No ritmo acelerado em que vivemos, é fácil esquecer o caminho que nos trouxe até aqui. Mas o que seria de nós sem a bagagem que carregamos? Seja na vida pessoal ou no mundo corporativo, o legado é um ativo poderoso – desde que usado de forma estratégica. Assim como aquele avô ou avó que cativa os mais jovens com histórias cheias de significado, a comunicação interna pode inspirar e engajar seus colaboradores por meio da memória organizacional, mostrando que revisitar o passado é crucial para construir o futuro. Afinal, como já dizia o filósofo e poeta hispano-americano George Santayana: “aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.”
Transformando memórias em inovação
Quando falamos em memória organizacional, é quase inevitável imaginar uma pilha de documentos cobertos de poeira – relatórios e formulários antigos – todos confinados em uma salinha escura e esquecida. Mas e se essas memórias fossem o ponto de partida para algo novo? Imagine uma empresa como o Banco do Brasil, a primeira e mais antiga instituição financeira do país, com 216 anos de história. Por lá, resgatar esse passado não é apenas motivo de celebração, mas uma estratégia fundamental para moldar o futuro do BB. “No caso do banco, que tem a sua história entrelaçada ao desenvolvimento do país, revisitar a sua atuação ao longo do tempo é também uma forma de incentivar o protagonismo dos atuais funcionários”, crava Alessandro Pereira, gerente executivo em exercício para assessoria de imprensa, comunicação interna e risco de reputação do BB.
Um exemplo marcante desse resgate histórico foi o minidocumentário produzido sobre o modelo de consórcio do Banco do Brasil, um sistema inovador criado por funcionários na década de 1960 e que permanece relevante até hoje.
Para Alessandro, essa narrativa significou uma oportunidade ímpar de conectar passado e presente, reconhecendo por meio de um case de sucesso o legado de uma instituição bicentenária. “Mais de 60 anos depois, a equipe de comunicação interna se debruçou sobre essa memória organizacional, uma invenção que transformou o segmento financeiro no país, para produzir conteúdo”, relembra. A iniciativa deu tão certo que foi a vencedora da categoria “KPI de efetividade” no Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores (PEMCC) de 2023.
Jornada em construção
Mas quem disse que apenas empresas centenárias têm histórias para contar? Mesmo entre as mais jovens, conceitos como legado e memória organizacional são indispensáveis para orientar mudanças e alinhar equipes. As histórias podem ser mais recentes, mas nem por isso são menos significativas – até porque, no fim das contas, tudo vira aprendizado. Esse é o caso da Syngenta, referência global em tecnologia agrícola. Com 25 anos de estrada, a empresa acumula duas décadas e meia de evolução e, apesar de ser relativamente jovem, já enfrentou transformações profundas, como mudanças de estratégias de negócio e na liderança.
Não importa se o passado está a séculos ou apenas algumas décadas de distância. É a comunicação interna que conecta os colaboradores à memória organizacional, resgatando histórias que, direta ou indiretamente, podem inspirar soluções para os desafios do futuro. “Ela não só pode, como deve transformar os aprendizados do passado em ações inovadoras”, destaca Nêmora Reche, head de Comunicação Corporativa da empresa. E essa responsabilidade não vem por acaso: segundo ela, uma boa comunicação interna tem o poder de fortalecer a cultura organizacional, potencializar o engajamento, reduzir ruídos e reforçar o senso de pertencimento. “E isso tudo é fundamental para o sucesso de uma organização”, completa a porta-voz.
Fonte de conhecimento
Na prática, os aprendizados acumulados ao longo dos anos se tornam uma fonte valiosa de conhecimento quando bem canalizados pela comunicação interna. Cada novo processo é uma oportunidade de aprimorar a gestão de mudanças, fortalecendo o diálogo com o colaborador. Como bem ressalta Nêmora, esse ciclo de aprendizado permite que as pessoas compreendam com maior clareza o propósito das transformações e se engajem mais.
Na Syngenta, a comunicação interna se apoia em uma série de ferramentas para cumprir esse papel. Uma delas é a newsletter “Cultura online”, enviada duas vezes por semana para manter o público atualizado sobre lançamentos, eventos, treinamentos e outros temas do dia a dia. “Também contamos com outros canais para orientar líderes e municiar grupos específicos com informações-chave. Acompanhamos métricas para avaliar resultados, o que nos permite aprimorar o que funciona e construir novos caminhos alinhados ao propósito da organização.”
Quando contar histórias é mais que nostalgia
Todo mundo gosta de ouvir uma boa história, mas, no ambiente corporativo, elas têm um propósito ainda maior: fazer com que os colaboradores se enxerguem como parte dessa narrativa. Mas como fazer isso sem cair na mesmice? Alessandro Pereira, gerente executivo de comunicação interna do BB, acredita que o segredo está na identificação. “Gente gosta de gente e de se ver representada a partir das experiências de outras pessoas. Histórias que materializem as mensagens da empresa aproximam, conectam e engajam”, explica.
