Exame se reinventa e amplia produtos e serviços complementares ao jornalismo

Revista foi comprada da Abril, no processo falimentar da editora, pela BTG Pactual, em 2019, e hoje tem novas fontes de receitas

A revista Exame passou por uma ampla reformulação há quase três anos, quando o título foi adquirido pela BTG Pactual e hoje vive um momento de grande crescimento de receita. A equipe editorial do presente momento é em boa parte formada por novos profissionais (são agora 140 pessoas na equipe, incluindo 45 jornalistas  — destes, 15 eram da época da Abril) e ocorreram investimentos em tecnologia, organização de eventos e cursos. As mudanças foram comentadas por Lucas Amorim, atual diretor de redação da revista, em entrevista exclusiva à Plataforma Negócios da Comunicação. A entrevista completa será publicada na próxima revista Negócios da Comunicação. 

Lucas Amorim, diretor de redação da Exame

Amorim é um profissional experiente, cria da casa, e oriundo do antigo curso Abril de Jornalismo. Ele ressalta a integração das equipes do site e revista Exame, que não se falavam antes da mudança de controladores. “Agora, publicamos primeiro no digital, os assuntos mais factuais, depois entra na revista de forma mais artesanal e contextualizado”, explica, informando que são publicadas, em média, 3 mil matérias por mês no site.

Outras mídias foram incorporadas, ampliando a conexão com o público. Podcast, por exemplo, não existia até 2020, agora tem um merecido destaque.  As newsletters, gratuitas, têm mais de 100 mil assinantes, e oito versões segmentadas.

A revista possui 45 mil assinantes, com tiragem auditada pelo IVC.  A pandemia provocou um grande impacto nas revistas de todas as editoras. A Exame mudou de quinzenal para mensal, sem perder a base de assinantes. O assinante pode optar por assinar apenas o site, o impresso, ou os dois, como fazem muitas outras editoras. O site contabiliza mais de 15 milhões de visitantes únicos, número impensável na época do exclusivamente impresso.

Jornalismo, eventos e cursos

Outra estratégia bem-sucedida foi casar o site e a revista com os eventos de negócios que a empresa organiza. São diversas temáticas, como ESG, Melhores Cidades para se fazer Negócios,  Exame Super-Agro, Melhores e Maiores, entre outros. Os eventos são bancados por anunciantes com entrada franca. São híbridos, alguns tem cobertura quase online, com flashs nas mídias sociais e entrevistas e depoimentos especiais gravados em vídeo e publicados posteriormente no site.

Exame não é mais apenas uma revista? perguntamos. “Nao é só revista”, dispara Amorim. Agora atua também  em eventos e cursos, incluído MBA e até no Tik Tok (é um dos maiores veículos na plataforma, com 260 mil seguidores, perdendo apenas para o Estadão), além de presença no LinkedIn (2,7 milhões de seguidores) e no Youtube (300 mil seguidores.) “Somos uma mídia tech, produtora de conteúdo”, define o diretor de redação. Aliás, cursos é uma área muito rentável, a que mais cresce entre todas as atividades da Exame. É a Exame Academy, cujo carro chefe é o MBA em parceria com o Ibmec, e opções de cursos que chegam a R$ 18 mil por mês.

Mas a revista, que completou 55 anos, tem um papel importante, ela “amarra tudo”, na fala de Amorim. Os anúncios na edição impressa continuam, porque as empresas, os executivos, ainda sentem o prestígio de aparecer em reportagens e, principalmente, na capa da revista.  Portanto, a publicidade tradicional ainda é um significativo recurso financeiro. “A publicidade mais que triplicou”, comemora Amorim, ao comparar com a época da Abril. Isso inclui a produção de branded content. Na edição do aniversário,  agora em agosto, estavam presentes 30 anunciantes.

Existem ainda filhotes da revista, como edições especiais, com periodicidade mais ampla, como CEO Liderança Diversa; Casual, que fala de estilo de vida (luxuoso — aliás, marcas de luxos são grandes anunciantes das revistas e patrocinadoras de eventos); entre outros títulos. Além disso, existem seções também segmentadas, no site e na revista, como Pequenas Empresas.

“Não existe mais espaço para gestão amadora em negócios de nenhum segmento. A frase poderia estar na boca de um executivo ou empresário de qualquer segmento, mas é do ex-jogador Ronaldo, uma das 55 personalidades convidadas pela EXAME para expor sua visão sobre o futuro em nosso especial de aniversário”,   escreve Lucas Amorim, em seu espaço no site.

Ajudar o empreendedorismo ainda é o propósito

A respeito da independência editorial, Amorim ressalta que a Exame é controlada pea Holding da BTG, que também controla a BTG Pactual. A BTG colabora em algumas frentes, como na Exame Invest Pro, um portal de investimentos com informações em tempo real, que é produzida por especialistas do banco e jornalistas. “Exame continua independente”, faz questão de frisar.

A Exame nasceu com o propósito de ajudar o empreendedor brasileiro. Essa premissa continua. E os jornalistas da redação atuam como intraempreendedores, com núcleos semelhantes a “pequenas startups”, cita Amorim. O pessoal de agronegócios, por exemplo, pensa em matérias, eventos, e articulações com outros canais da empresa, sempre propondo coisas novas, incluindo negócios. Eventos, cursos, notícias, e outras iniciativas são pontos de contatos com o público-alvo da Exame.

Falando do futuro, Amorim, diz que a empresa é otimista. Toda a base de publicações cresce, inclusive o meio impresso, que está estável agora. A revista impressa, visualiza, vai ser um negócio para poucos, não terá centenas de milhares de assinantes, mas algumas dezenas de milhares, como agora, e um público sofisticado. “Revista não é mais um produto de massa”, diferencia o diretor.

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