Documentários jornalísticos ganham destaque no streaming

O crescimento exponencial das plataformas de vídeo e áudio tem impulsionado um novo cenário para os documentários e séries jornalísticas

No universo do streaming, as séries têm se tornado uma das principais formas de entretenimento para os espectadores. Além dos dramas, comédias e suspenses, o jornalismo e, principalmente, o jornalismo investigativo ganham cada vez mais destaque nesse meio, apresentando histórias que mergulham nos bastidores dos fatos e que muitas vezes não são abordados em reportagens de hard news também no formato documentários. Com isso, o público tem a oportunidade de se informar e refletir de forma mais aprofundada por meio dessas produções.

A Mulher da Casa Abandonada, Rota 66 e Escola Base são algumas produções de sucesso nas plataformas digitais. De acordo com uma pesquisa da Panorama Mobile Time/Opinion Box realizada em julho de 2022, mais de 66% (ou cerca de 141 milhões) de brasileiros já assinaram alguma plataforma de streaming.

Outro dado interessante é uma pesquisa sobre o número de brasileiros que possuem assinatura em alguma plataforma de streaming, realizada em 2020 pela Kantar IBOPE Media. Segundo essa pesquisa, aproximadamente 81% dos brasileiros afirmaram ter acesso a plataformas de streaming, seja por meio de uma assinatura própria ou compartilhando a conta com familiares e amigos. Isso representa cerca de 168 milhões de brasileiros.

De olho na audiência, os serviços de streaming, inicialmente conhecidos por disponibilizarem filmes, séries e programas de entretenimento, têm ampliado seu catálogo para incluir produções jornalísticas. Grandes plataformas como Netflix, Globoplay, Amazon Prime Video e HBO Max já oferecem documentários, séries e filmes que exploram temas atuais, reportagens investigativas e entrevistas exclusivas.

O tema foi alvo de debate no segundo dia do 5º Fórum de Jornalismo Especializado, Regional e Comunitário, promovido pelo Cecom  – Centro de Estudos da Comunicação e pela Plataforma Negócios Comunicação. Valmir Salaro e Caio Cavechini, ambos da TV Globo, e Antonio Assiz, sócio-diretor da Aramá Comunicações, e professor de áudiovisual, discutiram no painel “Play na história – Como grandes reportagens têm migrado para diferentes formatos”. As mudanças na indústria de mídia e como as plataformas de streaming de áudio e vídeo se tornaram uma ferramenta importante para alcançar novas audiências.

Consumo de informação está em transformação 

Os avanços tecnológicos têm transformado drasticamente a indústria de mídia nos últimos anos. Uma das principais mudanças é a ascensão das plataformas de streaming de áudio e vídeo, que se tornaram uma ferramenta crucial para os jornalistas alcançarem um público cada vez mais amplo.

Antonio Assiz

Antonio Assiz fez o esquenta no assunto lembrando que estamos assistindo a grandes reportagens de TV ou da mídia impressa sendo republicadas em formato mais longo de vídeo e algumas em episódios, formando ainda, em alguns casos, séries para a TV e ganhando muito fôlego nos streamings. “São histórias reais, contadas com o rigor da apuração jornalística, mas que ganha novos ingredientes, na verdade um novo formato”.

Caio Cavechini acredita que o momento de consumo audiovisual está em transformação, com a atenção das pessoas dividida entre múltiplas telas e estímulos. “É uma nova janela que se abre tanto para os telespectadores quanto para os profissionais. Mas ainda é difícil conseguir investimentos”, alerta o jornalista.

Para os jornalistas, essa nova era da mídia oferece grandes oportunidades. As plataformas de streaming, como podcasts e programas de televisão online, permitem que eles ampliem sua audiência e alcancem pessoas que, de outra forma, não seriam atingidas pelos meios tradicionais de comunicação.

Valmir Salaro lembra que, com a liberdade de tempo que muitas vezes não é possível nas reportagens televisivas, no streaming é possível aprofundar as discussões, explorando os diferentes lados das histórias, tendo uma gama maior de fontes e mais dados. “No streaming, o tempo é maior e as histórias podem ser contadas em muito mais detalhes, explorando o lado das pessoas envolvidas”, opina.

Streaming e a liberdade criativa e o tempo

As plataformas também oferecem mais liberdade criativa para os jornalistas, permitindo que explorem novos formatos, linguagens e temáticas, tornando possível utilizar sua criatividade e conhecimento de maneira mais eficaz. Isso ajuda a criar um conteúdo diversificado e atraente para diferentes tipos de público.

Caio Cavechini

A inclusão de produções jornalísticas nos serviços de streaming é uma resposta à demanda do público por conteúdo informativo e de qualidade, indo além do entretenimento. Além disso, essas plataformas têm investido cada vez mais em produções originais, incluindo narrativas jornalísticas que buscam informar e engajar os espectadores.

