As novas gerações consumirá conteúdo que esteja relacionado aos seus gostos e se o jornalismo insistir em fórmulas pré-fabricadas dos séculos passados ficará para trás. Felizmente há gente de vanguarda pensando e praticando o assunto, caso de Nina Weingrill, cofundadora e coordenadora do programa de Jornalismo Local da Énois Laboratório de Jornalismo, e Edvaldo Pereira Lima, escritor, jornalista, professor universitário, story coach.
Os dois conversaram sobre caminhos para o jornalismo no painel O futuro é agora: Os impactos da nova geração de leitores (e de jornalistas) no mercado, durante o 3º Fórum de Jornalismo Regional e Comunitário, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação, nos dias 1,2 e 3 de dezembro e 2020.
Jornalismo de soluções e jornalismo construtivo
“É importante que a nova geração de profissionais tenha essa noção de que o jornalismo não tem só uma forma de prática e que está sempre em busca da transformação da sociedade”, comenta Edvaldo. “Aquela visão mais unilateral que nós tínhamos, de que o jornalismo é centrado na transmissão da opinião, informação, investigação ou entretenimento é apenas um dos caminhos possíveis.”
Ele trouxe duas propostas de fazer jornalístico que começam a despontar no Brasil, mas já vem sendo trabalhadas há algum tempo no exterior: o jornalismo de soluções e o jornalismo construtivo.
“No caso do primeiro, ele demonstra soluções de problemas que possam atender o público com medidas realmente transformadoras, e não só apontar o problema”, explica.
Já o jornalismo construtivo se baseia em oferecer conteúdos positivos às pessoas, pois o excesso de negatividade, em vez de mobilizar pode levar ao afastamento dos problemas. “Quando você tem uma exposição do público a conteúdos majoritariamente negativos, você pode gerar comportamentos negativos nele. Sua perspectiva de mundo nesse cenário se reduz, ou seja, aquele propósito de ter muito conteúdo como forma de denúncia para estimular a mudança pela indignação, pode sair pela culatra, porque ela pode se afastar as pessoas.”
Jornalismo cívico
Nina Weingrill vai numa direção semelhante com o laboratório Énois, que trabalha para tornar o jornalismo uma profissão mais diversa e inclusiva. A iniciativa nasceu no Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo, a partir de oficinas de comunicação oferecidas a jovens que frequentavam uma ONG.
“Na época, eu trabalhava na SuperInteressante, e eu andava pelas bancas do bairro e não encontrava essa revista, nem a Veja, nem outras que produziam jornalismo”, lembra Nina. Diante dessa percepção, ela se deu conta de que se o jornalismo é tido como quarto poder, ele não estava sendo distribuído às pessoas. “Pensamos em abrir a caixa preta do jornalismo, porque o leitor precisa conhecer o que há por trás do manto da aparente objetividade.”
Nessa toada nasceu o interesse de Nina em se debruçar sobre o jornalismo cívico, que entende o jornalista, antes de tudo, como cidadão pertencente a uma comunidade. “Isso vai muito ao encontro do jornalismo de soluções, porque aí existe um envolvimento negada ao jornalismo por conta da chamada objetividade”, explica. “Como jornalista, eu preciso me engajar nesse processo de melhoria das coisas, sempre respeitando os propósitos do jornalismo, de checagem, de apuração.” Dessa forma, o Enóis já formou mais de 500 jovens da periferia em jornalismo. “Isso é para que a gente possa olhar novamente o papel desse jornalista na sociedade que estamos inseridos”, completa.
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