodologia, o microlearning cria um ritmo de aprendizado que respeita o tempo das pessoas, expandindo o alcance da comunicação interna.

Mas, afinal, o que é microlearning? Enquanto o conceito de lifelong learning já nos lembra da importância de aprender continuamente, ao longo de toda a vida, faz ainda mais sentido que esse aprendizado aconteça aos poucos, em doses curtas e constantes. Longe de ser só mais um termo da moda, microlearning é, basicamente, uma forma de aprender – e comunicar – que aposta no fracionamento de conteúdos para torná-los mais claros, objetivos e aplicáveis.

Em vez de blocos extensos que cansam e se perdem no meio da rotina, a proposta é sintetizar a informação em módulos curtos, acessíveis a qualquer hora e lugar, seja pelo celular ou computador. Imagine assistir a um vídeo de cinco minutos sobre um tema relevante enquanto toma o café da tarde: é essa agilidade que torna o aprendizado mais orgânico e parte do cotidiano. Cada pílula concentra-se em um único assunto e, mais do que transmitir teoria, busca incentivar a prática imediata.

Clareza em meio ao excesso

No mundo acelerado de hoje,oexcesso de informação se tornou um verdadeiro obstáculo para qualquer estratégia de comunicação interna. De um lado, a empresa precisa compartilhar mensagens essenciais – e, sem hierarquização, tudo parece urgente. Do outro, o colaborador não só recebe esse fluxo contínuo de comunicados internos, como ainda convive com estímulos que chegam de todos os lados. Não é apenas a caixa de e-mails que transborda: as notificações das redes sociais também disputam atenção a cada segundo, criando um cenário de sobrecarga constante.

infoxicação pode soar como algo exagerado, mas não é. Na Tetra Pak, por exemplo, pesquisas internas revelaram um aumento da fadiga cognitiva entre seus funcionários, sinal de que a comunicação precisava mudar de ritmo. Quem detalhe como foi enfrentar esse desafio é Luciana Mendes, diretora de Recursos Humanos para as Américas. Para ela, a solução está em ajustar o formato: “Incentivamos uma cultura do aprendizado constante, mas adaptada à realidade de conteúdos curtos e enxutos para adequação à disponibilidade do funcionário”. Dessa forma, ao apostar no microlearning, a empresa devolve clareza à comunicação interna, permitindo que o colaborador concentre suas energias no que realmente importa.

comunicação interna e microlearning
Luciana Mendes, da Tetra Pak

Retenção e agilidade

Embora seja frequentemente associado a treinamentos rápidos, o microlearning vai além e se mostra um recurso valioso também para a comunicação com colaboradores. Segundo Luciana, o diferencial está na objetividade: ao ser trabalhado de forma enxuta, o conteúdo ganha clareza e facilita a retenção. “Essa abordagem pode garantir que o ‘core’ da mensagem seja realmente absorvido, sendo aliada de uma comunicação mais direcionada”, analisa. Assim, em vez de dispersar a atenção com excesso de detalhes, a empresa consegue reforçar o essencial.

Mas não é apenas a indústria que convive com a sobrecarga de informações. No setor de energia, onde a rotina é marcada por processos complexos e atualizações constantes, o desafio também é manter o colaborador atento em meio a tanto ruído. É nesse contexto que se destaca a experiência da Neoenergia, presente em 18 estados e responsável por atender quase 40 milhões de pessoas. Para Fabio Folchetti, diretor de Pessoas e Organização, a chave está na objetividade – princípio que se conecta diretamente ao microlearning e à própria comunicação interna. “Vivemos num cenário onde a atenção do colaborador é disputada não somente pelas informações que circulam dentro da empresa, mas também por todas as informações que vêm de fora”, reflete.

Conteúdo com significado, sem diluir o crucial

É por isso que a empresa aposta em formatos curtos e dinâmicos, como vídeos de até três minutos, quizzes e infográficos interativos, que são capazes de condensar o essencial sem “diluir” o conteúdo. Como explica Fabio, essa leveza é decisiva porque, ao mesmo tempo que evita a fadiga cognitiva, garante que as mensagens-chave façam realmente parte da rotina dos colaboradores.