Caio lembra que contar uma boa história é uma parte essencial do jornalismo e o audiovisual é o meio ideal para isso. “O desafio é manter as pessoas envolvidas nesse conteúdo por tempo suficiente, e os jornalistas têm a responsabilidade de garantir sua credibilidade”, conta o jornalista, enfatizando que as produções não podem ser falsas, mas precisam cativar o público com boas histórias e contexto.

Monetizar para produzir 

Outro desafio é a monetização desse conteúdo. Embora as plataformas de streaming ofereçam um público maior, a receita gerada muitas vezes é menor em comparação com os meios tradicionais. Isso exige que os produtores encontrem novas formas de monetização e estabeleçam parcerias com anunciantes e marcas para sustentar seus negócios.

Cavechini aponta que o país ainda precisa investir na qualificação de profissionais, e a iniciativa pública desempenha um papel fundamental. “O audiovisual precisa de investimentos permanentes, principalmente públicos, para impulsionar essa indústria criativa, que depende de novos formatos”, acredita Caio.

Valmir Salaro

O jornalista também destaca que a qualificação é essencial para capacitar mais profissionais especializados no audiovisual. Salaro complementa a discussão, lembrando que a produção jornalística em si é cara, seja pelo número de profissionais especializados envolvidos ou pelo tempo de apuração: “Uma reportagem investigativa não é barata, custa tempo e dinheiro. Envolve muitas pessoas até que seja veiculada”, conta Salaro.

Apesar dos desafios, os jornalistas Valmir Salaro, Caio Cavechini e Antonio Assiz acreditam que as mudanças na indústria de mídia são inevitáveis e estão dispostos a se adaptar e fazer o máximo para conquistar e manter sua audiência nesse novo cenário digital. Eles enxergam as plataformas de streaming como uma oportunidade de crescimento e alcance, e estão confiantes de que, com criatividade e adaptação, os grandes veículos de comunicação podem continuar sendo relevantes e influentes na sociedade.

Infelizmente, esse painel não ficará gravado no Youtube. Outros painéis do 5º Fórum de Jornalismo Especializado, Regional e Comunitário  estão disponíveis no canal do Youtube da Negócios da Comunicação, totalmente gratuitos.

Opinião de marca

Lilian Torres, Bayer

“Os novos formatos de jornalismo no streaming e vídeos trazem avanços significativos para o setor de comunicação”, avalia Lilian Torres, coordenadora de Comunicação para os negócios de Farma e Consumer Health na Bayer – empresa que apoiou este evento.  “Essas formas de mídia permitem uma narrativa visualmente envolvente e aprofundada, transmitindo informações de maneira acessível e impactante”,continua. “Além disso, eles facilitam o acesso, atingindo um público mais amplo e diversificado. Esses formatos têm o potencial de educar, informar e promover uma maior conscientização sobre questões importantes para os negócios, desde que sejam mantidos os princípios éticos e a integridade da organização. Por isso, em minha opinião, a comunicação empresarial precisa acompanhar esses novos canais, para falarmos a mesma língua do consumidor e, como consequência, termos a inovação e criatividade como aliadas, uma vez que esses novos meios têm esses aspectos como pontos fortes.

Ao falar sobre a importância dos patrocínios corporativos nesse formato, Lilian diz que a aproximação das marcas nesse novo tipo de formato audiovisual “reside no potencial de engajamento e conexão com o público, uma vez que elas podem demonstrar seu compromisso em fornecer valor aos consumidores, estabelecendo-se como autoridades no setor. A pesquisa da Reuters, por exemplo, apresentou um aumento considerável no interesse dos jovens em narrativas de vídeos verticais em relação aos conteúdos tradicionais, o que comprova a força dos novos canais”.

“Além disso”, continua a gestora, “ao patrocinar ou produzir esses materiais, os negócios têm a oportunidade de contar histórias impactantes, criar conexões emocionais com o público e fortalecer sua imagem de forma autêntica. Essa conexão pode impulsionar o reconhecimento da marca, a fidelidade do cliente e a construção de relacionamentos duradouros.

As assessorias de comunicação desempenham um papel fundamental na colaboração dos planos de comunicação nas empresas, ainda segundo Lilian. “Na Bayer, por exemplo, a nossa assessoria trabalha em estreita colaboração com as equipes de produção, fornecendo informações precisas, dados relevantes e acesso a especialistas ou porta-vozes da marca. Além disso, eles garantem que as histórias sejam alinhadas aos valores da marca, transmitam sua mensagem de forma autêntica e estejam em conformidade com as diretrizes éticas e legais. Eu acredito que, ao colaborar nesses formatos, as assessorias de comunicação podem ampliar a visibilidade da marca, estabelecer sua credibilidade e fortalecer a relação com o público-alvo”.

 


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O evento contou com uma ação beneficente de arrecadação de recursos em prol da Casa Hope, instituição de apoio biopsicossocial e educacional a crianças e adolescentes de baixa renda com câncer.


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