Especialistas que aprofundam as notícias

A elite do jornalismo especializado abrilhantou o Teatro J. Safra na última quinta-feira (21) para receber uma merecida homenagem pelo trabalho dedicado em buscar a notícia com profundidade, com o devido contexto, e ainda traduzir segmentos técnicos para o público profissional e também para o leigo. A entrega dos troféus da 8ª edição do Prêmio Especialistas, para três jornalistas de cada um dos 27 setores econômicos, envolveu votação democrática dos  próprios profissionais de redação. O evento foi uma realização do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e da Plataforma Negócios da Comunicação. E ocorreu simultaneamente ao resultado e premiação da 12ª Pesquisa Empresas que Melhor se Comunicam com Jornalistas. Em um mesmo ambiente, portanto, profissionais de comunicação corporativa, CEOs de empresas e jornalistas de veículos segmentados, técnicos, e de grandes jornais, revistas, internet e rádios, se confraternizaram, numa oportunidade única para estreitar relacionamentos e fazer network.

A ideia da realização do Prêmio, revelou Márcio Cardial, diretor do Cecom e publisher da Plataforma Negócios da Comunicação, veio da constatação que veículos especializados e técnicos, assim como muitos profissionais especializados de grandes redações, ficavam de fora na maioria dos prêmios em voga no mercado: “Queríamos dar espaço, voz e reconhecimento para esses profissionais e seus veículos que ajudam na cobertura de temas fundamentais para compreendermos a sociedade, a política e a economia brasileira”. E o publisher conseguiu, coordenando há oito décadas um evento de grande reconhecimento por parte dos profissionais de imprensa.

Quem concorda com Cardial é Lilian Moreira, editora da Conexão Mineral — um portal de notícias especializadas criada pela 29 Comunicação, empresa de jornalismo e publicidade com mais de 20 anos no mercado: “Fiquei muito feliz por ter sido novamente premiada [categoria Mineração, Siderurgia e Metalurgia]. Para mim é uma honra participar deste evento, e é muito importante ter uma premiação que fale de segmentos específicos da economia, da sociedade, porque, historicamente, os veículos de comunicação segmentados sempre ficaram um pouco à parte das premiações, com visibilidade menor que os veículos da grande mídia. É uma iniciativa que, quando começou, ficamos muito felizes  dessa possibilidade de participar e mais ainda de receber o premio”. Cobrir esse setor não é fácil Lilian recorda problemas recente com acidentes de barragens, por exemplo, que prejudicou a imagem de empresas do ramo. “Temos que reconhecer esses problemas e cobrar soluções, mas o setor de mineração é extremamente importante para o País, e as grandes mineradoras estão se empenhando muito para minimizar riscos e conseguir realmente levar para a sociedade os serviços relevantes que elas prestam”.

Outra profissional que destaca a valorização do segmento especializado com esse Prêmio é a veterana Hellen Souza, diretora de redação da Revista Plástico Industrial, publicação com 24 anos de existência: “A promoção deste prêmio é uma valorização do nosso trabalho que, até pelo surgimento do evento pela Revista Negócios da Comunicação, o jornalismo especializado e técnico era meio relegado a um segundo plano; então o prêmio veio valorizar o trabalho do jornalista especialista e o de publicações técnicas; trouxe visibilidade para todos nós, e também para o meu caso, que atua no ramo petroquímico”. Para conseguir uma longevidade e prestigio entre os leitores, Hellen credita ao fato de ter feito muitos estudos e pesquisas para se aprofundar no assunto que cobre. E também contextualizar as coberturas com temas de outras áreas, como política economia, que “tangencia os negócios”.

O editor e âncora do Canal Terra Viva —  canal de agronegócios operado pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação inaugurado em 23 de março de 2005 e um dos líderes de audiência no setor — Sidnei Moschio, vencedor pela quarta vez consecutiva [categoria Pecuária], declarou que “é a confirmação de um grande esforço que a gente faz no dia a dia”. Ainda segundo Moschio, “eu trabalho num setor  bastante complexo, que é a pecuária, parece que é só criar boi, mas não é, tem uma coisa muito mais ampla, o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, o maior rebanho comercial do mundo, o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, então é algo bem complexo. E ganhar esse prêmio significa que a gente está conseguindo traduzir esse universo para as pessoas”.

