Comunicação eficaz inspira confiança e melhora resultados

Executivos de RH revelam como comunicação, feedback e propósito fortalecem culturas organizacionais e engajam equipes em meio às transformações do trabalho

comunicação corporativa nunca foi tão desafiadora e, ao mesmo tempo, tão estratégica. Com transformações aceleradas, líderes de diferentes setores reconhecem que dialogar com clareza, oferecer feedbacks consistentes e alinhar propósito são elementos centrais para engajar equipes.

A cultura do diálogo ganha espaço como diferencial competitivo. Mais do que discursos institucionais, trata-se de construir práticas cotidianas que conectem pessoas e resultados.

Cultura e confiança como alicerces

Rodrigo Dib, do CIEE (Credito: Reinaldo Canato): “Cultura é o que acontece quando ninguém está vendo”

Para Rodrigo Dib, superintendente institucional e de inovação no CIEE, a confiança nasce de ambientes transparentes. “Não adianta declarar que a empresa valoriza abertura se o líder não cria espaço real para isso. Cultura é o que acontece quando ninguém está vendo”, argumenta.

Segundo Dib, a horizontalidade é essencial para reduzir o medo de exposição. “É preciso quebrar estruturas verticais e permitir que cada colaborador seja quem realmente é. Só assim a comunicação se torna autêntica e capaz de gerar engajamento”, reforça.

Salim Khouri, diretor de Talentos e Cultura Brasil e Head Global de Diversidade, Equidade e Inclusão na Syngenta, concorda. “Ambientes de confiança são também ambientes inclusivos. Não basta falar sobre diversidade; é preciso garantir que cada voz seja ouvida com respeito. Comunicação inclusiva é a base para a inovação”, comenta.

Salim Khouri, da Syngenta: O silêncio, mina a cultura e afasta talentos

Khouri destaca que a escuta ativa amplia repertórios. “Quando líderes se abrem para ouvir experiências diferentes das suas, fortalecem vínculos e promovem soluções mais criativas. O silêncio, ao contrário, mina a cultura e afasta talentos”, reflete.

Dib reforça que essa postura é especialmente importante diante das novas gerações. “Os jovens já não separam vida pessoal e profissional. Para eles, transparência não é benefício, é condição mínima de pertencimento”.

 

Feedback que gera conexão

Renata Gusmom do Grupo Amil: Feedback não é apenas técnica

feedback aparece como um dos principais instrumentos para alinhar expectativas e fortalecer vínculos. Renata Gusmon, diretora executiva de Pessoas no Grupo Amil, lembra que a prática exige intenção. “Feedback não é apenas técnica. É sobre quando e como se diz, sempre com respeito e propósito”, declara.

Ela cita estudos que comprovam o impacto: “Pesquisas indicam que colaboradores que recebem feedback estruturado têm mais chances de engajamento. É uma ponte entre o que a organização espera e o que cada pessoa pode se tornar”.

Khouri acrescenta que a franqueza deve vir acompanhada de sensibilidade. “Feedback duro pode ser transformador quando feito com respeito. É nesse equilíbrio que os líderes conquistam confiança genuína”, ressalta.

Para Dib, a recorrência é essencial. “Não adianta acumular críticas e despejar tudo de uma vez. É preciso conversar continuamente, transformar feedback em parte da cultura e não em evento isolado”, recomenda.

Renata reforça que essa prática pode até levar à saída de profissionais, mas ainda assim deve ser valorizada. “Em alguns casos, o melhor caminho para todos é a saída. Feedback também serve para mostrar limites com clareza”, pondera.

No trabalho híbrido, desafio é comunicação

Camila Pavan, da Alstom Energia e Transporte: flexibilidade não pode ser confundida com desorganização

Camila Pavan, diretora de RH da Alstom Brasil, traz uma perspectiva de quem gerencia equipes em diferentes modelos de trabalho. “O Home office mostrou possibilidades, mas também desafios. O híbrido exige equilíbrio entre produtividade e conexão humana”, considera.

Segundo a executiva, o retorno ao presencial revelou a importância da convivência. “Não se trata apenas de estar fisicamente. O contato espontâneo, o café, a conversa rápida resolvem muito mais do que longos e-mails ou reuniões online”, argumenta.

Para lidar com a diversidade de contextos, Camila aposta em benefícios e espaços de bem-estar. “Criamos áreas de descompressão e oferecemos atividades físicas. Isso ajuda a valorizar quem está no presencial, sem que se sinta em desvantagem”, relata.

Ela alerta, porém, que flexibilidade não pode ser confundida com desorganização. “Trabalhar de casa não significa estar indisponível. A comunicação clara sobre expectativas é fundamental para evitar mal-entendidos e manter engajamento”.

