Estamos cercados por imagens todos os dias. Elas se tornaram tão onipresentes que nos transformamos em observadores passivos das mensagens visuais com as quais nos envolvemos diariamente. Quando as imagens estão em todo lugar, às vezes, é fácil se esquecer de como elas podem realmente nos mover de forma emocional e psicológica, além de expandir os limites de nosso mundo.
Nos últimos vinte anos, a Getty Images avaliou as macrotendências que vão definir o novo estilo de comunicação visual e que terão o maior impacto na publicidade, no marketing, nos negócios e na cultura social. A equipe de pesquisa criativa de especialistas visuais da Getty Images analisa mais de um bilhão de buscas de clientes e 400 milhões de downloads feitos em seu site a cada ano, além de realizar uma pesquisa qualitativa para identificar as tendências que mudam a paisagem visual.
Neste ano, identificamos três grandes conceitos que definirão o tom de 2018. Entre eles, há uma aura de otimismo, já que apontam para uma mudança de visão, para novos heróis. Para muitas pessoas que eram anteriormente invisíveis, cujos rostos ou corpos não estavam incluídos nos principais meios de comunicação, isso realmente importa. São pequenos passos para tornar o mundo mais interessante e culturalmente rico, mas pequenos passos podem resultar em uma grande imagem.
Masculinidade desfeita
Enquanto os anos anteriores foram devidamente utilizados para abordar a representação das mulheres na publicidade e na mídia, há uma consciência crescente de que os estereótipos para representar homens também estão extremamente desatualizados.
Mudanças demográficas e culturais estão tornando as noções unidimensionais comuns da masculinidade irrelevantes e, em 2018, os homens continuarão a ser liberados de estereótipos visuais estabelecidos há muito tempo, pois vemos mais imagens que representam a emoção, a vulnerabilidade e a complexidade masculina. Os papéis de gênero estão evoluindo, já que as conversas continuam a abordar tanto a igualdade para as mulheres quanto a liberdade de rígidas restrições masculinas.
Os dados da Getty Images revelam um aumento de 53% nas pesquisas de clientes pelo termo “pais homossexuais”, enquanto “meditação do homem” cresceu 126% e “Pai solteiro” teve um salto de 60%. As mudanças demográficas e culturais significam que essas noções de masculinidade tradicionais e unidimensionais estão rapidamente perdendo a relevância.
Segundo renascimento
Impulsionado pela busca de uma narrativa visual mais positiva e culturalmente rica por meio da subversão de técnicas de arte clássica, o retrato começou a se voltar para imagens de eras passadas, com a presença de paletas de cores claras e tecidos luxuosos que se assemelham a pinturas. É também sobre uma nova onda de fotógrafos tentando ter uma nova perspectiva sobre as formas de representação herdadas.
Na comunidade negra, fotógrafos jovens estão criando um trabalho que derruba estereótipos e reescreve uma narrativa mais positiva e culturalmente rica. As imagens são onipresentes em um mundo político e social em fluxo e os fotógrafos estão em uma posição privilegiada para dirigir uma nova agenda que defende a diversidade e a inclusão. Reutilizar temas clássicos visuais tornou-se uma ferramenta poderosa para se destacar e aumentar o impacto de uma imagem. A demanda por esse estilo de trabalho está crescendo, com buscas por “luxo abstrato” subindo 186%, já “retrato vintage” registrou alta de 94%.
Realismo conceitual
A combinação da evolução das tendências visuais em longo prazo com novas tecnologias e o atual ceticismo do público em encarar as coisas por meio de seu valor original, gerou uma nova expressão visual: o “realismo conceitual”. O surgimento das mídias sociais tem testemunhado um aumento significativo na demanda por imagens mais “reais” e autênticas. Mas, em uma tendência nascida nos mundos da arte e da moda, os fotógrafos começam a criar mais registros conceituais executados em um estilo realista.
A acessibilidade e a divulgação são componentes importantes quando se conectam com o consumidor de hoje, mas em 2018 veremos criadores impulsionando a exploração desses temas de maneiras cada vez mais inesperadas.
Pesquisas por “conceito inesperado” aumentaram 116%, enquanto as por “realidade” cresceram 176%.
No Brasil, estamos vendo uma chama empreendedora emergir no ambiente atual. Apesar da agitação política e da recessão econômica, o setor de start-up no país tem um crescimento estimado em 30%. Os inovadores no Brasil estão construindo novos ecossistemas de baixo para cima, já que todos os dias os brasileiros “recalibram” suas relações com o poder. Com o poder das pessoas em ascensão, inovações disruptivas abrem novas possibilidades.
A start-up local Nubank, por exemplo, desafia os prestadores de serviços financeiros tradicionais com suas contas centradas no celular, que podem ser configuradas em questão de minutos, ajudando os 60 milhões de brasileiros que não possuem uma conta bancária devido a altas taxas e burocracia. Nossas buscas por “atendimento ao cliente” cresceram 378%. A engenhosidade da cultura start-up brasileira está atraindo investimentos significativos do exterior – São Paulo ocupa o 12º lugar para a inovação start-up em todo o mundo.
Usuários Millennials de telefonia móvel no Brasil gastam uma média de quatro horas por dia em seus telefones, segundo o MMA Mobile Report Brasil 2016 – o país é o lar da quinta maior população millennial do mundo. Em um mercado de celulares saturado, onde a obsessão por smartphones continua a aumentar, as buscas dos clientes por “emoji” cresceram 231% em 2017.
Os millennials resilientes estão criando novos meios e modos de vida, inventando novos empregos, trabalhando para encontrar soluções para as difíceis realidades em que se encontram, buscando dar forma a um futuro melhor. Esta geração é fundamental para reformular o conceito de luxo além do materialismo simples para os produtos com transparência, rastreabilidade e sustentabilidade. Com uma crise de obesidade que se aproxima, eles estão colocando o setor de alimentos sob pressão, no qual a responsabilidade social é fundamental. As imagens que mostram o bem social se conectam com clientes brasileiros cautelosos, onde o futuro é tudo e a comunidade é a chave.
Em um mundo onde o conteúdo é rei, essas tendências são cruciais para as marcas que querem se envolver com suas audiências. À medida que o mundo evolui, as conversas progridem também. A democratização da imagem e do vídeo e as crescentes vozes de influência estão forçando a propaganda a evoluir. Neste ano, tudo passará pela reinvenção das normas.