Marcelo Vicente, jornalista freelance do setor de Turismo e Hotelaria, eleito pelo segundo ano, afirmou que o prêmio é um reconhecimento de um trabalho que fazemos na cobertura de turismo no Brasil, e também na cobertura de turismo durante a pandemia, que foi muito desafiador, por retratar todo o caos e os desafios que o mundo das viagens enfrentaram nesse período de restrições de viagens”. Ele revelou que “tivemos que virar uma chave. Antes, minha cobertura era muito focada em destinos turísticos, serviços para os turistas que queriam viajar, basicamente sobre coisas bonitas. Com a pandemia, tivemos que mudar a chave, e começamos a falar sobre como o turismo estava sendo afetado com a pandemia. Fizemos muita cobertura sobre como os turistas, os viajantes brasileiros foram afetados no exterior, principalmente no começo da crise com o Covid-19, e como o mercado de aviação e de hotelaria foi afetado. Para continuar cobrindo e não deixar as pautas morrerem”. Agora, as coisas começam a voltar ao normal.

Entre os profissionais especializados de grandes veículos, a comemoração foi a mesma. Mauro Zafalon, outro veterano no jornalismo, com 50 anos de jornalismo impresso, sendo 40 anos na área agrícola, atuando na Folha de S. Paulo, foi o destaque deste ano na categoria Agricultura. Ele já foi premiado outras vezes neste prêmio, mas admite que a versão 2022 foi especial porque “neste ano completo cinco décadas no jornalismo”. Sobre a cobertura nesse setor, ele opina que “hoje você não precisa viajar tanto. Tem tudo online, tem tudo muito fácil, mas, em contrapartida, a agricultura ficou muito mais complexa. Agora não basta entender só de agricultura, é preciso entender de dólar, de finanças, de economia, porque está tudo muito interrelacionado, o mercado interno, o mercado externo, e isso complica um pouco. Mas é bom atuar nesse ramo”.

Vera Magalhães, colunista de O Globo, apresentadora do Roda Viva da TV Cultura e comentarista na rádio CBN, reconhece que este ano “foi muito difícil” e se declarou feliz em receber o prêmio [categoria Política], principalmente  pelo fato “de dividir esse prêmio com outras duas mulheres [Basilia Rodrigues, da CNN, e Mônica Bergamo, colunista da FSP e Rádio BandNews] pois é um reconhecimento do papel das mulheres no jornalismo político, que é algo que vem crescendo muito nos últimos anos e que teve muita importância na cobertura desta eleição”.

Ivo Ribeiro, editor do Valor Econômico, ganhou dois prêmios, categorias Bens de Capital, e Construção Civil e Arquitetura. Ele declarou estar lisonjeado com o prêmio “porque é um reconhecimento do trabalho da gente, no dia a dia. Principalmente no Valor, que trabalha com pessoas que são especializadas em setores, e você ser escolhido por um determinado segmento é muito gratificante”. Este ano, para o editor, “foi muito mais difícil, um ano de eleições, um ano com eleição muito acirrada, com posicionamentos muito divididos, isso também na cobertura econômica, que se tornou uma coisa mais difícil de fazer. Não é qualquer empresário que queria se manifestar a respeito do que eles enxergavam nos candidatos. Mas o Brasil precisa de paz neste momento”.

Mauro Betting foi o destaque na categoria Esportes. Extremamente ativo e versátil, ele atua como jornalismo esportivo no SBT, na TNT Sports e rádio Joven Pan. E o evento lhe trouxe ainda mais sorte. No coquetel, fechou via telefone o trabalho de comentarista da Copa do Mundo de Futebol no Catar para os jornais O Estado de São Paulo e Correio Braziliense. Ele elogiou os critérios do prêmio, “com um colégio eleitoral dessa qualidade, e com peso que tem essa  premiação eu me sinto muito honrado, e agradecendo sempre os lugares que me empregam”. E  abriu seu coração: “Tenho paixão pelo esporte e por isso me sinto muito feliz em estar entre os premiados deste evento da Plataforma Negócios da Comunicação“.

Patricia Ferraz, expert em Gastronomia no Estadão, declarou ser “uma alegria sempre, uma delícia receber um reconhecimento pelo trabalho, proporciona sempre um estímulo”.  Ela revelou que nestes últimos anos com a crise econômica do Covid-19 mudou um pouco o prato do brasileiro, que busca opções mais econômica. Paradoxalmente, ela admite, “nos restaurantes mais sofisticados, o movimento está altíssimo, o consumo altíssimo, e o setor deu uma animada”. A gastronomia brasileira, informa Patrícia, atingiu grande qualidade. “Agora mesmo teve um prêmio dos melhores restaurantes da América Latina, e dos 50 escolhidos estavam10 brasileiros. E 17 brasileiros estão entre os 100 mais no mundo. O Brasil é o maior pais da região com o maior número de restaurantes premiados”.

RESULTADO | 1ª FASE | PRÊMIO ESPECIALISTAS 2022

Lais Duarte

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