A jornalista Mirian Leitão foi escolhida como a nova imortal da Academia Brasileira de Letras. A votação é um processo secreto e interno entre os associados da ABL. Ela vai ocupar a cadeira número 7, que foi do cineasta Caca Diegues. falecido em fevereiro.
Ela concorria com outras 15 pessoas, entre elas o ex-senador e ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque, e também o jornalista, roteirista e escritor Tom Farias, colunista da Folha de São Paulo. A votação durou menos de meia hora e foi feita por urna eletrônica. Míriam foi a 12ª mulher eleita, a quinta em seu quadro atual de acadêmicos.
Além de comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo, Míriam é escritora e tem 16 livros publicados em diversos gêneros literários. Duas vezes vencedora do Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira, sua obra mais recente reúne textos escritos entre 2016 e 2021 e traça o cenário de impasse institucional vivido pelo Brasil. Preocupações ambientais também são tema de suas obras voltadas para o público infantil, como “A perigosa vida dos passarinhos pequenos” (2013), “O mistério do pau oco” (2018) e “As aventuras no tempo” (2019).
“É muita emoção você chegar na Academia Brasileira de Letras”, declarou a imortal. “A Academia Brasileira de Letras tem a missão de proteger a cultura brasileira, a língua portuguesa, a memória institucional. Tem uma memória institucional que vem de Machado de Assis”, continuou Míriam. “Eu, fazer parte neste momento tão rico de mudança, de diversidade… É um momento muito desafiador. E mais: eu me candidatei à vaga de Cacá Diegues, um gigante da cultura brasileira, que fez aqueles filmes maravilhosos, que enfrentou a ditadura com a arte, depois enfrentou patrulhas ideológicas. Ele sempre foi capaz de ter uma postura forte, e além disso fez uma arte brilhante. Antes dele, esteve Nelson Pereira dos Santos nessa cadeira 7. Essa cadeira 7 é premiada, é cheia de gente importante. Eu chego humilde. Hoje amanheci cantando: ‘Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho….’”.
Em 53 anos de vida profissional, trabalhou em vários veículos de imprensa, entre eles Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Desde 1991 está no grupo Globo, é colunista do jornal O Globo, comentarista do Bom Dia Brasil, Globonews, CBN e âncora do programa de entrevistas Míriam Leitão Globonews.
O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, disse que Míriam Leitão tem todas as qualificações para estar na ABL, é muito ativa nas suas ações e tem um espectro muito amplo de interesse. “É feminina e feminista. Estamos precisando aumentar nossa representação feminina e Miriam vem em boa hora. Estamos ampliando nossa atuação em vários campos e ela vai ser muito útil”.
Mirian Leitão foi escolhida diversas vezes como melhor jornalista econômica pelo Prêmio Especialistas, promovido pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataforma Negócios da Comunicação. Também foi entrevista de capa da revista Negócios da Comunicação em 2023, quando falou sobre sua trajetória no jornalismo, incluindo o período em que foi presa (grávida) e torturada pela ditadura militar, e sobre a importância de usar uma linguagem clara e acessível. Além disso, Mirian é considerada a jornalista mais premiada da história do Brasil, com mais de 30 prêmios. “O importante é ser sempre repórter”, declarou, ao receber um de seus inúmeros prêmios.