Não à toa, o microlearning também facilita que temas prioritários, como cultural, saúde, segurança, compliance e experiência do cliente, sejam abordados de forma mais fluída. “Nossas avaliações têm mostrado que a leveza e dinamismo desse formato aumentam significativamente o engajamento e a retenção do conteúdo pelos colaboradores.”

Formatos que engajam

Se o desafio é segurar a atenção, os formatos fazem toda a diferença. E Instagram e Tik Tok são provas disso com seus vídeos curtos que acumulam milhões de visualizações – e se eternizam como memes. Por isso, quando falamos de microlearning na comunicação interna, é preciso entender como essa dinâmica funciona na prática – e, novamente, o jeito de se comunicar conta muito. Na Tetra Pak, essa abordagem mais enxuta ganhou corpo por meio de conteúdos que a empresa chama de “pílulas”: curtos, estratégicos e de fácil absorção.

Essas mensagens circulam em plataformas internas como Viva Engage, TV corporativa, newsletter semanal, infográficos e vídeos. Além disso, já sob o guarda-chuva do desenvolvimento humano, a companhia firmou parcerias com instituições como Oxford e LinkedIn Learning para oferecer cursos digitais com essa “pegada” mais ágil. O foco, aqui, é abordar competências técnicas e até comportamentais. E, para complementar a jornada, a empresa promove a Learning Conference, evento anual com trilhas de 15 a 45 minutos que tratam de tendências e estratégia. “As sessões são ministradas por líderes e funcionários internos e palestrantes externos”, acrescenta Luciana Mendes.

Na Neoenergia, por sua vez, a aposta passa por formatos que misturam leveza e profundidade. Vídeos motion, com animações gráficas, e whiteboard, em que desenhos ganham forma em tempo real, tratam em poucos minutos de temas fundamentais como segurança e bem-estar. Os infográficos interativos reforçam conceitos-chave de maneira visual e intuitiva, enquanto os learning maps funcionam como roteiros que organizam assuntos densos, como ESG e regulação, em etapas fáceis de acompanhar. Para completar, podcasts e videocasts ampliam a diversidade de formatos, entregando mensagens estratégicas em linguagem. “Estamos sempre buscando novos formatos para captar atenção e promover retenção das informações por nossos colaboradores”, resume Fabio Folchetti.

comunicação interna e microlearning
Fabio Folchetti, da Neoenergia

Cultura e valores

Entretanto, engana-se quem pensa que microlearning serve apenas para “simplificar” a mensagem. Mais do que disseminar informação, ele cumpre um papel fundamental na comunicação interna ao reforçar a cultura continuamente por meio dessas pílulas de conhecimento. Luciana Mendes, da Tetra Pak, vê a metodologia como um encurtador de caminhos que aproxima as pessoas da estratégia. “O microlearning pode ser um aliado ao facilitar que o funcionário absorva informações da forma mais acessível possível e no tempo certo, o que encurta caminhos na comunicação e a torna mais acertada e fluída.”

Na Neoenergia, essa dimensão cultural é ainda mais explícita. Fabio Folchetti explica que a metodologia foi incorporada para fortalecer os quatro pilares que sustentam a cultura da companhia — Humanização, Atitude de dono, Resolução e Agilidade. Segundo ele, programas internos como o de Influenciadores e a Jornada de Capacidades Estratégicas já operam nesse modelo para engajar os colaboradores. A metodologia também está presente em processos de onboarding e em iniciativas de diversidade e inclusão, como o Programa de Letramento. “Isso ajuda a reforçar comportamentos esperados e a estimular a aprendizagem contínua.”

O impacto do microlearning na comunicação interna

Se falar é fácil, o difícil mesmo é provar, por A mais B, que algo realmente funciona. E quando se trata de comunicação interna, medir o impacto se torna crucial para que recursos como o microlearning não se tornem abstrações dentro de um discurso vazio. Luciana Mendes, da Tetra Pak, argumenta que a resposta está nos dados. Na companhia, por exemplo, já se sabe que os colaboradores aderiram ao modelo proposto, tanto que, aproximadamente, 70% deles são usuários ativos do LinkedIn Learning. O que, para Luciana, confirma que acessibilidade e relevância são determinantes na hora de engajar.