Khouri complementa que modelos híbridos exigem inclusão digital. “Se parte do time está remoto e outra parte presencial, é preciso garantir igualdade de acesso às informações. Caso contrário, reforçamos desigualdades dentro da própria equipe”.

Segurança psicológica e liderança humanizada

Os executivos ainda reforçam o conceito de segurança psicológica. Para Renata, trata-se de um ingrediente indispensável para equipes de alta performance. “Ambientes seguros permitem que as pessoas errem, discordem e perguntem sem medo de retaliação”.

Camila compartilha a mesma visão. “Liderança humanizada é entender que cada pessoa reage de forma distinta a um feedback. O que funciona para um pode não funcionar para outro. Cabe ao líder ajustar sua comunicação com empatia”.

Dib reforça que essa abordagem exige tempo e presença. “Não dá para liderar apenas por relatórios ou mensagens. A confiança nasce do olho no olho, da disponibilidade real de ouvir o time”, revela.

Khouri acrescenta que a humanização também passa pelo reconhecimento das diferenças. “Equipes diversas prosperam quando líderes entendem que cada trajetória é única e que o respeito é inegociável”.

Todos os executivos entrevistados concordam que a segurança psicológica não elimina a busca por resultados, mas garante que eles sejam alcançados de forma sustentável. “É no equilíbrio entre cobrança e acolhimento que se constrói a performance de longo prazo”, resume Renata.

Futuro do trabalho é diálogo

Os quatro executivos concordam que a escuta ativa será ainda mais determinante nos próximos anos. “Respeito e transparência são os filtros de qualquer conversa difícil”, afirma Renata.

Para Camila, o aprendizado da pandemia deixou lições permanentes. “Não existe modelo único de trabalho. Cada empresa precisa adaptar formatos ao seu negócio e à sua cultura, sempre em diálogo com seus colaboradores”.

Dib reforça que a comunicação é o verdadeiro termômetro da cultura. “Não basta ter slogans inspiradores. O que sustenta uma empresa é o que acontece nas microáreas, no dia a dia”.

Khouri traz com uma visão integradora: “Diálogo é mais do que ferramenta de gestão. É um ato de inclusão, de reconhecimento do outro. Empresas que entenderem isso terão não apenas resultados, mas também relevância social”.

Entre desafios de retenção, diversidade geracional e modelos de trabalho híbridos, a mensagem é clara: comunicar com propósito é, acima de tudo, liderar com humanidade.

Aperfeiçoar a Felicidade Corporativa

Para melhorar os projetos de Felicidade Corporativa nas organizações, Dib diz que exige uma abordagem estratégica, humana e contínua; através da construção de uma cultura organizacional onde as pessoas se sintam valorizadas, ouvidas e engajadas. “O ponto fundamental de partida para essa construção de boas práticas é a escuta ativa dos colaboradores, a fim de estabelecer um diagnóstico real da cultura atual, identificando pontos de ‘dor’ que as equipes estejam sentindo”.

Um segundo ponto importante, ainda segundo ele, é “alinhar os valores e propósito da empresa, fator essencial para que os profissionais se sintam parte da organização e entendam a sua importância dentro desse ecossistema. Este fato está diretamente ligado com uma liderança empática, que realmente saiba ouvir suas equipes e nortear seus comportamentos, promovendo assim, um ambiente com maior segurança psicológica; no qual os indivíduos se sentem seguros para se expressar, errar e sugerir melhorias sem medo de retaliação”.

Por fim, diz ser “imprescindível entender que, cada vez mais, os profissionais buscam um equilíbrio saudável entre suas vidas pessoais e profissionais e uma gestão que compreenda essa questão, tem muito mais sucesso em manter seus colaboradores engajados e felizes naquilo que desempenham”.

Sobre o evento de Felicidade Corporativa, organizado pelo Cecom, diz que, no mercado atual, “cada vez mais torna-se necessário discutir a felicidade e bem-estar dos colaboradores dentro das empresas. Afinal, estar satisfeito com o trabalho é um dos principais desejos das novas gerações, e para isso, não basta fazermos discursos ou palestras vazias sobre bem-estar; é necessário pensar cada vez mais em como construir um ambiente profissional pautado na autonomia, no propósito, na capacidade de integrar profissional e pessoal de forma fluida”. 

E o 5º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa “desempenhou muito bem este papel, trazendo nomes renomados do mercado para discutir com profundidade os temas que permeiam a felicidade corporativa nas organizações”.


Escuta ativa, feedback e confiança foram assuntos debatidos no 5º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, uma iniciativa das Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, com apoio do Cecom – Centro de Estudos da Comunicação, realizado nos dias 4 e 5 de agosto.

Assista aos painéis do primeiro dia, clicando aqui.

Assista aos painéis do segundo dia, clicando aqui.


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