Pesquisa revela mudanças de comportamento de jornalistas e consumidores de notícias

A III Pesquisa sobre o Impacto da Pandemia nas Redações da América Latina foi feita pela agência Latam Intersect PR, ambientada no metaverso, e comprova que jornalistas e consumidores de notícias estão cada vez mais digitais

Centro de Convenções da agência no metaverso, com avatares de jornalistas presentes

 A Latam Intersect PR lançou a “III Pesquisa sobre o Impacto da Pandemia nas Redações da América Latina” no Centro de Convenções da agência no metaverso. A agência foi assim uma das pioneiras e fazer coletivas à imprensa nesse novo ambiente digital e no início do próximo ano também terá um “escritório” no metaverso para abrigar as operações da empresa, sua equipe e receber clientes — ou os avatares de todos — , dentro de uma plataforma própria. Essa nova realidade das agências, funcionando totalmente no digital, é um movimento que está acompanhando uma nova tendência de conviver com o ambiente online e ainda uma nova forma dos profissionais produzirem notícias e também de seu público alvo de consumi-las. Agências de PR, jornalistas, leitores, telespectadores, e ouvintes de rádio (agora mais podcasts), se encontrarão, em algum momento da jornada,  no ambiente digital, e logo mais, no metaverso.

E essa pesquisa comprovou esse movimento. A produção e consumo de notícias caminha para o ambiente digital de forma rápida. As redações e agências estão acompanhando essa trilha, alguns mais, outros menos.

 

Claudia Daré, fundadora e diretora da agência Latam Intersect PR

Claudia Daré, uma jornalista com passagens por grandes veículos de comunicação tradicionais, do grupo Globo — foi correspondente internacional do Valor Econômico e revista Época no México —  e também agências de PR, como a Edelman, recepcionou os jornalistas no metaverso e comentou os resultados da pesquisa.

Em 2019 (guardem essa data), Claudia Daré resolveu empreender com seu sócio Roger Darashah, que hoje mora em Portugal. Claudia vive em São Paulo. Sua equipe de 30 profissionais está espalhada por quase todos os países da América Latina, e ainda na Espanha e Portugal (12 países). Todos em home office. É preciso contar a história da agência para entendermos a pesquisa. Porque esse estudo foi feito para a agência compreender o momento que estava passando e definir rumos de atuação em PR. A agência nasceu com a proposta de atender clientes internacionais na América Latina. E continua assim, como um nicho estratégico. Atende hoje clientes da Austrália, EUA, China, Europa, que desejam ter ou tenham presença na América Latina, e atuantes em diversos segmentos econômicos.

Retomando as origens, a Latam Intersect PR surgiu em setembro de 2019, com um escritório físico na Avenida Paulista, em São Paulo. Tudo estava indo muito bem, operando com clientes grandes, mas em seis meses chegou a pandemia do Covid-29. “Fechamos o escritório e nunca mais voltamos lá”, recorda Claudia Dare, sem nenhum sentimento de nostalgia. Mas a mudança abalou as estruturas da forma de trabalhar, mas a agência não parou nem perdeu clientes. Foi um período de incertezas, principalmente para agências de comunicação. Mas revelou um negócio de formato diferente e eficaz. “Passamos a ser uma agência digital, e agora até pensamos em ter um endereço físico para nossa equipe se reunir eventualmente no presencial, mas isso faz pouco sentido, se pensarmos que toda nossa operação abrange a América Latina e operamos bem no sistema online”, revela, ainda sem muita certeza se terá um endereço tradicional, mesmo para encontros ocasionais.

A agência, de certa forma, foi beneficiada nos dois anos caóticos do isolamento social, porque atuou com grandes empresas de tecnologia, que venderam muito equipamento para quem estava operando em home office.

No início da pandemia Claudia e seu sócio quiseram entender esse novo momento para nortear o planejamento estratégico e investiram em pesquisa. A primeira foi em junho de 2020. “quando estávamos trancados em casa e começamos a perceber que tudo estava mudando, principalmente a reação entre fontes e jornalistas; estes não estavam mais nas redações”, recorda. “Naquele momento fomos atrás dos whatsapps dos jornalistas ou contatamos eles através das redes sociais. Porque nas redações, ninguém mais atendia o telefone. Os jornalistas também começaram a buscar fontes, aspas, direto no Linkedin ou no Twitter dos porta-vozes. A primeira pesquisa revelou isso”.

A segunda pesquisa aconteceu entre setembro e outubro do ano passado, “porque ainda tínhamos uma certa restrição para circular na cidade, as pessoas começavam a sair mais de suas casas, mas havia passado o que foi o pior momento da pandemia, e queríamos saber o que mudou entre um momento e outro, como os jornalistas estavam se adaptando”, explica a empreendedora. Essa terceira pesquisa, segundo Claudia, foi uma consolidação, “as pessoas continuam trabalhando em casa, não porque são obrigadas, mas porque preferem assim”. O estudo, segundo ela, ajuda a entender como as redações estão funcionando para “a gente alcançar os jornalistas de forma mais assertiva”. Não só os jornalistas, a novidade nesse terceiro levantamento foi pesquisar o comportamento dos consumidores de notícias, em toda América Latina. O comportamento de jornalistas e consumidores tem sido semelhante na região, com pequenas diferenças, como o “uso de redes sociais para o bem (se informar melhor) ou para o mal (proferir ou consumir fake news)”. A III pesquisa foi feita entre agosto e setembro de 2022, e essa série rendeu um prêmio Jatobá para a agência, no ano passado.

