Com a pandemia do coronavírus, o jornalismo brasileiro retomou a força que havia perdido após as eleições de 2018 e o fenômeno das redes sociais, que por muito tempo foram a principal fonte de confiança de boa parte da população. Porém, a necessidade de encontrar dados concretos, informações claras e concisas fez com que o jornalismo voltasse a ganhar fôlego e retomassem a credibilidade diante do leitor.
Dados divulgados pelo Datafolha, ainda no pico da quarentena, ao final de março, indicaram que os jornalísticos da televisão (61%) e impressos (56%) são as fontes com maior índice de confiança sobre as informações acerca da Covid-19. No impulso coletivo, a Associação Nacional de Jornais promoveu a campanha #imprensacontraovírus que foi disseminada pelos principais veículos do país, mostrando a tomada de responsabilidade da imprensa no papel de levar aos cidadãos informações seguras e bem apuradas.
Além disso, recentemente, após o governo mostrar falhas e até mesmo ocultar dados sobre o número de mortes e casos de coronavírus no país, os veículos Estadão, Folha, UOL, G1, O Globo e Extra se uniram para divulgar os números oficiais diariamente, mantendo o país informado com jornalismo profissional.
Juventude informada
Um dos dados divulgados na quarentena também apontou que os jovens estão mais interessados no jornalismo profissional. A TV Globo apurou que, entre 16 de março e 30 de junho, a programação jornalística foi vista por 8,9 milhões de brasileiros, entre 15 e 29 anos, semanalmente, 450 mil a mais que os quatro meses anteriores ao início da pandemia.
O Jornal Nacional registrou média diária de audiência de 6,9 milhões de jovens, um aumento de 1,5 milhão em relação ao mesmo período do ano passado.
Como foco nos jovens também estreou, no último dia 1º de setembro, o Canal Reload, o projeto vencedor do Google News Innovation Challenge 2019. São dez startups de jornalismo que agora comandam o canal voltado para o público jovem: Agência Lupa, Agência Pública, Amazônia Real, Congresso em Foco, Énois, Marco Zero Conteúdo, ((o)) Eco, Ponte Jornalismo, Projeto #Colabora e Repórter Brasil.
Para formular o Reload, a Énois conduziu uma pesquisa com 287 jovens com idades entre 18 e 28 anos sobre seus hábitos de consumo de informações jornalísticas. As redes sociais foram apontadas como a principal fonte de notícias por 91% desses jovens. 70% deles indicaram o Instagram como principal plataforma para se manterem informados. A partir dessas e de outras informações descobertas na pesquisa, foi pensada a linguagem do Reload, que conta com diferentes tipos de conteúdo – de Instagram Stories contando bastidores de reportagens a vídeos que transformam reportagens em músicas.
Expandindo a operação
Apesar de ainda estarmos vivendo a pandemia e uma quarentena sem previsão de retomada total – mesmo com boa parte da população descumprindo as regras de isolamento social – a alta do jornalismo segue firme, dessa vez com investimento concreto na disseminação dos veículos. O SBT, por exemplo, lançou nesta semana (dia 4) o SBT News, um canal de notícias exclusivamente online. Especializado em política e economia, o canal digital de informação jornalística irá operar de Brasília e promete competir com R7 e G1.
Depois da chegada no Brasil com contratações de peso, a CNN, que completou seis meses de operação no Brasil, anunciou uma parceria com a Rádio Transamérica para a criação de conteúdo de notícias diárias.
Com lançamento previsto para outubro deste ano, a programação de jornalismo será transmitida, diariamente, em duas faixas horárias: de segunda a sexta-feira: das 6h às 12h, considerado o horário nobre do radiojornalismo, e das 18h30 às 19h30. Além disso, ao longo da programação, a CNN também produzirá entradas ao vivo de plantões de notícias.
“É mais um passo da nossa estratégia em consolidar uma marca multiplataforma. Nascemos e crescemos na TV e no digital e agora chegamos ao rádio. E estamos atentos a novas oportunidades no mercado”, diz o CEO e sócio-fundador da CNN Brasil, Douglas Tavolaro.
Autonomia
A CNN Brasil será a responsável por produzir todo o conteúdo, com autonomia editorial, afirma o comunicado da rede. Isso não afetará o restante da programação da Transamérica, que tem o foco no público jovem na faixa musical e faz sucesso com o jornalismo esportivo e a transmissão de partidas.
Os modelos apresentados pela CNN na rádio serão de diferentes vertentes, como conteúdo inédito e exclusivo, transmissões ao vivo, integradas com a TV e o digital, e a exibição de programas da grade da televisão, como entrevistas, análises e debates – e todos os jornalistas e apresentadores da casa farão parte do projeto.
“É com muita satisfação que agregamos o conteúdo jornalístico da CNN Brasil à nossa grade de programação, que agora se fortalece de maneira extremamente potente em notícias da maior qualidade e credibilidade. Estamos certos de que essa parceria será bem recebida por nossa audiência”, afirma Fábio Faria, diretor executivo da Rede Transamérica.
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