Produtores de conteúdo exercem influência por meio do meio ambiente e da literatura

Páginas que focam em questões de sustentabilidade e no mundo da leitura promovem transformação de consciência e atraem seguidores mais engajados na sociedade

Temas relacionados ao meio ambiente e à leitura têm entrado na pauta das grandes discussões da sociedade brasileira e do mundo nos últimos anos com força. Enxergando possibilidades de engajar uma audiência nesses nichos, surgem microinfluenciadores que trazem a sustentabilidade e o mundo dos livros à pauta do dia em suas postagens.

Tanto Meio Ambiente quanto Literatura integram a lista de 24 categorias do 3º Prêmio Microinfluenciadores Digitais, promovido pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e pela Plataforma Negócios da Comunicação. O destaque de cada segmento será conhecido no dia 6 de março, durante o 8º

Fórum sobre Marketing de Influência, das 9h às 19h, num evento 100% digital.
Na sequência, três creators contam mais sobre suas páginas e a sensação de responsabilidade ao engajar a audiência em temas tão relevantes para o País.

Literatura

Charlene Arcanjo – @livrosdacha

Sou professora de História do Ensino Fundamental e Médio da rede privada, e a partir deste trabalho com educação, acredito na literatura como ponte para as demais disciplinas, auxiliando-as na melhor compreensão de diversos temas que abrangem a sociedade. Entretanto, o meu perfil se configura como uma página pessoal de informações acerca de apenas uma parte da minha vida literária.
Acredito que o meu interesse nisso tenha surgido após minhas primeiras participações em clubes de leitura na cidade de Fortaleza, em junho de 2016. Comecei a ver vídeos de booktubers e, depois, a acompanhar perfis literários. No meu instagram pessoal eu já postava fotos de livros e senti a necessidade de separar um espaço somente para isso.
Não trato o meu perfil de maneira mercadológica e minhas publicações acontecem de forma instintiva e de acordo com minha vontade no momento. Criei determinado receio com relação ao modo como o Instagram funciona e em como as práticas de publicação precisam ser mecanizadas para que sejamos vistos. Atualmente, não tenho uma frequência certa de publicação. Meu público é formado sobretudo por mulheres e pessoas interessadas em literatura contemporânea, clássica, poesias e clubes de leitura.
Costumo receber livros de autores e autoras que me interessam. Não aceito obras que não conversem com meu estilo e que eu não tenha desejo de lê-las. Já fiz parcerias com editoras como a Companhia das letras e Rádio Londres, mas somente recebendo obras de acordo com o meu perfil e não recebendo dinheiro para divulgá-las ou resenhá-las.
Entretanto, já recebi propostas de autores para ler suas obras e publicar minhas opiniões. Ainda não tenho tanto tempo para dedicar-me a essa atividade, mas já fiz algumas vezes.
Acredito que a dificuldade atual em se falar sobre literatura nas redes se relaciona à entrega do Instagram. Se você não estiver postando constantemente, seu post não será enviado aos seus seguidores. Fora que as pessoas buscam por vezes imagens bonitas para além do conteúdo.
Por outro lado, a transformação das pessoas é um dos motivos que ainda me fazem manter o perfil e seguir fazendo mediação nos clubes de leitura da cidade. Constantemente, surgem pessoas no direct falando que leram determinado livro que indiquei e que essa obra os transformou, como muitas vezes ocorreu com “O filho de mil homens”, do Valter Hugo Mãe e com “O peso do pássaro morto”, da Aline Bei. Ambas mencionadas e indicadas constantemente por mim, obras que considero transformadoras. Foram as mediações de leitura que trazem diálogos excepcionais que tornam a prática literária muito mais rica.

Meio Ambiente

Thayane Franklin – @cacheada_sustentavel

A ideia de criar a página nasceu do questionamento sobre nosso padrão de consumo em relação à beleza e sobre como isso impacta o meio ambiente. Nesse espírito, a conversa com a audiência é bem clara e objetiva.
Hoje, já consegui ganhos financeiros com o perfil. Apesar disso, algumas marcas procuram, mas somente para permuta. Uma marca que procurou para parceria paga foi a BOB, empresa de cosméticos sólidos naturais.
Acho que o principal desafio de falar sobre beleza e sustentabilidade é que as pessoas têm preguiça de tentar mudar certos hábitos. Dessa forma, tenho que falar de uma maneira que não pareça tão difícil, para que a pessoa não queira desistir de mudar um hábito sem ao menos tentar.
Isso é gratificante, porque, com o perfil, as pessoas já tiveram muitas mudanças sim! Muitas vieram me contar que mudaram certos hábitos e eu mesma, por mostrar alguns hábitos, fui aprimorando mais.

Marina Colerato – @marinacolerato

Eu sou diretora-executiva do Instituto Modifica, e esse trabalho está muito relacionado aos conteúdos que eu escolho compartilhar no meu perfil, que é justamente sobre sustentabilidade e meio ambiente. Lá, eu falo de uma forma mais acadêmica e menos jornalística e também trago alguns assuntos que acabam não cabendo no Instituto Modifica.
Pelo pessoal de tendências, eu sou considerada uma early adopter, ou seja, comecei a usar o Instagram bem no comecinho da ferramenta. E minha página é bastante pessoal, eu debato sobre temas bastante pessoais. Ele cresceu a partir do momento em que eu o conectei ao meu trabalho e trouxe essa coisa mais de serviço para a audiência.
Apesar do perfil, eu não sou muito vidrada, eu acredito em manter a saúde mental no Instagram, e isso é bem importante. Eu converso muito mais por inbox – todo mundo tem a liberdade de me mandar direct e normalmente eu respondo todo mundo. E sempre acontece essa troca. Às vezes por comentários, mas no inbox a galera se sente mais livre.
Não tenho ganhos financeiros com meu perfil, porque é muito raro eu aceitar fazer publicidade. Eu tenho várias restrições a respeito de com quais marcas trabalhar ou produtos anunciar e acabo evitando muito fazer. Embora às vezes aconteça, não é minha fonte de renda primária.
O grande desafio que eu enxergo hoje em falar sobre meio ambiente é que é um assunto bastante complexo. As pessoas, e a gente como um todo, por causa dessa rapidez e dessa pressa do mundo, acaba criando um pouco de ansiedade por querer abordar o tema todo de uma vez. Com isso, o desafio é traduzir de uma linguagem muito dura, acadêmica ou específica para uma linguagem mais acessível, com construção de pensamentos mais acessíveis sem ficar raso.
E isso traz resultados. Eu já tive gente que se disse feminista de ver o que eu faço ou que mudou a forma de se alimentar depois de ter contato com a página. É curioso, porque a gente enquanto produtor de conteúdo com essa cara mais de influenciador a gente não sabe de fato o quanto está impactando na vida do outro. E só consigo dimensionar isso a partir dos relatos que eu recebo. Se por um lado eu fico feliz, por outro eu fico preocupada, porque você percebe que está de fato influenciando na tomada de decisão das pessoas, e isso é um lugar de bastante responsabilidade.

Conteúdo RelacionadoArtigos

Próximo Artigo

Portal da Comunicação

FAÇA LOGIN ABAIXO

Recupere sua Senha

Por favor, insira seu usuário ou email