O Dia da Imprensa é comemorado dia 1º de junho porque foi a data que começou a circular o jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa, considerado o marco do surgimento do primeiro veículo de imprensa nacional. Apesar de ser editado em Portugal, pois era proibido a existência de jornais na colônia, o jornal chegava clandestinamente ao Brasil.
o Dia da Imprensa chegou a ser comemorado em 10 de setembro, pois em 1808 neste mesmo dia, ocorreu a primeira circulação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, este o primeiro veículo de imprensa editado no Brasil. Mas os estudiosos defendem que o Correio Braziliense é o marco original e a data de sua fundação começou a marcar essa efeméride a partir de 1999.
Profissionais falam da Data

O jornalista e professor titular da USP, Eugênio Bucci, afirma que “a imprensa é o único método social capaz de ajudar o público a examinar, com base nos fatos, o exercício do poder. Não há, em qualquer modelo de democracia conhecido, outra instituição que entregue o mesmo serviço para a sociedade. Além disso, a imprensa, em sua atividade diária, expande na prática a liberdade de expressão e o direito à informação. Ela dá mais vigor à política democrática”.

Também falando de democracia, Regina Bucco, diretora-executiva da Associação Nacional das Editoras de Revista (Aner) declara que “o Dia Nacional da Imprensa é uma data que nos convida à reflexão sobre o papel essencial da imprensa na sustentação da democracia. Uma imprensa livre, plural e ética é o principal antídoto contra a desinformação e a manipulação — ela garante que o cidadão tenha acesso a informações confiáveis para exercer seus direitos e deveres com consciência”. E entre os desafios enfrentados pela imprensa, aponta que “é o ambiente digital desregulado, onde conteúdos falsos circulam com rapidez e sem responsabilidade. Soma-se a isso o enfraquecimento dos modelos tradicionais de financiamento do jornalismo, o que ameaça a sustentabilidade de veículos sérios e comprometidos com o interesse público. Para superar esses obstáculos, precisamos de políticas públicas que valorizem o jornalismo profissional, de parcerias responsáveis com as plataformas digitais e, sobretudo, de um esforço contínuo de reconexão com a sociedade. A imprensa não existe sem leitores — e fortalecer esse vínculo é parte do caminho para um futuro mais justo, transparente e democrático”.

Apesar de vivermos uma democracia plena, a imprensa sofre hoje grande pressão de políticos de direita, numa tentativa de intimida-la. Falando a respeito, Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) opina que “apesar de todas as ameaças e intimidações, a imprensa hoje e no futuro será ainda mais relevante para a sociedade. Uma vez que as as big techs e as plataformas de IA não assumem sua responsabilidade com a informação de qualidade e a verdade, cabe cada vez mais ao jornalismo essa função essencial para a sanidade e estabilidade do planeta. Por isso, no Dia da Imprensa é preciso refletir também sobre a sustentabilidade desta atividade no longo prazo e valorizá-lá como a última trincheira diante da perda de referências sobre a realidade e os fatos”.

Do ponto de vista do financiamento, Francisco Belda, diretor do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), declara que “neste Dia Nacional da Imprensa, vejo que os principais desafios enfrentados pelo jornalismo hoje envolvem a busca por modelos de financiamento que assegurem a sustentabilidade econômica, em um cenário de intensa competição por publicidade e audiência com novos canais e atores online que, muitas vezes, não compartilham dos mesmos princípios técnicos e éticos das redações profissionais. É fundamental fortalecer os principais editoriais e valorizar o trabalho dos jornalistas para diferenciar a produção profissional de notícias frente à desinformação e ao conteúdo de baixa qualidade. Por fim, cabe à imprensa manter-se como uma voz relevante na opinião pública, em defesa das instituições democráticas e dos princípios de racionalidade na formulação de políticas públicas e na fiscalização dos governos, em todos os níveis”.

A jornalista Natalia Cuminale, fundadora do hub Futuro da Saúde, que teve um papel fundamental de combater a desinformação na época da pandemia a Covid, também defende a importância da imprensa contra as fake news: “A imprensa sempre foi fundamental e nos últimos tempos continua ainda mais relevante, principalmente num cenário em que as informações e a desinformação são disseminadas a partir de várias mídias, com amplificação a partir também das mídias sociais. Assim, o conteúdo apurado pelo jornalista, dentro de uma estrutura de checagem dos fatos, a procura pela fonte correta e a estruturação disso numa linguagem que seja acessível e palatável para a população, é essencial. Dentro desse contexto, as empresas também têm o seu papel, justamente para ajudar nessa comunicação entre o jornalista ao trazer dados que são relevantes e transparentes sobre o que pode ser de interesse público. Hoje, todos precisam trabalhar em prol da informação para combater a disseminação de notícias falsas, a desinformação e a falta de cuidado com o conteúdo e com a fonte”.

