O futuro da comunicação interna é sobre metodologia, não tecnologia

Para Daniel Costa, da Agência BWG, o futuro não depende de novas tecnologias, mas de metodologias eficazes que priorizam a conexão humana e a escuta ativa

Sou do tempo em que, quando a presidência de uma rede de farmácias queria falar com toda força de trabalho, gravávamos um vídeo e fazíamos dezenas de cópias para enviar pelos Correios às filiais, algumas tão distantes que o recebiam somente cinco dias depois. Então a tecnologia revolucionou a Comunicação Interna, e agora a está sabotando, a tal ponto que já não sabemos mais que nosso trabalho não é produzir comunicados, mas sim desenvolver comunicantes.

  “A tecnologia multiplica nossa presença, mas divide nossa atenção. Soma produtividade e subtrai humanidade”

Recentemente o mercado foi surpreendido negativamente com a notícia do fim do Workplace. Eu achei bom! Ainda que incontáveis empresas, dependentes desta ferramenta, ou de outras similares, tenham sido postas em xeque, acredito que este fato marca o início de uma nova revolução. Uma oportunidade de resgatarmos o valor do método, da conexão genuína e da verdadeira humanização.

Isso não significa que abandonaremos as tecnologias na comunicação interna, não se trata disso. Porém, já não podemos mais depender delas ou acreditar que a comunicação acaba quando clicamos no botão enviar. Precisamos, mais que nunca, confiar na metodologia, que passa inevitavelmente pela produção de conteúdos de qualidade e pela mobilização das lideranças.

Questão de método

Na prática, ainda que usem a mesma plataforma (seja Workplace ou outra), há empresas de mesmo segmento e perfis semelhantes que performam muito bem ou muito mal no engajamento dos colaboradores. Livremente inspirado em Tolstói, eu explico: todas as empresas que performam bem se parecem, cada empresa que performa mal, erra à sua maneira. Elas se parecem porque seguem um método e entendem que a comunicação efetiva é, antes de tudo, afetiva.

Ou seja, elas não depositam todas as suas fichas na ferramenta, e limitam o uso das outras tecnologias assíncronas para privilegiar a escuta e o diálogo olhos nos olhos. Me permita aprofundar, ressaltando que em suas rotinas as pessoas não diferenciam “a” Comunicação Interna das muitas comunicações internas e, portanto, os fluxos e canais institucionais sempre concorrem com os operacionais. Quando o volume de informações operacionais é excessivo, o institucional é negligenciado até perder a relevância.

E o que tenho visto (e medido!) no mercado são lideranças receberem mais de 100 e-mails diários, passarem mais de três horas ao dia em 10 ou mais grupos de WhatsApp, consumirem acima de 25 horas semanais administrando o fluxo de informações nas diversas tecnologias assíncronas, um tempo que só cresce, enquanto sua disponibilidade para a gestão das pessoas só diminui. E o pior, esse tempo não é dedicado para falarem sobre estratégia ou inovação, mas para tratar do passado, de falhas na comunicação ou processos, de problemas, enfim, dos famosos incêndios. Aliás, quem paga essa conta?

Humanização

Diante desse contexto, acredito que o futuro da Comunicação Interna depende do passado. Não é sobre automação, mas sobre humanização. O que está por vir não se trata de seguirmos as tendências de mercado, via de regra focadas em resolver problemas operacionais imediatos, mas sim sobre criarmos novas tendências. Quando falamos no uso de inteligência artificial, por exemplo, logo se pensa na produção de conteúdos, quando na verdade, seu foco deveria ser na personalização destes conteúdos para cada ser humano, evidenciando sua experiência na organização.

Precisamos considerar ainda que saímos da era da informação para a era do conhecimento, já não basta comunicar, é preciso explicar. Também vejo um futuro em que nossos produtos de conhecimento também sejam de entretenimento, atendendo não apenas a necessidade, mas o interesse das pessoas.

Mas o principal movimento que precisamos fazer urgentemente é resgatar a humanidade nas relações de trabalho a partir da escuta e do diálogo. Na comunicação interna, isso é metodologia, não tecnologia. Faz sentido pra você?

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