Complementando o raciocínio, Fabio Folchetti, da Neoenergia, reforça que o acompanhamento precisa ser robusto, com indicadores que incluam o número de conteúdos produzidos e acessados, a taxa de adesão e participação em lives, a avaliação de reação dos treinamentos e até o nível de engajamento em campanhas internas. Segundo ele, não se trata apenas de medir alcance, mas também a efetividade do que é feito. Assim, com os números em mãos, é possível verificar se o conteúdo está, de fato, sendo absorvido e transformado em prática.

comunicação interna e microlearning
Pílulas de conhecimento ajudam a tornar a comunicação mais objetiva

Futuro da comunicação e aprendizagem

Olhando para o futuro, os dois executivos convergem na visão de que o microlearning deixou de ser complemento para se tornar uma peça central na comunicação interna. Luciana ressalta que a metodologia deve coexistir com formatos tradicionais, como os encontros presenciais, que ainda têm valor em alguns contextos. “Sem dúvida, o ambiente digital trouxe mais agilidade e fluidez às trocas e circulações de informações e o microlearning, com conteúdos enxutos e objetivos, é uma ferramenta vital para isso.” Já Fabio é categórico ao afirmar que a estratégia já assumiu protagonismo. “Na Neoenergia, o microlearning já é protagonista em diversas frentes de aprendizagem e comunicação. A aceleração digital e a demanda por profissionais mais ágeis e autônomos tornam essa abordagem indispensável.”

A lição que fica é simples e poderosa: qualquer mensagem, para ser eficaz, precisa chegar com clareza e constância, sem sobrecarregar a mente e a rotina das pessoas. No caso do microlearning, não se trata apenas de mudar o formato, mas de transformar o ritmo – e, com ele, a própria forma de comunicar.

📌 Como inserir o microlearning na comunicação interna?

  • Seja cirúrgico na mensagem
    Um conceito por vez. Evite sobrecarregar com múltiplos assuntos. A clareza está no foco.
  • Escolha formatos rápidos
    Vídeos de até três minutos, quizzes, podcasts curtos ou infográficos. O formato precisa caber na rotina.
  • Aposte na interatividade
    Desafios, testes rápidos e recursos visuais aumentam o engajamento e a retenção.
  • Use os canais certos
    Aproveite newsletters, TV corporativa, aplicativos internos ou plataformas digitais já acessadas pelos colaboradores.
  • Integre com a cultura
    Traga temas prioritários da empresa – como valores, saúde e segurança, compliance – em pílulas que reforcem a identidade.
  • Meça o impacto
    Acompanhe acessos, taxas de conclusão e engajamento. É assim que você comprova se o microlearning está funcionando.

💬 Seu case merece estar entre os melhores do Brasil

O Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores (PEMCC) chega à sua 4ª edição e está pronto para reconhecer as marcas que estão transformando a comunicação interna em vantagem competitiva. Este é o único lugar em que a comunicação interna tem esse protagonismo. Inscreva seu case e mostre ao mercado como sua empresa engaja e inspira.

São 20 categorias para você mostrar seu impacto – de Influenciadores Internos a Memória Organizacional, passando por Gestão de Crise, Liderança comunicadora e Campanha, entre outras. Com tantas opções, há uma categoria que certamente combina com o seu projeto. Ao participar, você garante presença no Banco de Cases gratuito, visibilidade nas plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, recebe a newsletter mensal e ainda participa do Fórum Anual de Comunicação Interna, trocando experiências com os maiores nomes do setor, e da apresentação dos cases vencedores.

📲 Para garantir sua inscrição, acesse o site do PEMCC ou fale com Pedro Ramos pelo WhatsApp (62) 98643-2791. O futuro da comunicação interna é construído por quem decide participar – e o próximo passo é seu.

Conteúdo RelacionadoArtigos

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email