Na opinião do jornalista brasileiro Vicente Nunes editor-chefe do Público, em Portugal, “o maior desafio da imprensa hoje é se sobrepor às fake news, que têm se propagado de uma forma impressionante. A verdade foi relativizada, as pessoas acreditam no que querem e no que veem nas redes sociais. Informar com credibilidade hoje requer um esforço extra, pois é preciso furar a bolha da mentira. Mas, apesar de todas as dificuldades, nunca a imprensa séria foi tão necessária. E nós, jornalistas, estamos dispostos a vencer essa guerra entregando um trabalho de qualidade todos os dias”.

o psicanalista, professor e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, Rodolfo Araújo, também destaca que “não há democracia sem imprensa livre. O jornalismo profissional tem uma relevância imensurável em um contexto nebuloso entre fatos e versões. Um ambiente institucional saudável, organizações bem geridas, profissionais valorizados e bem formados são os pilares para que os desafios contemporâneos possam ser respondidos com qualidade, presença e força”.

O professor-doutor Robson Bastos da Silva, coordenador de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e professor da Universidade de Taubaté (Unitau), falando sobre a importância do ensino de jornalismo, diz que “é de vital importância para a qualidade da Imprensa, porque os alunos aprendem técnicas profissionais, mercadológicas e principalmente Ética Profissional. Serve para compreender o perigo Fakenews e como evitar. . 2-Temos hoje muitos desafios, como : chegar próximo do público-alvo, tendo em vista que existe muita produção na Internet. Produzir conteúdo relevante que consiga ter sustentabilidade. Conseguir diferenciar os portais e sites verdadeiros dos demais. O trabalho do Jornalista hoje ficou mais sofisticado, porque envolve produção de textos, áudio, vídeo e edição. Tem que ser um profissional completo para todas as áreas da Mídia. Por isso, ter um repertório cultural é vital para esse profissional conseguir ser bem sucedido”.
Assessorias e empresas

Fernanda Dabori, fundadora da Advice Comunicação Corporativa, complementa que “o Dia Nacional da Imprensa é uma ocasião para refletir sobre a sua importância na sociedade. Uma imprensa livre e independente é essencial para fortalecer a democracia, promovendo transparência, responsabilização e o direito à informação”.
Sergio Amad CEO da Fiter, empresa que atua com o tema de felicidade e ciência de dados, declara que “a imprensa exerce um papel vital ao educar, influenciar e conectar a sociedade. Para as empresas, ela é aliada estratégica na construção de reputação, cultura e confiança. O principal desafio está na desinformação e na pressão por agilidade, que podem comprometer a profundidade. A superação exige fontes responsáveis, dados confiáveis e parceria ativa com organizações comprometidas com o bem comum e o impacto social positivo”
B3 homenageia jornalistas
A B3, bolsa de valores do Brasil, reuniu os veículos centenários de comunicação do país para celebrar a história da imprensa brasileira. Jornalistas que atuam e representam os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico foram convidados para o toque especial de campainha de abertura do mercado financeiro.
“Hoje homenageamos os jornalistas e o papel essencial da imprensa na construção de uma sociedade mais informada, ética e democrática. O jornalismo fiscaliza, questiona, dá voz à pluralidade. E a B3 entende essas características como qualidades vitais e participa como parceira. Desde 2001, a bolsa de valores do Brasil tem orgulho de oferecer um curso de formação exclusivo para jornalistas que acompanham a economia e os mercados de capitais”, afirma Gilson Finkelsztain, CEO da B3.
O evento reforça a conexão entre o desenvolvimento econômico e a liberdade de imprensa, elementos fundamentais para uma sociedade democrática e informada.
“Tanto a bolsa de valores quanto a imprensa enfrentaram e venceram desafios semelhantes: a digitalização, a disrupção trazida pela internet, a exigência por mais velocidade, qualidade e acessibilidade. Hoje, enquanto jornalistas publicam conteúdos em múltiplas plataformas, em tempo real, a B3 registra negócios em menos de um milissegundo. Literalmente, mais rápido que um piscar de olhos”, ressalta Gilson Finkelsztain.