O jornalismo precisa ser uma ferramenta de combate ao preconceito: profissionais de origens e gêneros diversos nas redações, fontes e especialistas que fujam do padrão estabelecido, pautas mais inclusivas. Pensando neste cenário, Rafael Ferraz, editor do portal Jornalista Inclusivo, e Marília Conill Marasciulo, repórter da revista Galileu e do Projeto Draft, participaram do painel “Notícia contra o ódio: A importância do jornalismo no combate ao preconceito”, durante o 3º Fórum de Jornalismo Regional e Comunitário, promovido pela plataforma Negócios da Comunicação, nos dias 1,2 e 3 de dezembro e 2020. A conversa foi mediada por Antonio de Assis, diretor da Aramá Comunicações.
Diversidade
“O jornalismo tem essa missão de combate ao preconceito, seja nos bastidores, seja na escolha da pauta”, defende Marília Conill. “Às vezes o público em geral não percebe que a simples escolha de uma fonte, que voz a gente vai trazer, já pode ajudar a mudar mensagem e diversificar mais as nossas pautas.”
Ela ressalta uma campanha que a editora da revista Galileu começou de sugerir que sempre se ouvissem especialistas mulheres, que são minoria na ciência. “E a gente também começou a se atentar muito também para trazer especialistas negros, mesmo que muitas vezes, no impresso e no online, a gente não veja o rosto, pessoas diferentes trazem vivências diferentes”, completa. “Porque nossa profissão o trabalho é colaborativo, nunca feito sozinho.”
Inclusão
Rafael Ferraz se dedica à edição do site Jornalista Inclusivo desde junho deste ano, mas seu trabalho se faz presente nas redes desde 2017. “Quando eu fiquei tetraplégico, eu resolvi unir minha profissão à minha condição, para oferecer às pessoas as informações que eu tive que buscar”, explica. “Quando é inevitável trazer uma notícia ruim, a gente sempre tenta trazer uma solução.”
Apesar do foco maior nas questões relacionadas às pessoas com deficiência, o site também trata de assuntos que se relacionam também às pessoas sem deficiência. “Porque a gente acaba sendo lembrado não como um ser humano, como qualquer outra pessoa, mas como uma pessoa com deficiência, como um modelo de superação, com um herói”, comenta Rafael. “E esse tipo de discurso a gente tenta desconstruir.”
Mudanças
Marília considera o jornalismo ainda se apega muito a uma ideia de imparcialidade que acaba contribuindo para ter um efeito negativo. “Mentira é mentira, fato é fato, o que é errado é errado”, diz. “Acho que nós tivemos um caso muito emblemático nos EUA, em que as redes de TV interromperam um discurso do Trump porque o que ele estava dizendo era mentira. Eu acho que como jornalista a gente precisa se posicionar mais.”
E, sobretudo para a representatividade das pessoas com deficiência, ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Somos infelizmente 1% do mercado de trabalho e 1% na política”, lamenta Rafael. “A gente teve uma alta de candidatos com deficiência, mas continuamos como uma minoria da minoria. A manchete que eu gostaria de publicar no meu site é: vamos acessibilizar o mundo, só assim vai ter inclusão.”
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