O comportamento do público foi transformado no período da pandemia – que até o momento, se prolonga em todo o mundo. Com acesso à internet e mais tempo em casa, uma pesquisa aponta que houve aumento no consumo de televisão aberta, paga e conteúdos de streaming.
Esse comportamento leva à uma tímida recuperação em investimento publicitário, mas deixa claro o avanço nas mídias digitais, que ganharam força no último ano. Os dados foram coletados pelo relatório do Mídia Dados Brasil 2021, que proporciona um cenário completo do segmento do Big Data no mercado brasileiro. A publicação pode ser acessada por meio do site.
Disponibilizado pelo Grupo de Mídia, o relatório consolida as as informações mais relevantes sobre todos os canais de contato de mídia no Brasil. Além disso, avança no que se diz na coleta do universo digital, peça fundamental para os profissionais dessa área, os quais há décadas são apoiados pelo trabalho do Grupo de Mídia São Paulo.
A responsável por resumir todas as informações e o desenvolvimento de cada edição é Lica Bueno, presidente do Grupo e publicitária. Para ela, a instituição segue em constante reinvenção e aprendizado. “Aprender a pilotar com o avião no ar está na razão de ser do Grupo de Mídia São Paulo”, afirma a publicitária.
“Os desafios mais urgentes são, no momento, operar em real time e ampliar o entendimento da era digital pautada em dados. Todos precisamos ser híbridos e ainda mais ágeis. O mercado demanda dos profissionais de mídia, em especial os que detêm experiência em planejamento estratégico, aperfeiçoamento em relação aos canais digitais, à mídia programática, à BI e gestão de redes sociais”, completa Lica.
O Mídia Dados Brasil 2021: pandemia e as tendências
O estabelecimento do meio digital , com movimentação crescente do segmento de streaming de vídeo, a expansão do e-commerce, com novos sites e marketplaces. E cada vez mais o crescimento da importância dos Influenciadores digitais e podcasts para as marcas estão entre os pontos de aprendizados do estudo.
Luciana Schwartz, que está à frente da equipe responsável pelo relatório e conselheira do Grupo de Mídia, reforça a relevância do empenho coletivo na concretização do anuário. Sobretudo a partir do momento pandêmico, experiência em que todos viveram.
“Sob os impactos da Covid-19, a publicidade brasileira reagiu rápido, buscando se adaptar a um cenário até então inimaginável”, ressalta Luciana. A conselheira ainda fala que “Nas agências, todos os segmentos se desdobraram, em especial a Mídia, tateando no escuro em busca de soluções que mantivessem a proximidade entre as marcas e seus consumidores numa fase de estresse máximo. O Mídia Dados 2021 reflete em suas páginas parte dos esforços nesta direção”.
Entre os dados colhidos e compilados pela publicação estão pesquisas e estudos de empresas renomadas como Kantar Ibope, ComScore, Nielsen, Jovedata, IPC Marketing, IVC e YOUPIX.
O que consta no Mídia Dados 2021:
Um dos pontos constatados no relatório foi que o investimento publicitário, ao longo de 2020, teve uma queda de 19%, segundo o CENP-Meios. E de acordo com o Kantar Ibope Media a queda foi de 9%. Mas já há claros indicadores de recuperação, visto que na TV Aberta e TV por Assinatura, telejornais, programação de entretenimento, com evidência para reality shows como Big Brother (Globo) e A Fazenda (Record), a transmissão de eventos ao vivo, como os esportivos e de entretenimento (Grammy Awards, Oscar, Prêmio Multishow e MTV Miaw Awards) e lives multiplataforma, em parceria com músicos e bandas , ganharam audiência. Combinada aos veículos digitais, a TV atingiu numerosos recordes, com elevados níveis de engajamento.
Uma tendência observada anteriormente, foi que o consumo dos meios de comunicação favoreceu a Mídia Digital, sobretudo os veículos nativos analógicos que também se fortaleceram no ecossistema digital, em múltiplos formatos. Por conta disso, o meio teve crescimento expressivo de audiência e atração de verbas publicitárias, reforçando o papel de protagonismo nos últimos anos. O share da mídia digital passou de 21,2% para 26,7% segundo o CENP-Meios.
Vale lembrar que as lives tornaram-se um acontecimento nos primeiros meses das restrições sociais. E como consequência as empresas anunciantes tiraram proveito do formato, pouco explorado até então, associando suas marcas e produtos à artistas engajados na mobilização por doações para entidades e ONGs. E o crescimento do consumo de Video on Demand (VOD)/Série também se refletiu nas redes sociais, sendo que a Netflix, que ocupa 18 posições entre os Top 20 mais falados no Twitter. O reality “Perdidos em Floripa” do Prime Video (Amazon) ficou em 5º lugar e As Five (Globo Play), na 17º colocação.
No segmento Entretenimento, o Youtube, Uol Splash, Netflix, Globo e Terra ocupam as cinco primeiras posições do ranking. Já, na categoria redes sociais, as Top 5, em número de visitantes únicos são: Facebook, Instagram, Pinterest, Bytedance (Tik Tok) e Twitter. Durante a pandemia, também foi observado um crescimento expressivo do uso de aplicativos. No ranking dos 30 mais acessados, estão apps de entretenimento e notícias como Facebook, Uol, Globo e Twitter, de e-commerce (Mercado Livre, Magazine Luiza e OLX) e de serviços financeiros (caixa.gov.br, Nubank), entre outros.
Os influenciadores ganham destaque também. A maior parte deles construíram canais importantes de comunicação com a população, sendo igualmente relevantes para a difusão de marcas e produtos de alguns dos maiores anunciantes do País, assim como de empresas recém-chegadas à publicidade.
O meio OOH, que nessa edição do Mídia Dados passou a consolidar como dados de mídia em elevadores e mobiliário urbano, apresentou uma redução expressiva de audiência nos primeiros meses da pandemia, principalmente em regiões com forte presença de empresas e opções de lazer. Porém, o meio OOH foi rápido em reagir, acompanhando a volta das pessoas às ruas, segundo o Google/rdbtec.
Já a Rádio registrou um ligeiro aumento de audiência em praticamente todos os grandes mercados brasileiros, consumido nas casas, carros e dispositivos, visto que praticamente todas as emissoras possuem hoje seu sinal digital. E os formatos inovadores torna isso mais fácil, como é caso dos dos Podcasts, que vem ganhando audiência e atraindo a atenção dos anunciantes, de acordo com Podpesquisa – BPOD.
E por fim, no cenário de valorização da informação de qualidade, os veículos de mídia impressa, Jornais e Revistas, conquistaram seu espaço graças à qualidade superior da sua curadoria e proatividade na apuração das notícias em meio a um ambiente corrompido pelas fake news. A audiência do meio teve crescimento em praticamente todos os grandes mercados consumidores. Iniciativas como a da formação do consórcio entre os veículos de comunicação em sua maioria impressos para consolidação dos dados da pandemia foram notáveis. No ranking de sites de notícias com maior repercussão no mobile, os 10 primeiros colocados são: Globo, Uol, Terra, R7, Metrópoles Sites, IG, Folha S.Paulo, UOL Tilt, Veja e Globo Tecnologia.