Burnout: o novo normal?

Fernanda Garcia, do grupo de comunicação ABC; Sergio Amad, da Fiter; e Rosangela Frateschi, do Einstein, abordam o problema que afeta 8 em cada 10 trabalhadores

Quais os caminhos para os gestores acolherem e lidarem com o novo cenário da saúde mental da equipe? O 2° Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelas plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, no início de junho, reuniu especialistas para desvendá-los. A frequência e a normalização dos casos de burnout, em paralelo à definição da síndrome como um problema de saúde ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS), deram a tônica das apresentações.

Painel sobre o tema contou com a mediação de Sergio Amad, Co-Founder and CEO da Fiter, que disponibiliza soluções para monitorar e promover a felicidade da equipe. Também envolveu o case do Grupo ABC de Comunicação, com a presença de Fernanda Garcia, Diretora de Cultura & Pessoas da empresa. Já Rosangela Frateschi, Diretora da Escola Técnica e Coordenadora do curso de Pós graduação em Docência na área da saúde do Einstein, abordou formas de lidar com ambiente educacional.

Rosangela Frateschi, diretora da Escola Técnica do Einstein; Sérgio Amad, co-founder and CEO Fiter; e Fernanda Garcia, diretora de Cultura & Pessoas, Grupo ABC Comunicação

Caracterizada sob um conjunto de sintomas de ordem física e psíquica influenciados pela capacidade individual de administrar o estresse, predisposições a outros transtornos psicológicos e pela pressão externa, a síndrome surge como tal no contexto da revolução industrial, associada à cobrança por produtividade, metas, lideranças tóxicas, como lembra Sérgio Amad. Isso até a nova categorização pela OMS nos dias de hoje, em cenário pandêmico, em que jornadas de trabalho foram alongadas à exaustão, e redes tradicionais de apoio psicossocial foram fragilizadas devido ao isolamento compulsório das pessoas.

O executivo, porém, também projeta o cenário ideal para mitigar o burnout, ressaltando que, embora se trate de uma condição que somente médicos podem atestar, é algo que pode ser prevenido e tratado de maneira multi e interdisciplinar. “Imagine você poder monitorar sua felicidade do ponto de vista estatístico, com uma espécie de robô. Do outro lado ter também um RH e uma escola acolhedores”, prevê o executivo, citando ciência de dados e modelos empáticos de gestão de pessoas e educação como soluções para o problema. Isso além de mencionar a singularidade cultural de cada empresa/instituição, que reflete habilidade particular de desenvolver métodos sob medida contra a síndrome, convidando as demais participantes a relatarem suas experiências.

Autoconhecimento e sensibilização

Fernanda Garcia conta sua passagem pessoal com o Burnout, que a levou a especializar-se no tema e ao desenvolvimento de metodologia própria, participando de diversos projetos com psicologia positiva, de gerenciamento de estresse, promoção de bem-estar e treinamento de lideranças no ambiente organizacional. Trabalhou anos aplicando consultorias, sempre com viés anti-burnout.

“É diferente o trabalho de consultora do realizado na empresa, vivendo o dia a dia da companhia”, entende Fernanda. Para ela, a experiência dentro da organização, aplicando e, ao mesmo tempo, vivenciando a solução, é uma experiência muito rica. No Grupo ABC de Comunicação, onde teve a oportunidade de trabalhar dessa forma, o foco dos treinamentos
anti-burnout concentrou-se nas lideranças.

Foi um esforço de conscientização e sensibilização em saúde mental, de tornar essas lideranças mais positivas e de muito autoconhecimento, revela a executiva. Líderes aprenderam a identificar sinais de alerta em si e na equipe, a dar o devido endereçamento da questão e o resultado foi atravessar a pandemia sem avanço dos casos de burnout. “A gente só consegue ajudar o outro quando se conhece”, ressalta Fernanda.

Classes mais expostas

Rosângela Frateschi, por sua vez, detalha o trabalho realizado junto à Escola Técnica do Einstein, considerando o seu principal público, os profissionais de saúde e os docentes, um dos mais propensos ao esgotamento e a problemas psicológicos diversos.

Nesse ambiente preparatório para o mercado de trabalho em saúde, “a gente entendeu que era necessário mudar o processo seletivo dos estudantes”, lembra a docente. A partir de 2018, a instituição, com base nos protocolos de atendimento do Einsten, passou a selecionar estudantes também por competências, mapeando a possibilidade de desenvolver, entre os futuros alunos, perfis comportamentais aptos a lidar com as pressões e questões pertinentes ao setor (flexíveis, empáticos, colaborativos e orientados para resultados).

Rodas de conversa aplicadas para criação de vínculo e atitude empática foram chaves tanto no início desse projeto quanto durante o surto de COVID-19, em que a relação professor/aluno foi fragilizada pelo ambiente virtual. Elas seguiram acontecendo, mesmo em versão on-line, com o desafio de os participantes abrirem suas câmeras durante o uso dos aplicativos para conferência. “Quando a gente conversa fica mais fácil perceber o outro”, entende Rosangela.

Amad, finalizando o bate-papo, lembra da importância de respeitar a habilidade de cada um em lidar com o estresse, orientando sobre a necessidade de oferecer diferentes formas de gerenciamento, adequadas a cada indivíduo. Isso além de mencionar a dimensão do problema com o qual lidam as organizações: um cenário no qual 8 entre 10 trabalhadores brasileiros ativos declaram suscetibilidade ao burnout. “Estamos falando de 30 milhões de pessoas”, quantifica.

(Texto e reportagem: Jussara Goyano/ Fonte: Portal Melhor RH)


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