Resultados da III Pesquisa

Entre os destaques da terceira pesquisa sobre o impacto da pandemia nas redações — que compila as respostas de jornalistas da Argentina, Brasil, Colômbia, América Central e Caribe, Chile, México e Peru — estão informações sobre a evolução da relação entre o jornalismo e as mídias sociais, a saúde e bem-estar dos jornalistas, estilos de trabalho preferidos e previsões para o futuro da forma como os profissionais produzem notícias.

Metade (50,9%) dos jornalistas utiliza as mesmas plataformas de redes sociais para comunicações pessoais e profissionais, 11,4% admitem sentir-se incomodados quando os profissionais de relações públicas entram em contato através das suas redes pessoais e 45,8% citam como problema a recepção constante de informação por canais diferentes em todos os momentos, dia e noite.

Quase dois terços (62,3%) dos jornalistas latino-americanos consideram o uso das redes sociais em nível profissional como o maior e mais duradouro impacto da pandemia de COVID-19 e de suas restrições resultantes, enquanto mais da metade (54,6%) dos consumidores latino-americanos confiam menos na mídia como resultado da pandemia.

Mais da metade (54,6%) dos jornalistas agora usa as mídias sociais para obter respostas em tempo real dos porta-vozes, enquanto metade (51,2%) também usa regularmente vídeos pré-gravados ou áudios de porta-vozes em seu material editorial. Da mesma forma, 81,1% dos jornalistas latino-americanos consideram o WhatsApp como o principal canal de comunicação para o seu trabalho, percentual que sobe para 96,2% no Chile e 100% na Colômbia.

Apesar de terem passado dois anos desde o auge da pandemia, mais da metade (57,6%) dos jornalistas latino-americanos continua trabalhando principalmente em casa. Mais de um terço (38%) dos jornalistas latino-americanos acredita que os níveis de estresse no trabalho aumentaram nos últimos dois anos, devido à situação econômica e de saúde.

Roger Darashah, cofundador e diretor da Latam Intersect PR.

“Embora os jornalistas continuem sentindo o impacto psicológico da pandemia, a pesquisa nos mostra alguns pontos de mudança interessantes”, diz Roger Darashah, cofundador e diretor da Latam Intersect PR. “Por exemplo, os jornalistas na Argentina têm quase duas vezes mais probabilidade do que os da América Central e do Caribe de pensar que os níveis de estresse aumentaram nos últimos dois anos (47,8% contra 26,6% dos entrevistados). Além disso, as entrevistadas do gênero feminino têm 10% mais chances de relatar um aumento no estresse no local de trabalho nos últimos dois anos (43,3% contra 33,7%), bem como 46,6% dos entrevistados mais jovens (com menos de 35 anos) contra apenas 29,8% de seus colegas com mais idade.”

“Também é interessante ver como 60% dos jornalistas dizem que retornarão gradualmente às redações e aos eventos presenciais”, continua Darashah, “e apenas 31% dos entrevistados dizem categoricamente que nada jamais será o mesmo, nesta porcentagem estão os mais jovens que estão mais inclinados para esta tendência”.

Em relação às previsões para o futuro, quase dois terços (61,6%) dos jornalistas latino-americanos acreditam que a tecnologia do metaverso mudará a natureza do jornalismo, enquanto cerca de um sexto (15,2%) dos jornalistas já participou de um evento de trabalho no metaverso.

Sobre o consumo de noticias na América Latina

Quase um terço (28,3%) dos latino-americanos pesquisados ​​nunca leu veículos de mídia impressa, e 40,5% dos latino-americanos agora confiam nas redes sociais como sua principal fonte de informação. Quase três quartos (72,5%) consomem notícias diretamente dos perfis das postagens nas redes sociais, enquanto 40,6% dizem consumir notícias dos feeds de seus amigos e 36% diretamente dos perfis dos jornalistas nas redes sociais.

Home office fez com que as pessoas passassem a consumir mais informações nas mídia sociais

“Em toda a América Latina, as redes sociais já representam a principal fonte de notícias, seguidas por portais online e televisão”, diz Claudia. “Isso também significa que os meios de comunicação estão se voltando cada vez mais para as mídias sociais para divulgar suas notícias, o que, por sua vez, se reflete na proporção de consumidores ou leitores que acessam notícias diretamente dos feeds dos próprios jornalistas”.

Curiosamente, mais de dois terços (68,7%) dos entrevistados acreditam que a pandemia influenciou seus hábitos de consumo de notícias, o que significa que agora eles ouvem, leem e compartilham mais conteúdo de notícias do que antes. Mais da metade (53,4%) compartilha notícias boas e com as quais tende a concordar, contra apenas 5,9% que partilham notícias com as quais discorda.

