O consenso é unânime: 2016 foi um ano de grandes desafios para a economia brasileira. Mas, apesar da adversidade, as agências lançaram mão da criatividade e mesmo de sua tradição no setor para alcançar resultados. Consolidada no mercado, a FSB Comunicação, por exemplo, foi uma das que tem mantido um nível constante de crescimento no transcorrer dos anos, a que credita ao seu planejamento e qualidade de entrega ao cliente. “Não foi diferente no ano passado, que apesar de ser difícil nos permitiu crescer o faturamento acima de dois dígitos em relação a 2015”, conta Flávio Castro, sócio-diretor da agência.
Outras empresas do mercado também apostam nessa solidez para manter o ritmo. Marcio Cavalieri, CEO da RMA Comunicação, agência que cresceu 20% em 2016, ressalta que o ano foi de consolidação e fortalecimento dos quatros pilares mais importantes para o crescimento de uma agência e entrega a receita do êxito: “Investimos em RH, com um forte programa de capacitação e incentivo, e mantivemos nossos talentos. O segundo pilar foi nossa forma de entrega e atendimento, na qual integramos nossos núcleos de atendimento, criação e digital. O terceiro, a visão consultiva, com um olhar cada vez mais de problem solver para nossos clientes. E o quarto, investimentos em tecnologia para aprimorar nossos processos e operação”.
Com grandes expoentes na indústria da saúde, como Novartis, Alcon, Sandoz, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Omint, PróGenéricos, entre outros, a Conteúdo Comunicação, que teve um faturamento 12% maior do que o de 2015, “tornou-se referência de atendimento no segmento”, aponta Claudio Sá, sócio-diretor. A agência também abriu novas frentes de negócios nos clientes, ampliando a oferta de produtos especialmente na área digital, com sites, hotsites, kits digitais, gestão de plataformas de social media.
Trabalhos com influenciadores, criação de startups, novos produtos e tecnologias foram algumas das estratégias usadas
Elisa Prado, diretora-executiva da TV1RP, aponta que os projetos inovadores também são responsáveis pelo retorno que a agência tem desenvolvido na perspectiva de crescimento. “Acreditamos que as ações diferenciadas que temos realizado geram ótimos resultados para os clientes em engajamento de públicos e retorno de visibilidade”, explica. Assim, a agência cresceu dentro do que havia planejado, com um faturamento de quase R$ 7,5 milhões.
Buscar novas soluções para melhorar a qualidade das entregas é fator decisivo para manter ou ganhar novos clientes em qualquer momento. “Inovamos no relacionamento com os clientes lançando a abordagem de Content Performance, que se propõe a desenvolver conteúdos de qualidade, baseados em análise de dados e criatividade, e a distribuir esses conteúdos dentro de um plano integrado de mídia espontânea, paga e própria, com o objetivo de potencializar a mídia compartilhada, que hoje se tornou um grande KPI”, endossa Francisco Carvalho, CEO da Burson-Masteller Brasil.
Diferencial
A Ketchum, além de ganhar clientes importantes no segmento, como Google e YouTube, apostou em uma ação diferenciada. “Lançamos uma agência nova no mercado, a Little George, uma iniciativa diferente, muito focada em digital e campanhas multiplataforma”, conta Rosana Monteiro, diretora de operações.
A Ogilvy é outra que apostou na criação de um novo produto. “Inauguramos o Hub Criativo, onde um diretor de planejamento e um diretor de criação cuidam do planejamento criativo e projetos especiais para prospects e clientes”, conta Renata Saraiva, diretora geral da agência.
Já a Imagem Corporativa foi um pouco na contramão das agências que precisaram segurar investimentos. “Investimos pesado em um estúdio profissional, facilitando mais ainda a produção de vídeos, podcasts e outros produtos. Esse foi o grande destaque da agência, que permitiu a entrega de soluções digitais, que é a grande demanda do momento”, relata o presidente Ciro Dias dos Reis.
Para Ricardo Cesar, co-CEO da Ideal H+K Strategies, o aumento da demanda de serviços com influenciadores digitais foi essencial para manter a agência em destaque no ano passado. O Grupo Ideal, do qual também fazem parte outras empresas, faturou mais de R$ 60 milhões em 2016. A grande maioria desse montante está na Ideal H+K Strategies. “Além disso, um fator importante foram os Jogos Olímpicos. Fomos a única agência do Comitê Olímpico Internacional e umas das agências, entre cinco no total, da Rio 2016. Crescemos muito em comunicação interna também, incluindo a conta da Coca Cola do Brasil”, conta Ricardo.
A Textual Comunicação, que cresceu 4%, também colheu frutos importantes com a Rio 2016. “Soubemos aproveitar a nossa atuação na comunicação dos Jogos Olímpicos para conquistarmos, inclusive, clientes internacionais. Além disso, realizamos novas etapas da digitalização do nosso negócio e implementamos novos produtos”, conta Adryana Almeida, vice-presidente da agência.
PLANIN também engrossa o time, tendo realizado um grande projeto de gestão de crise para a Embratel na Rio 2016, além do plano de divulgação para o governo do Japão, que vai sediar as próximas Olimpíadas. “Também atuamos em vários jobs internacionais para clientes das agências do Worldcom [maior rede independente de agências de PR e de comunicação empresarial do mundo] e fortalecemos nossa cultura corporativa”, conta a CEO, Angélica Consiglio.
Ser uma agência multiprodutos foi o que ajudou a Virta Comunicação Corporativa enfrentar 2016 com força. “Em assessoria de imprensa, destaque para as novas localidades onde a Campus Party esteve presente. Na área de Relatório de Exposições em Mídia, o crescimento foi expressivo, da ordem de 10%. A nossa área de conteúdo também passou a produzir newsletters com layouts responsivos. Também fomos responsáveis pela produção de séries de branded content para o YouTube, na área de social media, assim como ações de PR com blogueiros”, explica Lucila Lopes, sócia-diretora da agência.
Alexandre Falcão, diretor da Insight Comunicação, endossa a importância da diversificação, que não só fidelizou clientes decididos a rescindir contrato, mas também atraiu novos — possibilitando que a agência crescesse 2,5% no seu faturamento, e fechasse o ano em mais de R$ 19 milhões. “Lançamos a revista Nós, de responsabilidade social corporativa, e produtos analíticos e de estudos setoriais, além dos investimentos em meios de comunicação digitais próprios e de serviços de monitoramento de imagem nas mídias on-line”, conta.
A Approach também aproveitou para apresentar novidades. “Lançamos uma startup com foco em comunicação por causas, a Agência Juntos e, ainda, a Ponte Filmes com um forte drive de branding e construção de marcas por meio do audiovisual”, conta Beth Garcia, diretora geral da agência.
A JeffreyGroup também conseguiu se manter na rota do crescimento via diversificação de serviços, passando a oferecer mais aos clientes. “Tivemos, por exemplo, a estruturação da área regional de Public Affairs, bem como a área de Insights & Analysis, com a chegada de uma gama de profissionais de diferentes matizes e experiências”, explica Rodrigo Pinotti, managing director da agência.