Essa aproximação com o público ganha ainda mais relevância no cenário atual, onde a sobrecarga de informações ameaça desconectar o colaborador em vez de engajá-lo. E é aqui que a memória organizacional se torna uma aliada poderosa da comunicação interna. Ao resgatar as histórias do passado, as organizações não apenas humanizam suas metas, mas também dão vida aos personagens que fizeram e fazem parte da jornada da empresa. “A organização é feita por pessoas. Conquistas e marcos organizacionais são protagonizados por indivíduos, muitas vezes atuando em equipe. Identificar esses personagens dá vida ao propósito da instituição”, reforça Alessandro.
Engajamento e pertencimento
Se engajar os colaboradores já é um desafio e tanto, criar senso de pertencimento, com certeza, é ainda mais complexo. Por isso, o legado de uma organização não pode ser negligenciado “jamais”, mas valorizado e compartilhado entre todos os stakeholders. Como bem destaca Nêmora Reche, da Syngenta, cabe à comunicação interna usar a memória organizacional para preservar e transmitir a essência da empresa, carregando em si todas as conquistas, valores e transformações que moldaram sua trajetória. Afinal, para sentir orgulho de algo, é preciso se identificar com o que se faz e compreender o que já foi feito.
Nesse contexto, a forma como as histórias são contadas também faz toda a diferença. Para criar valor, é preciso construir narrativas que conectem as pessoas e deem vida ao que a empresa representa. A Syngenta, por exemplo, encontrou no Cultura Cast um jeito inovador de fazer isso ao transformar notícias corporativas em conversas leves e envolventes. “Desde o lançamento do podcast, diferentes colaboradores são convidados a participar. Com roteiros preparados para apoiá-los, cada participante aborda um tema que será divulgado para a companhia. Dessa forma, o público recebe as novidades diretamente de seus colegas”, explica.
Também vale citar o Syngenta Creators, programa que transforma os colaboradores em agentes de comunicação interna. Após um processo de seleção, os participantes assumem missões como cobrir eventos e compartilhar suas rotinas de trabalho, atuando como porta-vozes da organização. Essa abordagem, segundo a head de Comunicação Corporativa da Syngenta, permite que os colaboradores se tornem protagonistas da narrativa organizacional, fortalecendo o senso de pertencimento e conquistando reconhecimento por sua contribuição.
A memória em tempos de mudança
Transformar colaboradores em protagonistas é um exemplo de como a comunicação interna pode utilizar a memória organizacional para reforçar valores e engajamento. Essa conexão entre histórias e pessoas ganha ainda mais importância em tempos de transformação, quando mudanças estratégicas podem desafiar o senso de pertencimento e a coesão. Pois é, mudanças são inevitáveis, mas, na maioria das vezes, é olhando para o passado que podemos enfrentá-las com mais segurança e determinação.
No Banco do Brasil, por exemplo, revisitar o passado tem sido uma maneira muito emblemática de reforçar seus valores e impulsionar as mudanças tão necessárias. Um marco simbólico disso foi a ascensão, em 2023, de Tarciana Medeiros como a primeira presidente mulher da instituição, quase um século após a contratação da primeira funcionária. Para Alessandro Pereira, do BB, olhar para a trajetória das mulheres no banco foi essencial para fortalecer a atual cultura de equidade. Para se ter ideia, só neste ano, um de seus compromissos é garantir que 30% das lideranças sejam femininas. “Olhar para trás e refletir sobre os desafios e conquistas das mulheres durante o último século foi um alicerce para promover equidade de gênero e orgulho interno”, destaca.
Mais do que um registro do passado, a memória organizacional tem se mostrado uma força ativa na construção do futuro da instituição. E isso só acontece, segundo ele, porque a comunicação interna realiza um trabalho constante de resgate, transformando as “narrativas de antigamente” em ferramentas vivas de aprendizado e inovação.
Elo cultural
Independentemente da idade da instituição, a memória organizacional se torna um recurso muito valioso quando bem trabalhado pela comunicação interna. No caso da Syngenta, ela serve como um elo que reforça a identidade cultural da empresa e conecta os valores do passado às ações do presente. Campanhas internas constantemente resgatam princípios como “Paixão pelos clientes” e “Crescimento para todos”, mostrando como cada iniciativa reflete esses pilares e fortalecendo o vínculo dos colaboradores com a essência da organização. É esse alinhamento que, segundo Nêmora Reche, transforma histórias em propósito e engajamento genuíno. “A memória organizacional preserva a história, os valores e a cultura da empresa, funcionando como guia para as ações e decisões”, reforça a especialista.
Mas, afinal, por que a memória organizacional é tão essencial para o futuro das empresas? Porque ela permite transformar o aprendizado do passado em ação estratégica no presente. No fim das contas, a memória é o fio que conecta passado, presente e futuro. E cabe à comunicação interna garantir que esse fio não se perca, tecendo uma história que inspire todos os que fazem parte dela.
Na Syngenta, essa visão se traduz em uma comunicação integrada que vai além de simplesmente transmitir informações. A empresa investe em conteúdos humanizados e abordagens autênticas, que reconhecem a contribuição dos colaboradores e os conectam ao propósito maior da companhia. No final das contas, independentemente do segmento, o sucesso está sempre ligado às pessoas – e uma comunicação interna efetiva é o que transforma essas conexões em algo duradouro e significativo.
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