“Compartilhar notícias tornou-se uma prioridade fundamental para a mídia, mas é muito mais provável que isso aconteça se o público concordar com o conteúdo. E isso inevitavelmente carrega o risco de aumentar a polarização e as câmaras de eco”, acrescenta Darashah. “Em termos de principais conclusões para as marcas, ficamos surpresos ao descobrir que o café da manhã é o horário preferido para consumir mídia na América Latina, e o Facebook (direto, compartilhado ou de outras mídias é o canal mais popular em toda a América Latina, exceto Brasil, onde o Instagram ocupa o primeiro lugar) Isso é uma realidade e as marcas precisam se planejar de acordo. Além disso, as fontes de notícias precisam estar cientes da enorme influência dos podcasts e, olhando para frente, do potencial de transmitir sua mensagem aos consumidores por meio do metaverso, por exemplo.”

Na América Latina, o Facebook é ainda a plataforma preferida, destaque para 71,1% de preferência no Peru, e 65% no México. Brasil é o único país na América Latina que mostra preferência pelo Instagram, como forma de obter informação, com 54,2% das respostas.

O momento preferido para acompanha notícias de fato foi para café da manhã; dia preferido para se atualizar com notícias, 38,6% disseram que todos os dias. Com preferência para segunda feira. Consumo de mídia, 34,7% le impresso uma vez por mês, quando tem oportunidade ou encontra em algum lugar. E 35,5% disseram que nunca leram revistas impressas, 36,9% pelo menos uma vez por semana ouvem podcasts e 34% escutam podcasts todos os dias; 68,7% compartilham.

Colombia é pais onde leitores de jornais é maior,  Brasil e Argentina apresenta o maior número de não leitores de impressos com 42,7%. E Argentina com 41.9%.

No Brasil mais de 80% buscam as redes sociais para confirmar notícias. Sobre confiança na notícia, Argentina parece como país que menos confia, Entre os países que passaram a confiar mais, México, Colombia, Brasil, com 51,8%. E 54,6% afirmaram que o sentimento de confiança também mudou, e confiam menos na mídia contra 45,4% que confiam.

Em resumo, a mídia já é social, a preferência de privacidade no jornalismo, o fim dos cookies para rastrear leitores em 2023, compartilhar notícias muito provavelmente acontece se o publico concordar, e existe risco de polarização da mídia . Jornalistas trabalham cada vez mais de maneira remota, o que está nas redes é o que vira notícia, 34% dos jornalistas publicaram uma declaração de porta voz que estava nas redes sociais, Se acontecer de manhã, vai estar no facebook, no Brasil estaria no Instagram. O café da manhã é o momento preferido e o Facebook é o mais popular na A.L. Podcats já são uma fonte significativa no Brasil, e 61,3% dos jornalistas acreditam que a tecnologia no metaverso mudará a maneira de consumir notícias.

Metaverso no PR

Para Claudia Daré, ainda estamos engatinhando no processo de entrada no metaverso. “Eu vivi a comunicação pré-Web2, quando o mundo mudou e descentralizou a informação. Ela saiu das redações, do controle de algumas pessoas e foi para todo mundo. Com as redes sociais, todas as pessoas passaram a ser produtoras de notícias e conteúdos”, lembrou a diretora da Latam Intersect PR. Segundo ela, “as marcas viraram creators e os creators viraram marcas”.

Escritório no metaverso da agência Latam Intersect PR a ser inaugurado em janeiro

Claudia sabe que o metaverso é o futuro, mas já está no presente. E só não está mais consolidado por problemas de infraestrutura, como a disponibilidade de conexão banda larga para boa parte da população. Na coletiva à imprensa no ambiente metaverso, para falar da pesquisa, a Latam Intersect realizou em dois momentos, um pela manhã, para jornalistas brasileiros e outro no início da tarde para profissionais da América Latina. No ambiente digital os participantes podiam entrar em diversas salas e ver uma exposição de painéis de jornalistas da região contanto a experiência de trabalhar durante na pandemia. No salão principal, um “telão” onde a dirigente da agência falou sobre a pesquisa.

Claudia comenta que, 71,6% dos profissionais pesquisados acreditam que o metaverso irá mudar o jornalismo. “Já percebemos, aqui no Brasil, a adesão para esse modelo, para as empresas, para lançamento de produtos, e eventos. A gente quis inserir também dentro dessa pesquisa e 15,2% já passaram por algum evento no metaverso, durante o curso de trabalho”.

Por isso realizou essa que foi a primeira coletiva à imprensa no metaverso. Enquanto não inaugura a plataforma própria no metaverso, que está em desenvolvimento, Latam Intersect usa uma plataforma pública, disponível no mercado, onde já realizou alguns happy hours com a equipe, incluindo uma sala de jogos interativa. É uma plataforma primitiva, não tridimensional, diferente da que foi apresentada a coletiva e que será utilizada no novo escritório virtual.

 

Conteúdo RelacionadoArtigos

Próximo Artigo

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email